Ana Danin, redação PIM Amazônia
Os nove estados que compõem a Amazônia Legal registraram 6.306 casos suspeitos de dengue em 2024. Os dados são do Painel de Monitoramento das Arboviroses, do Ministério da Saúde (MS), que, em consulta realizada nesta segunda-feira, 29, confirmam o Acre como o estado da região com o maior número de registros prováveis da doença, tendo 1.764 casos suspeitos, o equivalente da 212,5 casos por 100 mil habitantes.
Em uma análise nacional, o Acre fica atrás apenas do Distrito Federal que tem 15.542 casos suspeitos registrados, o equivalente a 551,7 casos por 100 mil habitantes. Ambos estão em situação de emergência, sendo que o Acre está desde o dia 5 deste mês, conforme decreto válido por 90 dias, publicado em uma edição extra do Diário Oficial do Estado (DOE).
A situação no estado, fez com que 11 municípios do Acre estivessem entre as 52 cidades, de cinco estados da região, selecionadas pelo MS como prioritárias para a vacinação contra a doença, a ser realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a partir de fevereiro, em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.
“A chegada dessa vacina (Qdenga) é um passo significativo para fortalecer nossa defesa contra a dengue. A colaboração entre municípios e regiões de saúde é fundamental para garantir uma distribuição eficaz e abrangente do imunizante”, destacou a coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI) no Acre, Renata Quiles, conforme informações da Agência de Notícias do governo do Estado.
“É um passo importante para fortalecer nossa infraestrutura de saúde e, ao mesmo tempo, promover a conscientização sobre a importância da prevenção. Estamos confiantes de que, com essa iniciativa, conseguiremos reduzir significativamente os casos de dengue em nossa região, proporcionando um ambiente mais saudável e seguro para os cidadãos”, completou o secretário de Saúde do Estado, Pedro Pascoal.
Os 52 municípios da Amazônia Legal selecionados como prioritários, integram uma lista de 521 municípios brasileiros, de 37 regiões de saúde consideradas endêmicas para a dengue.
Maranhão tem a menor incidência de casos no país
O total de casos suspeitos registrados nos estados da Amazônia Legal corresponde a apenas 5,2% do nacional, já que, até esta segunda-feira, 29, o Brasil tinha120.874 casos prováveis da doença. Depois do Acre, o estado da Amazônia com o maior coeficiente de incidência da doença é o Amazonas, que aparece na 7ª posição, com 59,0 casos suspeitos por 100 mil habitantes (2.327 registros). Já a unidade da federação com menor número de registros é o Maranhão, que também integra a Amazônia Legal, e aparece na última colocação, com apenas 0,7 casos prováveis por 100 mil habitantes (50 casos).
Região tem 1 óbito confirmado n Amapá
Dos 120.874 sob investigação no país este ano, o Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde havia confirmado até esta segunda-feira 46.687, ou 38,6% do total. Até o momento, também foram confirmadas 12 mortes, incluindo uma no estado do Amapá.
Na Amazônia Legal há ainda 2 óbitos sob investigação, um no Mato Grosso e outro no Pará. No entanto, nenhum desses estados aparece entre os que foram listados como prioritários para início da vacinação em fevereiro.
No coeficiente de incidência nacional, considerando a lista completa de unidades da federação, Além de Acre e Amazonas, Amapá, Tocantins e Mato Grosso aparecem entre as 15 unidades da federação com maior incidência, estando o Amapá na 11ª, Tocantins 13ª e Mato Grosso na14ª colocação, com 33; 30,0 e 23,6 casos prováveis por 100 mil habitantes, respectivamente. Dos três últimos estados citados, só o Tocantins tem cidades incluídas na lista de municípios prioritários de vacinação contra a dengue divulgada na semana passada pelo Ministério da Saúde, que estabeleceu três critérios de prioridade. São eles:
• São formadas por municípios de grande porte, com mais de 100 mil habitantes;
• Registram alta transmissão de dengue no período 2023-2024;
• Têm maior predominância do sorotipo DENV-2.
