Brasileiros ainda sem previsão de deixar a Faixa de Gaza

Das três listas de autorizados a atravessar a fronteira com o Egito divulgadas até o momento, nenhuma incluia cidadãos do país. Cerca de 1.500 cidadãos de outras nacionalidades já foram autorizados a deixar a área de conflito
Destruição em Gaza. Foto: REUTERS

Da Redação, com informações da ABR, G1 e GloboNews

Os 34 brasileiros que estão abrigados ao sul da Faixa de Gaza ainda vivem na incerteza, sem saber quando poderão deixar a região, onde a escassez de água e alimentos e os bombardeios só aumentam. Nesta sexta-feira, 3, uma terceira lista com o nome de 571 estrangeiros autorizados a deixa a região foi divulgada. Novamente, não constam brasileiros entre os contemplados. Das 571 pessoas dessa nova lista, 367 são estadunidenses e outras 127 são britânicas. Há pessoas ainda da Alemanha, da Itália, da Indonésia e do México, informou a Representação do Brasil em Ramala, na Cisjordânia.

Na segunda lista divulgada nessa quinta-feira, 2, dos 576 estrangeiros autorizados a deixar Gaza, 400 eram dos Estados Unidos. Havia ainda nacionais do Azerbaijão, Barhein, Bélgica, Coréia do Sul, Croácia, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Macedônia, México, Suíça, Sri Lanka e Tchade.

A primeira lista com estrangeiros autorizados a deixar o enclave palestino alvo dos bombardeios de Israel foi divulgada na quarta-feira, 1º. Até então, uma média de 500 pessoas de outras nacionalidades estão sendo autorizadas a deixar a área do conflito.

Embaixador nega que críticas de Lula aos bombardeios tenham pesado contra a liberação dos brasileiros

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, conversou nessa quinta-feira com o chanceler do Egito, Sameh Shoukry, e reiterou o pedido para que os brasileiros retidos na Faixa de Gaza possam passar pela fronteira de Rafah. Porém, até o momento, os apelos da diplomacia brasileira não surtiram efeito.

O embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, afirmou em entrevista à GloboNews nesta sexta-feira que o Ministério das Relações Exteriores mantém diálogo intenso para permitir que os cerca de 30 brasileiros na Faixa de Gaza sejam autorizados a deixar a zona de confronto.

Segundo Meyer, o ministro Mauro Vieira deve conversar por telefone ainda nesta sexta com o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, para viabilizar a inclusão dos brasileiros nas listas de autorizados a fazerem essa travessia no posto de Rafah, entre Gaza e o Egito.

Questionado pela GloboNews, Meyer negou que as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) condenando os bombardeios israelenses em Gaza tenham impactado negativamente a negociação.

“É uma ilação um pouco apressada. Existem 6 mil pessoas que estão esperando sair, o Egito declarou que só pode atender a 500 pessoas por dia. O controle dessa entrada é do Egito, não de Israel. Se você tira 500 pessoas por dia, e tem 6 mil, você vai ter 5,5 mil descontentes”, ponderou o diplomata.

Os brasileiros estão abrigados nas cidades de Khan Younes e Rafah, próximas à fronteira com o Egito. Segundo o Itamaraty, o esquema de resgate está de prontidão e prevê auxílio desde a saída da Faixa de Gaza – com equipes e ônibus, medicamentos e alimentação – até o embarque no Aeroporto do Cairo, onde um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) os aguarda.

Israel faz cerco total a Gaza

As Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciaram na noite de quinta-feira, 2, que cercaram completamente a Cidade de Gaza. “Os soldados concluíram o cerco à Cidade de Gaza, o centro da organização terrorista Hamas”, declarou o porta-voz do exército israelense, Daniel Hagari.

Em resposta à declaração, o braço armado do Hamas, formado pelas Brigadas Ezzedine al-Qassam, disse que Gaza seria uma “maldição” para Israel e que seus soldados voltariam para casa “em sacos pretos”.

Depois de quase quatro semanas de conflito, o número de mortos na Faixa de Gaza ultrapassou os 9.000, sendo 3.760 crianças, de acordo com informações divulgadas por autoridades locais. Os números não podem ser checados de forma independente. Entre os israelenses, o número de mortos é de mais de 1.400 pessoas, na maioria civis assassinados pelos terroristas do Hamas durante o ataque que deu início ao conflito, em 7 de outubro.

A quantidade de crianças mortas no conflito Israel-Hamas é mais de seis vezes maior do que as 560 vítimas registradas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 19 meses de guerra na Ucrânia.

Líderes americanos e árabes, a exemplo de aliados americanos, como a Jordânia, aumentaram a pressão para que Israel alivie o cerco ao enclave.

Também na quinta-feira, a Câmara dos Deputados dos EUA, controlada por parlamentares do Partido Republicano, aprovou um projeto de lei que concede 14,3 bilhões de dólares em ajuda a Israel. Mas parlamentares democratas, que controlam o Senado, já avisaram que o projeto não deve seguir adiante.

Pausas – O governo norte-americano também defendeu, na quinta-feira, a realização de pausas temporárias e localizadas para ajudar as pessoas a saírem de Gaza e também permitir a entrada de ajuda humanitária. Os americanos são contra um cessar-fogo total.

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