Da Redação
Nos dias 9 e 10 de março, indígenas do povo karajá, no Tocantins, dão início às celebrações do Hetohoky, ritual que marca a passagem da infância para a vida adulta e é direcionado apenas aos meninos. A festa indígena é anual e será realizada na aldeia Santa Isabel do Morro, na Ilha do Bananal, com apoio da Secretaria de Estado de Turismo (Setur).
A cerimônia envolve todas as aldeias vizinhas, além de convidados e órgãos do governo, e, em 2024, a expectativa é receber cerca de 7 mil pessoas. O titular da Setur, Hercy Filho, explica que o estado tem investido em projetos de etnoturismo, tipo de turismo em que os viajantes conhecem de perto a vida, os costumes e a cultura de um determinado povo, especialmente povos indígenas.
As celebrações do Hetohoky continuam em outras aldeias Karajá, durante todo mês de março. Durante o Hetohoky há danças; cantos; chegada dos vizinhos da aldeia Fontoura; tradições milenares, como a construção da Casa Grande; e disputas esportivas entre a aldeia anfitriã e as aldeias visitantes. Cada momento da festa tem um significado especial, desde as pinturas até as danças que marcam a transição dos meninos para a vida adulta. A preparação para o evento é intensa, com os jovens dedicando meses de concentração, incluindo jejuns e treinamento físico para as competições.
A festa é aberta para visitantes não indígenas e um local para receber turistas, chamado Acampamento Hatanã, começou a ser estruturado.
Na Ilha do Bananal, além das festas tradicionais, também são incentivadas trilhas, pesca esportiva, observação de aves e outros animais da região.
Hercy Filho destaca que resgatar as tradições é um compromisso do Estado e que o turismo pode desempenhar um papel crucial neste desafio, tendo as pastas da Cultura e dos Povos Originais como principais parceiros no desenvolvimento de projetos.
“O desenvolvimento de ações de estímulo ao etnoturismo é uma demanda dos nossos povos ancestrais e uma missão assumida pela Setur”, ressalta o secretário, enfatizando a riqueza cultural do povo Karajá e a beleza natural e preservada da Ilha do Bananal.
Em 2022, a Ilha do Bananal ganhou notoriedade internacional com a passagem do Rally Sertões, que propiciou a capacitação de jovens e líderes, bem como a abertura e a estruturação dos acampamentos. A proposta é que os próprios indígenas assumam a gestão dos roteiros.
Comunidades do Amazonas recebem mais infraestrutura para o etnoturismo
O Amazonas também tem se voltado para o incentivo ao etnoturismo e na segunda-feira, 4, o governo do estado entregou quatro terminais fluviais para as comunidades indígenas Cipiá e Tatuyo, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga da Conquista, e Tuyuka e Diakuru, na RDS do Tupé, com o objetivo de melhorar o embarque e desembarque de turistas na região.
Durante a entrega, também foi feita a assinatura do Termo de Cessão dos terminais fluviais, que garante a administração pelos próprios comunitários.
Ao todo, 24 famílias, abrangendo aproximadamente 120 moradores, foram beneficiadas. É a primeira vez que as comunidades indígenas das RDS Puranga Conquista e do Tupé recebem os terminais fluviais. A comunidade Diakuru, que atualmente conta com oito famílias, planeja aumentar o fluxo de turistas com a nova estrutura.
O cacique da Comunidade Cipiá, Thoalanu Gui, ressalta a importância da entrega da plataforma, já que o embarque e desembarque no local, até então, eram feitos através de um flutuante de madeira. “Para nós, esses atracadores são muito importantes, representam muita coisa para a gente e são a melhoria de todas as comunidades. É um fluxo melhor ainda dos turistas”, enfatizou o cacique do local, onde 12 famílias dependem do turismo.
A assinatura da Ordem de Serviço para a execução da Obra de Construção dos quatro terminais fluviais ocorreu em setembro de 2023, com investimento de R$ 336,9 mil, sendo R$ 20 mil de contrapartida estadual e R$ 316,9 mil de repasse do Ministério do Turismo, por meio de emenda parlamentar do Senador Plínio Valério.
Sobre as comunidades – Situadas na margem esquerda do Rio Negro, as quatro comunidades oferecem roteiros turísticos que envolvem um mergulho nas tradições e nos conhecimentos dos povos originários, com contação de histórias e lendas, apresentação de danças e rituais, pinturas corporais e confecção de artesanatos que representam crenças e etnias.
Os visitantes podem também contemplar a fauna e flora, através das trilhas pela floresta e, também, experimentar a gastronomia com ingredientes da culinária indígena.
As comunidades Cipiá e Tatuyo ficam localizadas a 34 quilômetros da área urbana de Manaus, enquanto a Diakuru e Tuyuka estão a, aproximadamente, 25 quilômetros.
*Com informações do Governo do Tocantins e Agência Amazonas