Com um portfólio que mescla empreender e produzir conhecimento, o professor Augusto César Barreto Rocha tem sido um diferencia extraordinário na defesa de nossa economia, nos estudos de seus paradoxos e na formulação de alternativas de diversificação de nossa base produtiva. Em suas aulas de graduação e pós-graduação põe a temática do desenvolvimento como prioridade, levando o corpo discente a refletir sobre nossos entraves de infraestrutura, aprofundamento de suas alternativas e valorização do saber regional como ferramenta de transformação das potencialidades em oportunidades. Em seus artigos, compartilhados em rede nacional pelo DCI, Valor Econômico, Folha e Infomoney, a pauta é o desenvolvimento e suas premissas de infraestrutura. Doutor em Engenharia de Produção ele transita pelas potencialidades da Bioeconomia e suas demandas para gerar uma economia pujante, de acordo com nossa vocação de Indústria sem chaminé e manejo sustentável dos insumos florestais. Em seu recente artigo sobre o tema, aponta os embaraços impostos pelo poder público e descreve as saídas que devemos buscar.
\”Amazônia: mecanismo de desenvolvimento\”
Vivemos em uma economia moribunda, que não entusiasma a geração de riqueza. A cada dia surgem novas regras para atrapalhar. Neste complexo emaranhado de agências, regimentos, comitês, portarias, normas, regulamentos, decretos e leis existe uma diversidade de mecanismos para complicar a vida do cidadão, com um convite velado: vamos nos corromper, para escapar da burocracia. O Mecanismo detalhado no seriado do Netflix, dirigido por José Padilha e Marcos Prado, evidencia como existe uma teia de corrupção em todos os níveis do país. Entretanto, ainda não começamos a enfrentar este problema. É necessário um novo meio de ganhar dinheiro e a facilitação da honestidade, com a presunção que o cidadão comum é honesto pode ser um bom começo. Hoje presume-se ao contrário.
Legalismo, o contraponto da contravenção
O pior deste cenário é que quanto mais leis forem criadas para coibir esta confusão, mais corrupção aparece. O efeito é ao contrário do que espera o entendimento superficial, pois a presença de muita complicação é um campo fértil para os descaminhos. Talvez por um problema da postura do Partido Liberal no Império (1831), onde não havia preocupação com a população, talvez por problemas do que foi o Consenso de Washington (1989) e suas reais intenções, onde havia uma série de medidas que não são exatamente medidas de estimulo à produção, pois estímulos nem sempre são compatíveis com disciplina fiscal ou baixa inflação. Os motivos podem ser vários, mas o que interessa é que temos uma sede de regulagem e tutela do estado, o que é exatamente contrário ao modelo liberal.
Inovação e mercado
Este modelo também é contrário para os novos desenvolvimentos experimentais. Veículos autônomos atropelarão pessoas, mas seguirão a ser desenvolvidos. Foguetes da Nasa ou de empresas privadas podem explodir com satélites ou pessoas, mas as pesquisas seguem a avançar. Não existe rompimento de fronteiras do conhecimento e de limites sem problemas. A questão é a responsabilização pelas consequências. Quando a Microsoft cometeu atos inadequados, seu presidente teve que responder severamente. O mesmo começa a se dar com o Facebook, no tema da Cambridge Analytica, quando em poucos dias tudo já se encaminha.
Disfunções nefastas
Aqui as discussões vivem um sem-fim de conversas, onde nada se decide, atrás de uma perfeição divina, incompatível com a realidade humana. Mesmo com todo este contexto é chegada a hora de se realizar um efetivo enfrentamento da oportunidade de desenvolver a região amazônica e transformar o seu potencial em riqueza. Deixar este potencial de lado, com regras que convidam para a pirataria, contrabando e demais formas inadequadas de usurpação da riqueza da floresta.
Que sobreviva a motivação!
Enquanto isso, todos que tentam realizar desenvolvimento na região são perseguidos como criminosos, enquanto os verdadeiros criminosos se embrenham na floresta levando sementes e conhecimentos tradicionais para os quatro cantos do mundo. Até quando? Precisamos correr algum risco, que é o mesmo caminho do sucesso, como dizia Raul Seixas. Para os que não gostam de música, fica a frase do Dalai Lama \”toda ação humana, quer se torne positiva ou negativa, precisa depender de motivação\”. Que venha a motivação nobre e vamos enfrentar o risco e desenvolver a Amazônia.\” Augusto César Barreto Rocha, Professor da Ufam e Empresário
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]