Da Redação, com informações da Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou na terça-feira, 19, durante a abertura da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Em um discurso que criticou duramente as desigualdades históricas, o brasileiro ressaltou que a fome atinge 735 milhões de pessoas no mundo e que os 10 maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade.
Nesse cenário, Lula alertou que a Agenda 2030, classificada por ele como “a mais ampla e mais ambiciosa ação coletiva da ONU voltada para o desenvolvimento”, pode se transformar no seu maior fracasso, se o cenário não mudar. “Estamos na metade do período de implementação e ainda distantes das metas definidas. A maior parte dos objetivos de desenvolvimento sustentável caminha em ritmo lento. O imperativo moral e político de erradicar a pobreza e acabar com a fome parece estar anestesiado”, afirmou. “Nesses sete anos que nos restam, a redução das desigualdades dentro dos países e entre eles deveria se tornar o objetivo-síntese da Agenda 2030. Reduzir as desigualdades dentro dos países requer incluir os pobres nos orçamentos nacionais e fazer os ricos pagarem impostos proporcionais ao seu patrimônio”, completou.
Mudanças climáticas – Durante o discurso, Lula reforçou que agir contra as mudanças climáticas, que tem sido um tema dominante na ONU e ganhado cada vez mais espaço na agenda dos países, “implica pensar no amanhã e enfrentar desigualdades históricas.”
“Os países ricos cresceram baseados em um modelo com altas taxas de emissões de gases danosos ao clima. A emergência climática torna urgente uma correção de rumos e a implementação do que já foi acordado”, ressaltou Lula. “Não é por outra razão que falamos em responsabilidades comuns, mas diferenciadas. São as populações vulneráveis do Sul Global as mais afetadas pelas perdas e danos causados pela mudança do clima”, alertou.
Vinte anos – Logo no início de seu discurso, o presidente brasileiro expressou condolências às vítimas do terremoto no Marrocos e das tempestades que atingiram a Líbia e o estado do Rio Grande do Sul, no Brasil. Lula lembrou que 20 anos atrás havia ocupado o espaço na tribuna para o discurso de abertura de uma assembleia da ONU pela primeira vez.
“Volto hoje para dizer que mantenho minha inabalável confiança na humanidade. Naquela época, o mundo ainda não havia se dado conta da gravidade da crise climática. Hoje, ela bate às nossas portas, destrói nossas casas, nossas cidades, nossos países, mata e impõe perdas e sofrimentos a nossos irmãos, sobretudo os mais pobres”, destacou.
Este ano, o tema do debate geral é “Reconstruir a confiança e reacender a solidariedade global: acelerando ações para a Agenda 2030 e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável rumo à paz, prosperidade, ao progresso e à sustentabilidade para todos”. No debate geral, os chefes dos Estados-membros da ONU são convidados a discursar em uma oportunidade para apontar suas visões e preocupações diante do sistema multilateral.
Cabe ao governo brasileiro fazer o primeiro discurso da Assembleia Geral das Nações Unidas, seguido do presidente dos Estados Unidos. Essa tradição vem desde os princípios da organização, no fim dos anos 1940.
Esta é a oitava vez que o presidente Lula abre o debate dos chefes de Estado. Ao longo de seus dois mandatos anteriores, ele participou do evento todos os anos entre 2003 e 2009. Em 2010, foi representado pelo então ministro das Relações Exteriores e atual assessor especial da Presidência, Celso Amorim.