O Amazonas, que sempre importou mão de obra qualificada, agora está “exportando”o conhecimento e a expertise do executivo amazonense José Jorge do Nascimento Júnior para São Paulo, aonde vai dirigir a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), que representa as 30 das maiores indústrias brasileiras, dez delas instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM). O administrador de comércio exterior assume a direção da entidade no dia 2 de maio substituindo o paulista Lourival Kiçula, que dirigiu a Eletros por 11 anos. Disposto a dar sua contribuição na política industrial da região e do País, José Jorge pretende criar um ambiente de negócios entre os associados visando o crescimento econômico do Brasil. Em 2017, o administrador participou do governo interino do Amazonas na condição de titular da Secretaria de Estado de Planejamento, Desenvolvimento e Tecnologia e Inovação (Seplancti), além de ter trabalhado por 14 anos na Superintendência de Desenvolvimento da Suframa como coordenador geral de Acompanhamento de Projetos Industriais. Leia a entrevista a seguir:
PIM Amazônia – O que significa para o senhor dirigir a Eletros?
José Jorge do Nascimento Junior – Significa a continuidade de uma carreira profissional ligada ao fortalecimento da indústria e da economia do País. Encaro essa escolha como uma pessoa que fez até hoje um trabalho de fortalecimento da economia da indústria regional e, agora, a gente está indo para uma missão maior, de dar a nossa colaboração pelo fortalecimento econômico da indústria nacional. Na verdade, é uma continuidade da carreira.
Qual o universo de empresas que a Eletros tem no PIM em relação ao Brasil.
É bom esclarecer que na [Zona Franca de Manaus] ZFM não estão todas as indústrias do País. Há uma imagem equivocada de que o [Polo Industrial de Manaus] PIM, formado por mais de 500 indústrias, congrega todas as indústrias que estão no Brasil. O PIM não representa nem 5% do total de empresas do país. Só que em relação a Eletros, das 30 empresas associadas, 12 estão instaladas no PIM. Aí é que está o detalhe: nós temos as mais significativas, ou seja, não temos quantidade, mas temos qualidade.
Quem empresas são essas?
Temos a maior fabricante de ar-condicionado, que é a MideaCarrier, a maior fabricante de ar-condicionado da América Latina. No PIM também estão as duas maiores indústrias de televisão, que são a LG e Samsung; temos um dos principais fabricantes de televisão do Japão, a Sony. Na linha branca temos a Electrolux e a Whirlpool, que fabrica as marcas Consul e Brastemp. Temos empresas de outros segmentos menores, como a Elgin, Elsys. Enfim, os associados da Eletros são empresas de maior representatividade em faturamento e na geração de emprego no PIM.
Quais as políticas que a Eletros tem em relação à ZFM?
Na verdade, não tem políticas direcionadas ao modelo. A Eletros é uma entidade de classe representativa das empresas. O que a gente entende como importância de estarmos aqui na ZFM é porque aqui temos incentivos fiscais que nos proporcionam um ambiente favorável para negócios; a gente entende que aqui é um local seguro. Temos a segurança jurídica garantida pela Constituição Federal e que nos dá uma segurança muito importante quando se fala em investimentos, que são longos prazos e a gente não precisa ter um retorno imediato.
Sendo amazonense, como lidar com empresários paulistas, já que costumeiramente se ouve dizer que São Paulo é o ‘inimigo’ número um da ZFM?
Como uma grande oportunidade, sabe por quê? Não é um amazonense que está indo para a Eletros, é um brasileiro do Amazonas que conhece as nossas particularidades, dificuldades, que sabe do nosso potencial, da nossa contribuição para a indústria nacional, porque sempre esteve presente em rodadas de negócio. Vou ter a oportunidade de sentar para discutir políticas industriais para o país. Lá vou ter oportunidade de poder ponderar e dizer: Olha, a política que está sendo implementada está maravilhosa, só que ela não se adequa a todo o País. Como representante de uma entidade que tem indústrias em todo o País, não posso concordarcom políticas que não atendam plenamente todo mundo.A Eletros tem associados na Bahia, em São Paulo, no Amazonas, e eu preciso que eles sejam atendidos. Então essa será a oportunidade que o Brasil vai ter de ter uma pessoa que conhece não só o centro industrial do Sudeste do País, mas que tem uma larga experiência no órgão que trata do desenvolvimento industrial, econômico e que tem uma indústria muito forte na Região Norte do País. Vou ter condições de ponderar para pedir que sejam feitas adequações, do contrário não vou poder alcançar esse centro industrial. Não vejo como algo que venha prejudicar, dificultar, mas como uma oportunidade de a gente poder dar essa nossa experiência na elaboração da política industrial brasileira.
Texto: Margarida Galvão
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