Termoplástico: Crescimento acima das expectativas

Por Marco Dassori

Os números de produção e vendas do segmento termoplástico do Polo Industrial de Manaus (PIM) estão surpreendendo os empresários do ramo. As projeções do Sindicato das Indústrias de Material Plástico de Manaus (Simplast) para o crescimento de mercado eram bem mais conservadoras, em virtude da instabilidade política e da virtual estagnação econômica do país.

De janeiro a julho, segundo os dados mais recentes disponibilizados pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), o polo termoplástico faturou 3,32% a mais do que o apurado em idêntico período de 2017, passando de US$ 856.14 milhões para US$ 884.54 milhões. Medida em reais, as vendas atingiram R$ 3.09 bilhões, uma expansão de 13,87% em relação ao número registrado no ano passado (R$ 2,71 bilhões).

“Até agosto, já tivemos um crescimento de 15,51% quando comparado ao mesmo período de 2017. Nesse início de ano tivemos uma significativa retomada do setor, que pode ter isso sido causada pelo fato de 2018 ser ano de Copa do Mundo. Em função disso, há uma sazonalidade característica e diferente dos outros anos”, ponderou o presidente do Simplast, Claudio Antônio Barrella.

\"\"A expectativa da indústria, prossegue o dirigente, é que o crescimento da indústria incentivada de plástico perca força nos meses seguintes, mas sem comprometer o viés de alta. As projeções do Simplast são de avanço real de 12% para os resultados das empresas, número que ele destaca ser ainda insuficiente para reverter as perdas acumuladas pelo subsetor em 2015, 2016 e 2017.

Os números contribuíram também para o saldo positivo no número de novas unidades fabris no Polo Industrial de Manaus (PIM). De acordo com o Simplast, o segmento termoplástico registrou a abertura de três novas fábricas neste ano – e também o fechamento de uma. A mais recente edição do Perfil do PIM, documento compilado pela Suframa, informa que o subsetor de matérias plásticas conta com 80 empresas produzindo na capital amazonense, atualmente.

No corte por especialidades de linhas de produção e subsegmentos, aproximadamente 70% da indústria termoplástica do PIM tem no seu processo de manufatura a extrusão. Outras 25% usam o processo de injeção plástica, e as 5% restantes usam vacuumforming e rotomoldagem. Duas fábricas produzem garrafas PET; em torno de 12% são componentistas e há outras que trabalham ainda com quarteirização.

“A grande maioria das empresas do nosso setor no PIM normalmente tem muita tecnologia embarcada no seu processo de produção e, portanto, produzem peças técnicas.O subsetor de injeção foi o que mais sofreu com a crise econômica. Já as empresas de chapa/filme e de embalagem foram as que cresceram”.

 

Pressão dos custos

No acumulado, o polo termoplástico do PIM consumiu US$ 885.13 milhões em partes e peças para manufatura, um gasto proporcionalmente menor do que o do ano passado. Indagado pela Revista PIM Amazônia se essa diferença indicaria correção inflacionária ou estoque atípico de matéria-prima, o presidente do Simplast explicou que isso se deve a outro fator.

“A redução se deve ao fato de o subsetor que mais cresceu em 2018, faz uso de um insumo mais barato. Porem esse percentual está muito próximo da média dos últimos quatro anos. Isso pode mudar nos próximos meses devido à valorização da moeda americana”.

A pressão dos custos é um dos motivos de dor de cabeça da indústria plástica em todo o país (ver boxe). O setor de transformados plásticos acumulou, de janeiro a maio, aumentos que variam de 10% a 20% dependendo do tipo de matéria-prima, informa a Associação da Indústria do Plástico (Abiplast).

Em contrapartida, o percentual repassado ao consumidor por meio de elevação de preços foi de 1,5%ao longo do primeiro trimestre do ano. A maior parte do custo adicional, segundo a Abiplast, está sendo absorvida pelas transformadoras de plástico, “sem horizonte de repasses considerando uma demanda que mostra sinais de retração”.

Parte desse incremento vem vitaminado pela variação do preço do barril de petróleo, que avançou 6% em oito meses – de US$ 68.99 para US$ 73.13. Mas o verdadeiro fator que pressiona os custos é a escalada do dólar. De janeiro a agosto, quando chegou a ultrapassar a barreira dos R$ 4, a cotação da moeda norte-americana avançou 22,89%, segundo dados do Banco Central.

Preocupada com a situação, a entidade nacional que representa a indústria plástica chegou a encaminhar, ao final de maio, uma carta às petroquímicas alertando para os impactos negativos da elevação de preços para a economia.

 

Otimismo e investimentos

Claudio Barrella destaca que, apesar dos reveses, o segmento está otimista em relação ao curto prazo e, por isso, está investindo mais neste ano. Os aportes contabilizados até julho, segundo a base de dados da Suframa, encostaram em US$ 1.53 bilhão. O montante injetado nos sete meses iniciais de 2018 já é superior ao consolidado no exercício passado (US$ 1.50 bilhão) e mesmo ao apurado em cada um dos quatro anos anteriores.

O detalhe é que a injeção de capital não visaria tanto a ampliação da capacidade produtiva. O sindicato patronal calcula que o segmento trabalha hoje com uma faixa que vai de 60% a 80% do uso de sua capacidade instalada, dependendo do tipo de linha de produção.A verdadeira meta, portanto, seria a atualização tecnológica do parque industrial para tornar a plantas fabris de Manaus aptas aos desafios da Industria 4.0.

“Tivemos um pequeno crescimento dos investimentos produtivos em 2018 em relação a 2017, mas mesmo assim o montante é significativo. Somos o terceiro subsetor em aportes de capital no Polo Industrial de Manaus em 2017 e 2018. Sem dúvida, vemos isso como uma demonstração de otimismo do empresário do termoplástico”. […]

 

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