“Continuamos “míopes”. Ou seja, preferimos não realizar boas parcerias internas e continuar perdendo dinheiro”

\"\"O diretor da Technos da Amazônia e presidente do Conselho Superior do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Maurício Loureiro, defende uma reformulação na visão dos que administram o conjunto de incentivos fiscais a partir de uma visão mais estratégica, menos burocrática, mais dinâmica, oportunizando maior atração de investimentos aos investidores. O dirigente aponta como exemplo o Paraguai e o Uruguai, parceiros do Brasil no Mercado Comum do Sul (Mercosul), que por muitos anos foram desacreditados, hoje têm capacidade de oferecer vantagens competitivas melhores do que a Zona Franca de Manaus (ZFM). Nesta entrevista concedida à Revista PIM Amazônia, o empresário define o modelo ZFM como um sucesso, capaz de propiciar uma revolução cultural e socioambiental no Amazonas, nos 50 anos de existência. No momento que o mundo caminha para a indústria 4.0, o que aponta para uma nova ordem industrial como modelo de negócio, Loureiro disse que é preciso  repensar rapidamente em novas matrizes de negócios para agregar ao modelo ZFM. Confira na íntegra.

 

 

Revista PIM Amazônia – Qual o entendimento que o senhor tem hoje sobre o modelo ZFM, com cinco décadas de existência?

 

Maurício Loureiro – O projeto ZFM é bom, pois traz como mérito de recebimento dos incentivos a competência competitiva. Ou seja, o empresário investe, forma seu negócio, trabalha e se for competente na sua cadeia de negócio passa a ter direito aos benefícios dos incentivos fiscais aprovados em seus projetos, e que estão contidos na legislação que rege o modelo ZFM, seja no Amazonas ou mesmo na área da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Resumiria que é um modelo profissional, de sucesso e que poderia ser mais ousado do que foi até hoje.

 

Aponte avanços propiciados pela ZFM em sua área de atuação?

 

Na verdade, este projeto realizou uma revolução cultural e socioambiental. Provocou mudanças de modelo mental não apenas na sociedade, como também, nos gestores do modelo ao longo destes 50 anos. Muito embora, pudéssemos ter avançado mais, realizado mais. Perdemos a oportunidade de potencializar a ZFM para as demais regiões do Amazonas – projeto de interiorização. Realizamos – empresários – uma grandiosa obra educacional com a criação da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que é mantida até hoje pelas empresas. Reputo como uma grandiosa obra, pois é através da educação que podemos transformar e fortalecer a sociedade.

 

O que pode ser feito para implementar ainda mais a indústria incentivada pelo modelo, formado por mais de 500 empresas?

 

Reformular a visão dos que administram este conjunto de incentivos fiscais a partir de uma visão mais estratégica, menos burocrática, mais dinâmica, oportunizando maior atração de investimentos. Não podemos pensar que um Paraguai ou mesmo um Uruguai, que fazem parte do Mercosul tenha maior capacidade de oferecer vantagens competitivas melhores do que a ZFM. Por muitos anos não acreditamos nestes dois parceiros do Mercosul, hoje o Paraguai começa a ser visto como uma “Mini China” industrial e o Uruguai como uma Hong Kong do comércio no cone sul da América. Precisamos estar atentos a esses movimentos, pois estes podem desequilibrar a já combalida economia nacional.

 

Após um ano recheado de dificuldades para a indústria brasileira e consequentemente a da ZFM, onde estão fabricantes de produtos que abastecem o País, o que os empresários podem esperar em 2017?

 

Penso que as oportunidades estão nas dificuldades. Não podemos ficar chorando, que o ano “foi assim” e que o próximo poderá ser “assado”! Quem esperar que o ano por si só faça alguma coisa, não estará aqui para contar sua história. Precisamos modernizar nossos processos fabris, fazer mais com menos, precisamos entender que o mundo está mudando e que muito provavelmente teremos uma nova ordem comercial ou de negócios no mundo. Veja por exemplo, que o mundo caminha para o que hoje estão chamando de Indústria 4.0. Ou seja, teremos uma nova ordem industrial como modelo de negócio. As impressoras 3D são uma realidade no mundo. Tudo isso, nos obriga a repensar rapidamente nossas matrizes de negócios (como fazer), nossa ordem educacional (ensino fundamental, médio e superior) e nossos comportamentos como consumidores do futuro.

 

Especialistas da área econômica dizem que a retomada do crescimento do País depende da voltada confiança. Já está acontecendo neste início de ano e de que forma?

 

Não se faz crescimento econômico apenas com base em confiança. Penso que há pelo menos três pilares fundamentais: Instituições Saudáveis / Segurança Jurídica / Infraestrutura. Sem estes três pilares, pode até haver “confiança”, mas poderá não haver investimentos necessários ao crescimento do País ou das regiões.

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