Por Tim Kelly / Reuters
O Japão disse nesta sexta-feira (23) que aumentará os gastos com defesa em mais de um quarto no ano que vem, incluindo US$ 1,6 bilhão para comprar mísseis de cruzeiro Tomahawk fabricados nos Estados Unidos, que farão parte de seu maior incremento militar desde a Segunda Guerra Mundial.
O aumento de 26,3%, para um recorde de 6,82 trilhões de ienes (US$ 51,7 bilhões) para o ano que começa em 1º de abril, permitirá ao Japão mais do que triplicar os gastos com munições que deseja para dissuadir os rivais regionais China e Coreia do Norte, num momento em que o ataque da Rússia à Ucrânia estimula tensões regionais.
O orçamento, que os parlamentares aprovarão antes de abril, aloca 897 bilhões de ienes para o desenvolvimento de armas, mais do que nos quatro anos anteriores juntos. O Japão usará quase metade disso para desenvolver novos mísseis de longo alcance que, juntamente com os Tomahawks, da Raytheon Technologies, lhe darão a capacidade de atingir alvos a mais de 1.000 quilômetros de distância, inclusive na China.
Tóquio planeja começar a implantar essas novas armas em cerca de três anos, disse uma autoridade do Ministério da Defesa em um briefing.
O Japão, que renunciou ao direito à guerra após sua derrota na Segunda Guerra Mundial, planeja dobrar os gastos com defesa para 2% do produto interno bruto em cinco anos. Isso o tornará o terceiro maior gastador militar do mundo, depois dos Estados Unidos e da China, com base nos níveis atuais.
Esse gasto sem precedentes reflete a preocupação do Japão de que a China possa atacar a vizinha Taiwan e, ao fazê-lo, ameaçar as ilhas japonesas e impor um potencial estrangulamento nas rotas marítimas por onde passa o petróleo que vem do Oriente Médio.