Por Lindsay Dunsmuir e Howard Schneider, da Reuters
Duas autoridades do Federal Reserve se juntaram nesta sexta-feira (17) a um coro de membros da instituição que sinalizou nesta semana que os juros precisarão subir para conter a inflação com sucesso, embora um tenha evitado inferir demais a partir de dados econômicos recentes e inesperadamente fortes dos Estados Unidos.
“Acho que há um longo caminho a percorrer antes de atingirmos nossa meta de inflação de 2% e acho que teremos que continuar a aumentar a taxa de juros até vermos muito mais progresso nisso”, disse a diretora do Fed Michelle Bowman durante uma aparição perante uma associação de banqueiros em Nashville, em Tennessee, referindo-se a uma taxa de inflação que ainda é mais do que o dobro da meta do Fed.
“Acho que não estamos vendo o que precisamos ver, especialmente com a inflação, esses números têm saltado um pouco”, disse Bowman. “Estávamos vendo algum progresso na redução da inflação no final do ano passado, mas alguns dos dados que estamos vendo no início deste ano não estão acompanhando a redução consistente da inflação da maneira que eu gostaria de ver.”
Ela apontou para um relatório de emprego surpreendentemente forte em janeiro, que mostrou a abertura de mais de meio milhão de vagas, e dados robustos de gastos do consumidor como evidência de que as ações do banco central ainda não tiveram impacto suficiente e também alertou que os riscos geopolíticos podem aumentar os custos de energia outra vez.
O Fed, em sua última reunião, elevou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para uma faixa entre 4,5% e 4,75%, após altas anteriores de 0,5 e 0,75 ponto percentual. A maior parte das autoridades do Fed em dezembro viu os juros atingirem um pico entre 5% e 5,25% este ano, uma projeção que será atualizada na próxima reunião do Fed de 21 a 22 de março.
Na quinta-feira (16), duas outras autoridades do Fed disseram que o banco central deveria ter aumentado os juros mais ainda no início deste mês, e alertaram que altas adicionais nos custos de empréstimos são essenciais para reduzir a inflação de volta aos níveis desejados, enquanto outras autoridades no início da semana mantiveram a porta firmemente aberta para uma taxa terminal acima de 5,1%.
Em uma aparição separada nesta sexta-feira, o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, também disse que o Fed precisará elevar os juros, embora tenha notado que prefere ficar com aumentos mais lentos de 0,25 ponto percentual e decidir sobre um ponto de parada mais alto ou mais baixo conforme o caminho da inflação fica mais claro.
“Retornar a inflação à meta exigirá mais aumentos de juros”, disse Barkin a repórteres após um evento em Rosslyn, em Virgínia. “Quantos desses, eu acho que teremos que ver … o que você vê é progresso, mas progresso lento, você não vê vitória.”
Desde o relatório do Departamento do Trabalho da semana passada, mostrando que a taxa de desemprego caiu em janeiro para o nível mais baixo desde 1969, e dados econômicos mais fortes do que o esperado durante toda esta semana, as apostas nos mercados financeiros se uniram em torno de um caminho “mais alto por mais tempo” para os custos de empréstimos dos EUA.
Futuros vinculados à taxa de juros do Fed mostram que os operadores agora esperam que o banco central aumente os juros em mais 75 pontos-base até o meio do ano, levando a taxa de referência para uma faixa de 5,25% a 5,5%. Há pouco mais de uma semana, os mercados financeiros não esperavam que a taxa de juros do Fed ultrapassasse 5%.