Depois do avanço do pessimismo nos últimos dois meses, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) mostra leve reação em agosto. O indicador, apurado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), alcançou 85,6 pontos, um aumento de 0,6% em relação ao mês passado e de 10,7% em relação ao mesmo período de 2017. Quatro componentes da pesquisa tiveram crescimento mensal, com destaque para o nível de consumo atual (+3,4%) e perspectiva de consumo (+1,8%).
“Esse movimento sugere que o susto das famílias com a greve dos caminhoneiros vai ficando para trás, na medida em que os choques de preços observados logo após a paralisação não se replicaram nas semanas seguintes”, observa o economista da CNC Antonio Everton.
Outra consequência associada à redução do processo inflacionário é a alta mensal do subíndice renda atual (+0,3%). O nível registrado em agosto deste ano (99,3 pontos) é 9,2% maior do que no mesmo período de 2017. No entanto, mais da metade das famílias (51,5%) declarou estar consumindo menos atualmente do que há um ano (59,3%).
A análise da CNC destaca a preocupação das famílias em relação ao mercado de trabalho. Esses componentes, apesar de se manterem na zona positiva, acima de 100 pontos, indicam percepções negativas quanto ao emprego (-0,4%) e à perspectiva profissional (-0,8%). “Isso indica o maior receio das famílias diante da incapacidade de a economia voltar a crescer e de gerar postos de trabalho de forma mais consistente”, comenta o economista.
Perspectivas para 2018
Com o fraco crescimento da economia e as dificuldades de reação do mercado de trabalho, a CNC reduziu novamente a projeção das vendas do comércio varejista de 4,8% para 4,5% em 2018, assim como as estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) (agora variação de 1,6%, ante 1,8%) e a geração de 500 mil postos de trabalho.