Uma pecuária baseada em princípios sustentáveis e possível de ser realizada no Estado do Amazonas. Essa foi a mensagem central que marcou o primeiro dia do “Webinário Práticas Sustentáveis na Pecuária e o Desenvolvimento do Amazonas”. O evento, que é uma iniciativa da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), iniciou ontem (09/11) em formato híbrido (virtual e presencial).
A parte presencial do evento foi realizada na sede da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), localizada no Centro de Manaus, e contou com representantes de órgãos estaduais, municipais e federais, além de representantes de instituições e entidades parceiras.
O webinário continua nesta quarta-feira (10/11), das 9h às 16h, via canal da Sedecti no YouTube (Sedecti Amazonas). Para acompanhar o evento on-line, basta acessar: https://youtu.be/MDyscWGu2eI.
Primeiro dia
Os debates iniciais, realizados na última terça-feira (09), resultaram em possíveis propostas para um plano de governo e os destaques giraram em torno de temas como: investimento em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), pesquisa, biotecnologia, soluções inovadoras, incentivos com linha de crédito para o produtor e mais integração entre governos.
O secretário executivo de Desenvolvimento Econômico da Sedecti, Renato Freitas, ressaltou que o objetivo principal no primeiro dia do webinário foi aprofundar as questões relacionadas à sustentabilidade na atividade da pecuária.
“As questões foram bem explanadas pelos expositores e chegamos a algumas conclusões importantes para seguir com um plano de Estado, em que possamos integrar as instituições, tanto ambientais, fiscais, quanto também os próprios atores do setor privado, que trabalham com a atividade da pecuária no Amazonas”, avaliou o secretário.
Para Renato Freitas, a pecuária pode ter um ganho muito grande a partir da aplicação de (CT&I) em pastos, com biotecnologia suficiente para que se tornem com neutralidade climática, evitando as emissões de gases de efeito estufa, como o metano produzido pelos bovídeos. Também foram discutidos, nos painéis, temas relacionados às leis ambientais, entre outros.
“Interessante também ressaltar que foram discutidos alguns gargalos relacionados a crédito fiscal, licença ambiental, regularização fundiária e ambiental, o que nos proporcionou uma visão geral dos desafios que temos pela frente. Mas, todos os participantes foram conscientes em dizer que é possível sim, a prática sustentável na pecuária aqui no Amazonas e com grande potencial. Agora vamos para o segundo dia de webinário”, frisou Renato.
COP-26 – O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea), Muni Lourenço, fez uma participação no webinário, ao vivo, diretamente da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-26), que acontece em Glasgow, na Escócia, até o dia 12.
Muni fez um resumo sobre os principais assuntos que estão sendo tratados na COP-26 e relacionou às questões da pecuária no Amazonas.
“A pecuária do Amazonas já é sustentável, nós não vamos começar do zero. Quem atende uma legislação de 80% de reserva legal, já é sustentável por si só. Isso não é um desafio pequeno, requer viabilidade e competitividade, utilizando somente até 20% do imóvel rural para a pecuária, como qualquer outra atividade primária”, frisou o presidente da Faea.
Para Muni, o Estado do Amazonas já conhece o caminho da questão da sustentabilidade já que o Brasil é exemplo para o mundo em termos de tecnologia de pecuária sustentável. Ele citou, inclusive, que o assunto foi apresentado na COP-26 por ele. Segundo Muni, atualmente existem no Brasil mais de 2,5 milhões de pecuaristas e no Amazonas em torno de 20 mil pecuaristas.
Soluções existentes – Outros painelistas também citaram alternativas para prática sustentável da pecuária em soluções já existentes no Brasil, como foi o caso da representante da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento, Centro e Comércio Informal (Semacc), que citou a opção do plano de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que é referência mundial em termos de tecnologias de redução de emissões de gases de efeito estufa.
“Existem muitos recursos sustentáveis atualmente e se recuperar as áreas pastagens, não precisa derrubar mais árvores. Basta cuidar do que está degradado”, apontou Meyb Seixas.
Para o superintendente Federal de Agricultura no Amazonas (SFA/AM), Guilherme de Melo Pessoa, é possível reduzir os gases de efeito estufa se intensificar a atividade da pecuária.
“Basta investir em boa genética do animal, investir no bom uso da pastagem bem manejada, em práticas de redução de gases com uso de produtos que melhorem a fermentação ruminal, porque já existem produtos nesse sentido. Existem recursos nesse sentido, o problema são os entraves”, revelou Guilherme Pessoa.
O representante do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Arivan Ribeiro Reis, destacou que é possível uma pecuária sustentável para o Estado.
“É possível sim ter uma pecuária sustentável, desde que haja a importância do manejo, precisa que o pecuarista tenha técnica e boas práticas, precisa ter tecnologia e recursos que auxiliem o produtor. E o Ipaam é um órgão parceiro que tenta encontrar soluções em conjunto”, disse ele.
Também participaram dos debates do primeiro dia do “Webinário Práticas Sustentáveis na Pecuária e o Desenvolvimento do Amazonas”, o assessor da Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), Sebastião Guerreiro, que foi moderador do evento pela parte da manhã; a secretária adjunta de Gestão Ambiental da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Fabrícia Arruda Moreira; o chefe do Departamento de Controle de Incentivos da Secretaria Executiva de Desenvolvimento Econômico (Sedec) da Sedecti, Anderson Grimm; e de modo virtual: o secretário adjunto de Política Agrícola Pecuária e Florestal (Seapaf), Airton Schneider; os representantes da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), Gustavo Petrossi e William Cunha; o representante da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Igor Bahia e o presidente do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon), Martinho Azevedo.
*Informações Assessoria de Comunicação Sedecti
Foto: Lane Azevedo/Sedecti