Em artigo publicado no portal Amazonas Atual e Infomoney/Bloomberg deste sábado, sob o título“O descaso para com a Zona Franca de Manaus”, o economista Wilson Périco, presidente do CIEAM, responde às matérias publicadas no jornal Folha de São Paulo, desancando a economia do Amazonas. “Há um fundo de verdade pela metade em mais este ataque da Folha à economia do Amazonas.” E arremata que o Brasil não precisa, neste momento, é que tratemos nossos problemas com doses de veneno, desinformação proposital e zombaria, na suposição de que aqui, no Norte, estivéssemos mamando nas tetas da viúva de plantão. Não estamos. E finaliza seu primeiro esclarecimento com uma diferenciação fundamental. “Por outro lado, não fosse pela chamada da matéria ‘Obsoleta, a Zona Franca consome 24 bilhões de isenção fiscal’, a matéria publicada neste dia 13, que reproduz o chauvinismo de alguns articulistas e seus teclados alugados, retrata uma verdade: temos sido tratados como Zona Franca. E não somos”.
A Folha já conhece os paradoxos e contradições federais no Amazonas
“Merece aplauso o clima de liberdade editorial da empresa, posto que sua redação e departamento comercial, depois de vivenciarem as verdadeiras questões de nossa economia, através de seguidas horas de esclarecimentos e debate com os enviados do CIEAM, não deveriam permitir intrigas não reticentes e insistentes. Elas afastam investidores e comprometem a reputação de quem dirige este modelo de acertos, vítima da gestão inepta de um país falido.” Em mais de uma oportunidade, desde que assumiu a entidade, em 2012, o presidente Wilson Périco determinou a criação de uma tribuna Amazonas em São Paulo, para esclarecer, aproximar e inserir o Amazonas no sumário da política industrial, tecnológica, ambiental e cultural do Brasil. E foi na Folha sua primeira visita às redações da mídia paulista.
Não há recurso público na ZFM
“É falso insinuar que há investimento público na Zona Franca de Manaus. Nenhum centavo. R$ 24 bilhões são “consumidos” dos cofres federais? Não são. É mentira. Se as empresas não tiverem contrapartida elas não deixam apenas Manaus. Elas deixam o Brasil, pois ninguém, de bom senso, suporta uma cangalha tributária tão abusiva. São Paulo não seria São Paulo, essa locomotiva pujante. E sem os incentivos, que começam em 1955, no governo JK, para a indústria automobilística, acabaria no Irajá. O problema não são os incentivos. Metade deles são, 49,9% consumidos exatamente por São Paulo. Sem prestação de contas. A Suframa consome 8% apenas, de todo bolo fiscal. E presta contas. Aliás, só ela presta contas. Além dos incentivos, aquele Estado consome – apesar de ser o mais desenvolvido do país – mais de 25% das verbas do BNDES, na média histórica. Ficar repetindo essa lenga-lenga não vale a pena, pois não é a verdade nem o espírito público que orientam as matérias produzidas por teclados encomendados. Resta saber quem pagará está conta que a difamação produz, afastando parceiros que poderiam engrossar o caldo de nossa planta industrial. Temos apenas 0,6% dos estabelecimentos industriais do Brasil. A planta paulista tem 30% das indústrias em seu quintal. Parece que é pouco, à vista da sordidez das campanhas contra a ZFM. Por outro lado, o descaso para com as vias do distrito industrial e a pouca infraestrutura logística, rematadas na matéria, tampouco nos ajudam a atrair novos investimentos e isso não é responsabilidade de outros, esse cuidado é, ou deveria ser, nosso, do município e do estado”.
Mais reais do que o Rei
“Como não evitar que as taxas de desemprego sejam maiores aqui, se o Amazonas não pode fabricar o que precisa? Se os técnicos do Sudeste, que compõem o GT-PPB, um grupo de burocratas que são mais reais do que o rei e mais legais do que a Lei, decide se licencia ou não o processo produtivo básico que permite a ZFM gerar mais emprego, renda e arrecadação. Sim, arrecadação, pois o Amazonas, mesmo com a fama de paraíso fiscal, é paraíso da Receita Federal. Aqui, recolhem 50% de todos os impostos da região Norte. E mais, no apurado da riqueza gerada, o Amazonas recolhe, diz a USP, a União confisca 54,42% do volume de recursos produzidos. Como sair do buraco que a reportagem da Folha descreve sem oferecer ao leitor referenciais de compreensão da tragédia? Ou o propósito é o de sempre? Eliminar o Amazonas da paisagem econômica do país, entregando-o ao narcotráfico e ao crime organizado? Os recursos confiscados – e ninguém define seu paradeiro – deveriam ser empregados em recursos humanos, segurança pública, infraestrutura da competitividade de nossa indústria. Não queremos aplausos, mas queremos respeito para trabalhar e proteger esta floresta que hidrata os reservatórios do Sudeste e nossos rios, que geram 60% da energia encarregado de alumiar a escuridão da capital paulista, incluindo a cegueira proposital de alguns de seus escribas.”
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