Zona Franca de Manaus terá primeira biorrefinaria do Brasil

A expectativa do grupo BBF é que a biorrefinaria receba mais de R$ 2 bilhões em investimentos na nova planta

Por Waldick Júnior

A Zona Franca de Manaus foi escolhida pelo grupo Brasil Bio Fuels (BBF) para receber a primeira biorrefinaria em escala industrial do Brasil. O empreendimento, previsto para o final de 2025, irá produzir os chamados Combustível Sustentável de Aviação (SAF) e o Diesel Verde (óleo vegetal hidrotratado – HVO). A matéria-prima utilizada será o óleo de palma produzido pela própria empresa em zoneamentos agroecológicos no interior de Roraima.

“Estamos realizando estudos para escolher o local exato, mas é certeza que será na Zona Franca de Manaus. Sabemos que será uma região portuária, tanto para o recebimento da matéria-prima como o despacho via fluvial, e também para ter os benefícios fiscais. Estaremos próximos das matérias-primas, dos grandes consumidores de diesel na região Norte”, disse o CEO do Grupo BBF, Milton Steagall, em entrevista exclusiva à revista PIM Amazônia.

A expectativa é que a biorrefinaria receba mais de R$ 2 bilhões em investimentos na nova planta. Segundo a empresa, a produção inicial dos biocombustíveis (HVO e SAF) poderá chegar até a 500 milhões de litros por ano.

Milton Steagall é CEO do Grupo BBF. Foto: Divulgação/BBF

“Estamos estimulando mais de 12 mil empregos em toda região, com investimentos muitos grandes no setor industrial e agrícola, na transformação socioeconômica da região. É gritante a diferença e o impacto que isso vai fazer na sociedade local”, ressaltou.

Em comunicado divulgado ainda em 2021, a BBF anunciou a construção da biorrefinaria em conjunto com a empresa Vibra Energia, que garantiu a aquisição de 100% da produção dos combustíveis.

“Todos os nossos produtos são comprados pela Vibra, que é a antiga BR Distribuidora. Então, a BBF produz o diesel verde e o combustível sustentável de aviação e quem faz a comercialização é a Vibra”, explica o CEO.

A construção da biorrefinaria vai ao encontro de uma preocupação mundial com a chamada ‘descarbonização’, ou seja, a emissão de menos gases nocivos à atmosfera, como é o caso da produção de combustível com petróleo.

Na semana passada, durante visita ao Complexo Renovável Neoenergia, na Paraíba, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o Brasil irá investir R$ 50 bilhões em transição energética. Um dos objetivos é construir mais parques de energia eólica e solar no Nordeste. Há também iniciativas no setor privado voltadas aos recursos renováveis.

Para Steagall, o Brasil está na direção correta. Ele ressalta que o novo governo “já fez uma alteração bastante significativa” para o setor de biodiesel, o qual a BFF integra.

No Brasil, é obrigatório misturar biodiesel no óleo diesel de petróleo. O percentual chegou a 13%, mas foi reduzido para 10% em 2021, durante o governo Jair Bolsonaro. Agora, o índice volta a 12% a partir de abril.

“Era para estarmos em 14% a 15% no ano que vem, de mistura de biodiesel no diesel, mas fechamos 2022 com 10%, ou seja, tudo o que investimos em capacidade, não tivemos uso. No final, tivemos a mistura reduzida, preservando, pela visão do governo anterior, as questões inflacionárias do mercado”, pontuou o CEO da BBF.

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