Eneva negocia entrada em campos offshore de gás natural em Sergipe

Companhia conclui a compra da Celse e será operadora de terminal de GNL no estado

A Eneva estuda comprar participações em grandes descobertas de gás natural offshore na Bacia de Sergipe-Alagoas.

A agência epbr apurou que o acordo ainda não está fechado, mas o interesse da Eneva é entrar nos ativos, sob operação da Petrobras, para elevar a parcela de gás nacional disponível no seu portfólio de comercialização e desenvolvimento de novos negócios

A empresa concluiu esta semana a compra da Celse, um negócio de R$ 6 bilhões, e passará a ser dona do terminal de regaseificação do Porto de Sergipe e da usina termelétrica associada.

A negociação envolve as participações da IBV Brasil. A companhia indiana detém 40% de Agulhinha e de Cavala. Na região, a Petrobras opera com 100% os campos de Agulhinha Oeste, Budião Sudeste, Budião Noroeste e Palombeta; e 75% de Budião, em sociedade com a ONGC.

Em fato relevante (.pdf) publicado na noite desta sexta (8/10), a Eneva confirmou que “está em fase de avaliação preliminar para a aquisição de participação na IBV Brasil Petróleo Limitada (“IBV”), ou de participação minoritária diretamente na concessão BM-SEAL-11”, contrato de concessão que engloba os campos delimitados pela Petrobras.

A operação envolve a recuperação judicial da VOVL Limited, em curso em Mumbai, na Índia.

A VOVL detém indiretamente 50% de participação na IBV e esta etapa do negócio também não está fechada, dependente de “de auditoria jurídica, financeira e técnica dos ativos, à negociação satisfatória de um contrato de compra e venda e o cumprimento de todas as condições precedentes”

Foi apresentada uma proposta não vinculante condicionada no processo de insolvência da VOVL.

“Fica ressaltado, assim, o caráter preliminar do processo, sendo certo que a companhia [Eneva] poderá realizar alterações em sua proposta ao longo dele e as negociações podem não seguir adiante em decorrência do não cumprimento de condições essenciais à conclusão da operação”, diz o comunicado.

Gás nacional no portfólio de novos negócios

Se o negócio for bem-sucedido, o terminal do Porto de Sergipe e os direitos sobre a produção doméstica de gás natural representam um adensamento das operações da Eneva em Sergipe e a criação de um hub de gás no estado.

Além de marcar a entrada da companhia na produção offshore.

Com projetos operacionais no AmazonasMaranhãoRoraima e, em breve, em Sergipe — além de prospectar negócios em outros estados, como o Rio de Janeiro — a Eneva mira também a distribuição de gás natural liquefeito (GNL), além de consumidores no mercado livre.

Procurada por meio da assessoria, a Eneva não respondeu imediatamente ao contato da redação.

Mapa dos campos offshore de gás natural operados pela Petrobras em águas profundas de Sergipe. Arte: Divulgação/Celse

Campos gigantes no offshore de Sergipe

A Petrobras é operadora dos campos, que têm início da operação prevista para a segunda metade desta década, com potencial para transformar Sergipe no maior estado produtor de gás natural fora do Sudeste.

A previsão é de instalação de duas plataformas, a partir de 2026, com capacidade para produzir 120 mil barris por dia de petróleo e processar 8 milhões de m³/dia de gás natural.

Ao contrário dos grandes campos de petróleo do pré-sal, em que a parcela de óleo é predominantemente, os campos de Sergipe tendem a ser grandes produtores de condensado (líquidos de gás natural), um fluido com aplicações petroquímicas e na produção de combustíveis derivados mais leves, como a gasolina.

O desenvolvimento dos campos demandará investimentos bilionários. A Petrobras tentou contratar este ano a primeira plataforma (FPSO) para os campos de águas profundas, mas desistiu em razão dos preços apresentados.

Nova licitação está prevista para este mês.

Fonte: EPBR

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