Maioria dos casos foi registrada em mulheres pardas, de 30 a 39 anos
O Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde também permite classificar os casos por faixa etária, raça, cor e sexo. Na análise específica da Região Norte neste ano, a maior incidência, até esta segunda-feira, 29, era em pacientes do sexo feminino, com 51,9%, dos casos prováveis, contra 48,1% registros em pacientes do sexo masculino. Em relação à faixa etária e cor, a maioria dos casos suspeitos estava em pessoas de cor parda, com idades entre 30 e 39 anos. Tanto Maranhão, quanto Mato Grosso, com pequenas variações, também registravam o mesmo perfil demográfico.
Os principais sintomas da dengue são:
• Febre alta > 38°C;
• Dor no corpo e articulações;
• Dor atrás dos olhos;
• Mal-estar;
• Falta de apetite;
• Dor de cabeça;
• Manchas vermelhas no corpo.
No entanto, Ministério da Saúde alerta que a doença pode ser assintomática (sem sintomas), apresentar quadro leve, sinais de alarme e de gravidade.
O MS ressalta que também podem acontecer erupções e coceira na pele e orienta a população a ficar atenta aos chamados “sinais de alarme”, ou seja, uma indicação do extravasamento de plasma e/ou hemorragias que podem levar o paciente a choque grave e óbito. A forma grave da dengue inclui dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.
Chikungunya tem 268 casos prováveis na Amazônia
Na consulta ao Painel de Monitoramento de Arboviroses também é possível consultar os dados referentes a Chikungunya, doença que tem o mesmo mosquito transmissor da dengue: o Aedes aegypt.
Em 2024, o Brasil registrou 7.063 casos prováveis, com 9 óbitos em investigação e 1 morte confirmada. Nenhum óbito foi registrado, até esta segunda-feira, 29, na Amazônia Legal.
Os estados da Amazônia Legal têm, até esta segunda-feira, 268 casos prováveis de Chikungunya, com destaque para o Tocantins, que aparece em 4º lugar entre todas as unidades da federação, com 74 casos, ou 4,9 casos prováveis por 100 mil habitantes.
A única unidade da federação que não registrou casos suspeitos de Chikungunya, até o momento, foi o Amapá.
Veja, abaixo, medidas individuais de proteção contra a picada do mosquito Aedes aegypti
Além da dengue e Chikungunya, o mosquito Aedes aegypti é também o transmissor do Zika vírus, porém até o fechamento desta reportagem, na segunda-feira, 30, não haviam dados disponíveis sobre este último no Painel de Monitoramento das Arboviroses.
Além de evitar o acúmulo de água parada, que pode transformar diferentes recipientes em criadouro do mosquito transmissor, o Ministério da Saúde recomenda, em seu site, como medidas individuas de proteção contra a picada do mosquito:
- Proteger as áreas do corpo que o mosquito possa picar, com o uso de calças e camisas de mangas compridas;
- Usar repelentes à base de DEET (N-N-dietilmetatoluamida), IR3535 ou de Icaridina nas partes expostas do corpo. Também pode ser aplicado sobre as roupas. O uso deve seguir as indicações do fabricante em relação à faixa etária e à frequência de aplicação. Deve ser observada a existência de registro em órgão competente. Repelentes de insetos contendo DEET, IR3535 ou Icaridina são seguros para uso durante a gravidez, quando usados de acordo com as instruções do fabricante. Em crianças menores de 2 anos de idade, não é recomendado o uso de repelente sem orientação médica. Para crianças entre 2 e 12 anos, usar concentrações até 10% de DEET, no máximo 3 vezes ao dia;
- A utilização de mosquiteiros sobre a cama, uso de telas em portas e janelas e, quando disponível, ar-condicionado.