Estatísticas confirmam que a maioria das vítimas do novo coronavírus são idosos

Covid-19: Saiba quais são os grupos de risco, a evolução de óbitos no Amazonas e o que está causando divergências entre os números oficiais divulgados diariamente, durante esse período de pandemia, no Brasil e no mundo

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Sobe para 2 mil pacientes recuperados da Covid-19 no Amazonas – Foto: Arquivo FVS-AM

A evolução dos óbitos no Estado do Amazonas continua oscilando, ora diminui, ora aumenta a cada boletim oficial divulgado diariamente pelos órgãos competentes. Contudo, notamos que duas informações vêm se mantendo dentro das estatísticas, trata-se do número de mortes por faixa etária e por gênero com maior incidência entre os idosos do sexo masculino.

De acordo com a Central de Informações do Registro Civil (CRC Nacional), desde o início de janeiro até ontem (4 de maio de 2020), foram registrados 385 óbitos com suspeita ou confirmação de Covid-19, sendo 271 homens e 114 mulheres, no Amazonas.  Segundo dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) o número de óbitos subiu para 585 (população masculina 402 e 183 população feminina), o que representa 8% de letalidade dos 7.313 casos confirmados.

Essa divergência de 200 óbitos entre os totais apresentados pelos órgãos oficiais, justifica-se pelo momento da pandemia quando foi preciso criar uma lei para ampliar o prazo de emissão de Certidão de Óbito e assim evitar aglomerações nos Cartórios de Registro Civil. Outra preocupação está na causa da morte, que nem sempre há tempo hábil e testes suficientes para identificar ou descartar o óbito pela Covid-19. 

Sobre a evolução das mortes pela Covid-19 no Estado do Amazonas, o presidente da Associação dos Notários e Registradores do Estado do Amazonas (Anoreg-AM), José Marcelo de Castro Lima Filho, informa que os cartórios registram o óbito com base na declaração fornecida pelas unidades de saúde, entretanto, podem ocorrer divergências.

“Essas declarações podem vir ou não, com a causa mortis COVID-19 ou SUSPEITA DE COVID-19. Mas temos visto muitas mortes cuja causa não está assim especificada, por ausência de testagem ou ausência de resultado do teste. Muitos dos óbitos tem sido registrados com a causa declarada de Doenças Respiratórias, Síndromes Respiratórias e outros males do gênero. Por isso, a estatística do Registro Civil pode divergir dos dados das autoridades sanitárias”, alerta.

Segundo Marcelo Lima, em razão da pandemia, a Lei de Registros Públicos excepcionalmente autoriza que o registro seja feito em até 15 dias do óbito, o que pode vir a confundir a população durante os sepultamentos com o volume de corpos, aparentemente, acima do divulgado e das estatísticas.

“E para evitar aglomerações, temos orientado os familiares a usar deste prazo. E assim os enterros podem ser feitos sem a Certidão de Óbito e apenas com a declaração fornecida pela unidade de saúde. Por isso, também poderá haver divergência entre estatísticas. Por fim, há uma portaria conjunta (n.001) do CNJ e Ministério da Saúde. Segundo esta norma, as unidades de saúde poderão mandar por e-mail à Corregedoria-Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), os documentos que serão distribuídos para os cartórios, que em até 60 dias emitirão a certidão”, esclarece.

O dado oficial está no link https://transparencia.registrocivil.org.br/especial-covid. No entanto, ainda existe a preocupação com a subnotificação de pessoas que estavam cumprindo, a risca, o isolamento social e que morreram em suas residências e que não houve tempo para testar a Covid-19. “E por fim, há mortes em casa e subnotificadas”, conclui o presidente da Anoreg-AM.

A juíza de direito titular da Vara de Registros Públicos e Usucapião da Comarca de Manaus, Mirza Telma de Oliveira Cunha, ampliou os plantões para atendimento do aumento da demanda para emissão da Certidão de Óbito e também para evitar aglomerações. Sobre a questão de divergência na causa mortes para quem contraiu óbito em casa, a juíza explica que a maioria dos casos está sendo registrado como síndrome respiratória.

“Realmente, o número de atestados de óbitos foi muito grande, bastante elevado nesses últimos dias. Mas, temos que ressaltar que esses números [dos cartórios] são de todos os atestados de óbitos, não é só de Covid. No caso de quem morre em casa não dá para dizer que é Covid se não foi feito o exame para a confirmação. Eu aproveitar a oportunidade para pedir para a população em geral, que em necessitando ir com urgência ao Cartório para fazer o registro de óbito, que um só familiar fosse, para evitar aglomeração, para evitar o contágio tanto ara quem vai quanto para quem está trabalhando. E se não houver tanta urgência, aguardem e que vá só uma pessoa no meio da semana”, frisou a juíza Mirza Telma.  

O gráfico apresenta os registros de óbitos com suspeita ou confirmação de COVID-19 por sexo e faixa etária desde o início de 2020. Última atualização 04/05/2020 12:00h.

Óbitos com suspeita ou confirmação de Covid-19
Faixa EtáriaSexo MSexo FTotal
10 – 19112
20 – 29123
30 – 3910515
40 – 4931738
50 – 59501060
60 – 698036116
70 – 79652893
80 – 89261844
90 – 997613
> 100011
271114385
Fonte: Central de Informações do Registro Civil – CRC Nacional

Linha do tempo

Em 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada sobre vários casos de pneumonia na cidade de Wuhan, província de Hubei, na República Popular da China. Tratava-se de um novo tipo de coronavírus que não havia sido identificado antes em seres humanos.

Uma semana depois, em 7 de janeiro de 2020, as autoridades chinesas confirmaram que haviam identificado um novo tipo de coronavírus. Esses vírus estão por toda parte do planeta. Eles são a segunda principal causa de resfriado comum (após rinovírus) e, até as últimas décadas, raramente causavam doenças mais graves em humanos do que o resfriado comum.

Em 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou que o surto da doença causada pelo novo coronavírus (COVID-19) constitui uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional – o mais alto nível de alerta da Organização, conforme previsto no Regulamento Sanitário Internacional.

Em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi declarada como pandemia pela OMS. Há sete coronavírus humanos (HCoVs) conhecidos, entre eles o SARS-COV que causa síndrome respiratória aguda grave, o MERS-COV com síndrome respiratória do Oriente Médio e o SARS-CoV-2 o vírus que causa a doença COVID-19.

Até a tarde do dia 3 de maio de 2020, foram confirmados 3.349.786 casos de COVID-19 no mundo, sendo 82.763 novos casos em relação ao dia anterior e 238.628 mortes, das quais 8.657 novos óbitos em relação ao dia anterior. O Brasil é um dos países com transmissão comunitária da COVID-19 e confirmou 101.147 casos e 7.025 mortes pela doença.

Nesta segunda-feira, 4 de maio de 2020, o Amazonas registrou mais 630 casos de Covid-19, totalizando 7.313 casos confirmados do novo coronavírus no Estado, segundo boletim epidemiológico divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM). Foram confirmados mais 37 óbitos causados pela doença, elevando para 585 o total de mortes, 8% de letalidade.

O boletim aponta que 4.398 pessoas com diagnóstico de Covid-19 estão em isolamento social ou domiciliar. De ontem para hoje (domingo para segunda-feira), mais 99 pessoas se recuperaram da doença e estão fora do período de transmissão do vírus, totalizando, agora, 2.000 recuperados no Amazonas.

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