Turismo: potencial mal explorado

Por Alyne Araújo e Redação

 

Por sua riqueza ampla e variada, a Amazônia brasileira é um dos destinos mais visados por turistas do mundo inteiro. A fauna, a flora, os rios e a culinária são apenas alguns dos pontos que chamam a atenção e encantam quem chega ao local e, com certeza, fazem com que essa pessoa retorne para novos passeios.

De acordo com pesquisa do Ministério do Turismo (MTur), a floresta Amazônica faz do Brasil um líder em biodiversidade e destino internacional de natureza, sendo a segunda maior motivação das viagens de estrangeiros que desembarcam no país a lazer. Somente no ano passado, o turismo de natureza foi responsável por 16,3% do total de 6,6 milhões de visitantes recebidos nos destinos nacionais. Fica atrás apenas do segmento de sol e praia, que atraiu 72,4% do público.

Além do turismo de natureza, os estrangeiros escolhem o destino Amazônia na busca por experiência, gastronomia e etnoturismo. Tefé (a 525 quilômetros de Manaus -AM) e Santarém (a 1.375 quilômetros de Belém-PA) abrigam comunidades ribeirinhas que recebem turistas para atividades culturais e troca de experiências. As viagens são transformadoras para quem visita e geram bons negócios para quem recebe.

No Acre, uma imersão na floresta é a proposta dos índios Yawanawás da área indígena Rio Gregório, onde vivem cerca de mil índios em sete aldeias.  As vivências, realizadas em pequenos grupos, são “oportunidade de conhecer a cultura Yawanawá”. Pintura corporal, banhos de ervas e argila, roda de defumação, caminhada até a Samaúma, a maior árvore da Amazônia; cerimônias de Uni (Ayahuasca) fazem parte do roteiro. Anualmente, em outubro, a aldeia Nova Esperança é palco do Festival Yawa, onde são relembradas danças, cantos, comidas tradicionais e rituais da comunidade.

No Pará, Alter do Chão, o famoso balneário do rio Tapajós, produz artesanato de origem indígena, além de ofertar atividades extrativistas na floresta. Em Belém, os visitantes conhecem os sabores e temperos do mercado Ver-o-Peso e vão até a Ilha de Cotijuba se familiarizar com os aromas da mata.

\"\"O Amazonas aparece no ranking dos Estados da Amazônia mais procurados por turistas de todas as partes do mundo. Com quase 1,6 milhões de quilômetros quadrados de área territorial, o Estado é banhado pela bacia hidrográfica amazônica, responde por aproximadamente 20% da água doce do planeta e é dono da maior cobertura vegetal tropical do mundo.

Sua capital, Manaus, oferece esse segmento com passeios de barco para os visitantes pelo rio ou por estreitos igarapés, além do contato com a comunidade indígena, observação da fauna e flora nas áreas de proteção ambiental e parques naturais.

 

Crise e recuo

Mas, apesar do potencial, a quantidade de turistas estrangeiros que visitam o Amazonas encolheu, conforme a edição mais recente do Anuário Estatístico de Turismo. Divulgada em julho de 2018, com dados da Polícia Federal, a compilação anual do MTur, aponta que o número de visitantes do Estado caiu de 45.364 (2016) para 33.627 (2017), uma diferença de 25,87%.

Mais sete Estados registraram recuo, além do Amazonas, sendo que dois deles também ficam situados na Amazônia: Pará (-20,17%) e Roraima (-2,91%). Vale destacar que, apesar do ‘efeito Olimpíadas’, o Brasil, como um todo, bateu recorde de recepção de turistas. Houve registro de 6.588.770 visitantes estrangeiros, a maioria de países vizinhos. A quantidade é 0,64% superior à de 2016, ano das Olimpíadas (6.546.696) e também 2,47% maior do que a de 2014, ano da Copa do Mundo em solo nacional (6.429.852).

O vice-presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas (Fecomércio-AM), Mário Tadros, avalia que crise financeira que assolou o país também impactou o turismo local. “Esta atividade precisa ser planejada o quanto antes, mas um planejamento a longo prazo e não apenas um improviso”.

Ainda de acordo com o executivo, o turismo local apresenta alto potencial, porém não está com resultados positivos no que diz respeito a geração de emprego e renda. ‘É uma atividade altamente rentável para a nossa economia. Mas não há tantos investimentos, pois pensa-se apenas no retorno rápido. Temos uma grande biodiversidade e não há grandes divulgações desse produto, por exemplo”.

Conforme Tadros, é necessário haver uma renovação de investimentos no turismo local. “Só assim será capaz de acabar com toda a onda de insegurança que ronda o setor. Temos grandes riquezas para expor para turistas de diferentes partes do mundo”.

Sobre as dificuldades de impulsionar a atividade turística em Manaus, o diretor de turismo da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), João Araújo comenta que a logística de acesso e os altos custos de manutenção de alguns produtos e serviços são as principais. Mas, também é necessário pensar na segurança oferecida e em fatores como limpeza pública, acesso a transporte público de qualidade, opções de atendimento, dentre outros fatores.

O diretor de turismo diz que a Manauscult tem se esforçado para qualificar os profissionais da área com workshops, apresentando inovações e discutindo problemas, além de procurar soluções. Também há projetos em fase de conclusão para viabilizar o ordenamento turístico e para atração e aumento do fluxo.

“A participação cooperada nos estandes do Instituto Brasileiro de Turismo [Embratur] em feiras internacionais e nacionais tem sido intensificada. Dessa maneira, oportunizamos Manaus estar inserida na prateleira de destinos turísticos preferenciais no Brasil. Ações e eventos que promovam a cultura local e a revitalização do Centro Histórico compõem ações para que a cidade possa oferecer diferentes opções turísticas para os visitantes”.

Para ampliar o turismo na região Amazônica, o MTur tem adotado uma série de ações. Em maio de 2017, o Ministério lançou a campanha “Amazônia Legal”, tendo como slogan “Descubra uma nova Amazônia”. Há também investimentos em obras de infraestrutura turística que impactam na qualidade do atendimento ao visitante e contribuem para a melhoria das condições de vida das populações locais.

No Amazonas, o MTur tem contratos de R$ 134 milhões; no Pará de R$ 132,6 milhões; em Roraima; de R$ 186,3 milhões e no Tocantins, de R$ 149,6 milhões. Os recursos são empregados em saneamento, construção e reforma de orlas fluviais, centro de convenções, centros de informações turísticas, sinalização turística, pavimentação de vias, entre outros. […]

 

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