Da Redação, com informações da Agência Brasil e g1
Representantes de ministérios do governo federal chegaram nesta segunda-feira, 4, ao Acre, estado que foi duramente atingido por enchentes. Eles já eram esperados desde o anúncio foi feito pelo ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, ainda no sábado, 2, na rede social X.
“Conforme determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na próxima segunda-feira, irei ao Acre, numa força-tarefa para assistência à população atingida pelas enchentes. Além do MIDR [Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional], os Ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima, do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome, da Saúde, do Desenvolvimento Agrário e da Defesa participam do grupo”, postou o ministro.
Na conversa com os jornalistas no desembarque hoje, o ministro Waldez Góes garantiu que “quantas ações forem necessárias na transversalidade, a gente vai realizar no Acre como fizemos ano passado, que só de ajuda humanitária foram mais de R$ 30 milhões e este ano serão volumes infinitamente maiores. E não estamos falando só de respostas, porque quando somar esses valores da saúde, do desenvolvimento social, do FGTS, temos que considerar depois o restabelecimento, reconstrução de muitos ambientes que estão sendo perdidos e trabalhar a questão da adaptação, que a ministra Marina conduz esse projeto que é muito importante, tem o Fundo Clima que ela vai se referir, tem valores da adaptação climática.”
A ministra Marina Silva reforçou que eventos como as enchentes são agravadas por fatores como desmatamento, assoreamento de rios e a mudanças climáticas.
“Por isso estamos trabalhando um plano estruturante, são nove ministérios trabalhando para que a gente possa dar uma resposta junto com os estados mais ponderáveis e os municípios mais ponderáveis. E, obviamente, a principal ação é enfrentar a causa do problema: desmatamento, que aumenta a temperatura da terra, faz com que a haja o assoreamento dos rios e também faz com a gente tenha cada vez mais esses eventos”, confirmou.
Nesta segunda-feira, o Rio Acre, na capital, registrou a marca de 17,75 m na medição das 6h, o que representa a segunda maior enchente na capital desde o início das medições, em 1971. Ainda na segunda, na medição das 9h, o rio continuou a subir, alcançando o nível de 17,78 m, um acréscimo de dez centímetro em relação à noite de domingo passado.
Em edição extra do Diário Oficial de sexta-feira, 1º, o governo do Acre declarou emergência em saúde pública no estado em razão da cheia dos rios e o volume das chuvas que atingem 19 municípios do estado, desde o dia 21 de fevereiro. O decreto tem vigência de 180 dias.
Na segunda-feira, 26, o governo federal já havia reconhecido a situação de emergência de 17 dos 22 municípios acreanos. Com isso, as prefeituras de Assis Brasil, Brasileia, Capixaba, Cruzeiro Do Sul, Epitaciolândia, Feijó, Jordão, Mâncio Lima, Marechal Thaumaturgo, Plácido De Castro, Porto Acre, Porto Walter, Rio Branco, Santa Rosa do Purus, Sena Madureira, Tarauacá e Xapuri agora podem solicitar recursos ao governo federal.
A solicitação deve ser feita por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres. Além de socorro e assistência às vítimas, o decreto permite repassar recursos para restabelecer serviços essenciais e reconstruir infraestrutura ou moradias destruídas ou danificadas.
Segundo Waldez Góes, equipes da Defesa Civil atuam no Acre auxiliando prefeituras e o governo do estado a preparar planos de trabalho para a liberação de recursos federais para ações de assistência, restabelecimento e reconstrução.
Ainda na última quarta-feira, 28, o então presidente em exercício, Geraldo Alckmin, conversou por telefone com o governador do Acre, Gladson Cameli, e com o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, para tratar de “assistência emergencial humanitária”, conforme nota divulgada pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
Nesta segunda, ao recepcionar a equipe do Governo Federal, Cameli destacou que “é o momento de união, de esforço, em que todos os poderes constituídos e as instituições estão nos ajudando. Nós vamos acompanhar de perto, mostrar para as instituições do Estado de Direito, e fazer um planejamento pós-enchente, porque tem muitas situações, como Brasileia, por exemplo, que temos que achar uma alternativa imediatamente este ano, para que as coisas não se repitam ano que vem na mesma proporção”, destacou.
Chuvas também preocupam em dois municípios do Pará
No domingo, 3, o governo do Pará criou uma força-tarefa para atuar nos municípios de Paragominas e Ipixuna do Pará, onde, desde sexta-feira, 1º, comunidades foram afetadas pelos alagamentos provocados pelas fortes chuvas que atingem essas localidades.
De acordo com informações da Defesa Civil Estadual, Paragominas teve 8 bairros atingidos por alagamentos, na zona urbana, e 5 áreas afetadas na zona rural. Um total de 27 famílias estão desabrigadas e 50 desalojadas. Há três pontos de abrigo disponibilizados pela prefeitura. Já em Ipixuna do Pará, a estimativa inicial aponta que 1.600 famílias foram atingidas, 62 estão desabrigadas e outras 26 desalojadas. As informações são da Agência Pará.
“A decretação do estado de emergência da parte da prefeitura, já está sendo homologada pelo Governo. A partir disto, ajudas humanitárias já sendo disponibilizadas ainda esta semana, o que envolve cestas de alimento, kits de higiene, kits de dormitório, e como também a seleção das famílias para programas habitacionais para que haja remanejamento de famílias que estejam em áreas vulneráveis por conta do crescimento desordenado de bairros que acabam gerando um represamento das águas do rio Uraí e gerando estes alagamentos”, destacou o governador Helder Barbalho, em visita realizada aos municípios no fim de semana.
Na sexta-feira, uma forte chuva, de aproximadamente 200 mm, elevou o rio Ipixuna para 680 cm (em fevereiro estava 460 cm), de acordo com a prefeitura. O monitoramento da Secretaria de Meio Ambiente prevê chuvas de cerca de 125 mm para as próximas semanas, um volume menor do que o registrado nos últimos dias. O município segue em alerta tanto na sede quanto na zona rural.
*Texto atualizado na tarde de 04/03 para inserir as declarações dos ministros e governador, no desembarque hoje, no Acre, bem como as notícias do Pará