O caminho para o Brasil alcançar a realidade da Indústria 4.0 ainda é longo. No entanto, as empresas que não começarem a se adequar em relação à transformação digital já em curso ficarão para trás e não sobreviverão. Essa é a avaliação da diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e superintendente Nacional do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Gianna Sagazio, que participou na última terça-feira (7), em São Paulo, de um debate sobre Indústria 4.0 no Vototalks Festival, evento comemorativo dos 100 anos da Votorantim.
Gianna apresentou resultados do Projeto Indústria 2027, realizado pela CNI e o IEL, com execução técnica das universidades Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), segundo o qual apenas 1,6% das empresas nacionais operam na fronteira da tecnologia. De acordo com os dados, daqui a 10 anos pouco mais de 20% das indústrias estarão no patamar da Indústria 4.0.
Diante dos dados que mostram um cenário de atraso no país, Gianna destacou que o grande desafio será apoiar as empresas a inovarem e capacitar pessoas para a realidade da quarta revolução industrial. “Grandes empresas competitivas que valorizam a inovação têm estratégias que precisam ser replicadas. O desafio é disseminar essas boas práticas para pequenas e médias empresas para fomentar a nossa indústria”, pontuou.
A superintendente do IEL acrescentou que, diferentemente de países que investem alto em inovação, o Brasil ainda tem uma cultura “que condena as pessoas pelos erros”. Segundo ela, inovar significa apostar e correr o risco de errar algumas vezes até acertar. “Os países que são mais desenvolvidos elegeram a inovação como estratégia de desenvolvimento. A inovação é um investimento de longo prazo e que envolve risco, mas os países que não apostarem nessa agenda não serão globalmente competitivos. Temos um setor empresarial avançado e ótimas escolas, mas precisamos acelerar essa agenda no país”, completou Gianna.
CRIATIVIDADE – Para o diretor técnico global da Votorantim Cimentos, Álvaro Lorenz, é essencial que o processo de transformação digital priorize a qualificação de pessoal. “Todo o processo de transformação digital começa pelas pessoas. A capacitação de pessoal é fundamental nesse processo da quarta revolução industrial, que tem tudo a ver com a criatividade”, afirmou.
Também participante do debate, moderado pelo jornalista da Revista Exame Jose Eduardo Costa, o coordenador de Inovação e Desenvolvimento de Mercado da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), Giuliano Fernandes, alertou que a tecnologia será uma ferramenta de transformação da indústria. Ele ponderou que essas mudanças só virão com “pessoas a frente dos processos”.