Da Redação, com informações da BBC News Brasil
Duas pessoas suspeitas de ligação com o grupo libanês Hezbollah foram presas pela A Polícia Federal (PF), em São Paulo, nesta quarta-feira, 8. Os nomes dos detidos não foram informados.
Em nota, a PF informou que realizou a operação “Trapiche”, com o “objetivo de interromper atos preparatórios de terrorismo e obter provas de possível recrutamento de brasileiros para a prática de atos extremistas no país”.
A operação, segundo fontes ouvidas pela BBC, contou com o apoio de órgãos policiais e de inteligência dos Estados Unidos e de Israel.
Ainda de acordo com duas fontes policiais ouvidas pela BBC, a investigação apontou que os suspeitos seriam financiados pelo Hezbollah e planejariam fazer ataques contra a comunidade judaica no Brasil. O suposto plano de ataque a alvos judaicos seria anterior ao início do conflito entre Hamas e Israel, mas as tratativas para que ele fosse executado se intensificaram após o início da guerra, em 7 de outubro, segundo fontes familiarizadas com o assunto.
Os supostos terroristas já teriam selecionado seus alvos, incluindo sinagogas e prédios ligados à comunidade judaica no Brasil. Um deles seria a Embaixada de Israel, em Brasília.
Um dos suspeitos recebeu ordem de prisão no aeroporto de Guarulhos, quando chegava do Líbano. Além das duas prisões realizadas no Brasil, a Justiça Federal expediu mandados de prisão para outros dois suspeitos que estão no Líbano. Ambos são brasileiros descendentes de libaneses. Seus nomes, segundo investigadores, estão na lista de procurados da Interpol.
A PF pretende analisar os dados financeiros do grupo para checar como ele era financiado.
PF também cumpriu mandados de busca e apreensão
Na operação “Trapiche” foram cumpridos ainda 11 mandados de busca e apreensão expedidos pela Subseção Judiciária de Belo Horizonte, nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e no Distrito Federal.
Os detidos em São Paulo devem responder pelos crimes de constituir ou integrar uma organização terrorista e de realizar atos preparatórios de terrorismo. De acordo com a PF, se somadas, as penas máximas desses crimes chegam a 15 anos e 6 meses de prisão.
Os crimes previstos na Lei de Terrorismo são inafiançáveis, e a pena deve ser cumprida inicialmente em regime fechado.
Sobre o Hezbollah – é um partido político islâmico xiita que tem um braço paramilitar apoiado pelo Irã e exerce grande poder no Líbano. Oficialmente, foi criado em 1985, quando publicou uma “carta aberta” que identificava os Estados Unidos e a antiga União Soviética (URSS) como os principais inimigos do Islã. No documento, o Hezbollah também levantou a destruição de Israel como um objetivo fundamental.
“É o inimigo odiado que temos de combater até que os odiados consigam o que merecem”, diz o texto. “Este inimigo é o maior perigo para as nossas gerações futuras e para o destino das nossas terras, especialmente porque glorifica as ideias de colonização e expansão, iniciadas na Palestina.”
Desde 1992, o Hezbollah é liderado por Hassan Nasrallah e tornou-se a força militar mais poderosa da nação árabe. No mesmo ano, o grupo participou pela primeira vez nas eleições nacionais, obtendo mais assentos do que qualquer partido.
O grupo ganhou gradualmente influência no sistema político do Líbano e tem poder de veto no Executivo do país.
O Hezbollah é considerado por alguns libaneses como uma ameaça à estabilidade do país, mas continua popular entre a comunidade xiita libanesa que representa.
Apesar de o Hezbollah defender uma corrente do Islã diferente da do Hamas, sendo o primeiro xiita e o segundo, sunita, os dois grupos convergem quanto ao desejo de destruir Israel.
Tanto o Hamas quanto o Hezbollah são considerados organizações terroristas pelos governos do Reino Unido, dos EUA e de outros países.
O Hezbollah possui um vasto arsenal de armas que inclui mísseis guiados com precisão que podem afetar intensamente o território israelense e dezenas de milhares de combatentes bem treinados e experientes em batalha.