O jornalista Alfredo Menezes, novo gestor da Suframa, iniciou sua primeira entrevista no cargo exortando os atores locais a vender o peixe da Zona Franca de Manaus com mais insistência. Além de convidar o Brasil para passear na floresta, lembrou nossa missão de prestação de contas da discreta contrapartida fiscal, e ainda assinalar com mais competência as contribuições positivas de nossa economia para o contribuinte e setores organizados da sociedade brasileira. Além de jornalista e doutor em Planejamento, Menezes é Coronel da Reserva do Exército Brasileiro e especialista em Amazônia, posto que atuou muito próximo ao ex-Comandante Militar da Amazônia, Eduardo Villas Bôas. Prestar contas e anunciar oportunidades significa conhecer como funciona há 52 anos este que é o maior acerto fiscal da História da República. E conhecer é premissa educacional que remete nossos jovens, desde tenra idade, a mergulhar na memória amazônica, para que as gerações que se sucedem compreendam o presente e possam estar preparadas para desenhar um futuro próspero e solidário. E quem conhece a Amazônia se sente compromissado e orgulhoso de fazer parte deste cenário de desafios, mistérios e realizações.
As métricas do resultado
Ainda no âmbito da exigência educacional, o Superintendente destacou os danos de uma visão deturpada de nossa economia e apontou a necessidade de estudarmos a produção dos números de que tanto precisamos para prestar contas dos acertos, avaliar nossos resultados e ajustar nossas rotinas. Focar na Educação como ponto de partida de nossa mudança de paradigmas, supõe saber relatar os resultados. A propósito, ele destacou a geração de milhares de empregos, a começar pelos 250 mil postos de trabalho gerados no estado de São Paulo, onde há investimentos industriais equivalente a três ZFM para atender a demanda da Planta Industrial de Manaus. Isso se soma a 700 mil estimados ao longo da cadeia produtiva de nossa indústria, sem falar dos empregos gerados na agricultura para atender a demanda alimentar da população de Manaus. A ZFM explodiu nossa demografia na sequela positiva de nossa economia. Para um estado que importa 80% do seu consumo alimentar, estimar essa geração de empregos é um curioso desafio.
Bioma Florestal, serviços e benefícios
Destacando o aspecto econômico que se coaduna com o ecológico, o Superintendente ainda chamou atenção para os serviços socioambientais oferecidos por uma floresta protegida. E quem a protege senão o modelo industrial, agroindustrial comercial e de serviços que são oferecidos a uma população que, fatalmente, buscaria consumir a floresta para sobreviver. Enfatizou não apenas o regime de chuvas, os benefícios para a agricultura do agronegócio e para o abastecimento dos reservatórios do Sudeste. Ora, isso pode ser um primeiro passo para a mensuração do PIB Verde. Quanto custa o serviço ambiental de uma floresta protegida? Para o Superintendente, alinhado com as questões essenciais de nossa economia, retomar nossa História é conhecer o papel que as Forças Armadas tem desenvolvido na região, incluindo a iniciativa de resgatar nos anos 60, o projeto original da ZFM, de autoria do deputado Federal José Pereira da Silva, o Pereirinha, e recriar este modelo atual em fevereiro de 1967. A ZFM, a BR 319, a Transamazônica, entre outras ações da presença atuante dos militares na região, revela os desafios de infraestrutura que precisam ser retomadas de imediato para evitar o esvaziamento desse modelo de acertos. “A visão militar foi baseada na ideia de garantir defesa e desenvolvimento para a região. O que militar tem de bom? A gestão, que é alicerçada no planejamento e na fiscalização e que valoriza a probidade e a austeridade. E é isso que vocês podem esperar de mim”. Mais uma vez, aqui cabe seguir destacando o papel exercido por uma boa educação para entender a história e a doutrina militar de acertos que podem ser aferidos pelo respeito e acolhimento afetuoso dos ribeirinhos em relação às Forças Armadas, especialistas de primeira hora na gestão do bioma amazônico.
Amazônia, muito além das hidrelétricas
No último dia 18, uma reportagem publicada no Jornal Valor Econômico reafirmou a necessidade da qualificação de recursos humanos na região para enxergar a “Amazônia Muito-Além do Kilowatt-hora.”, o título da publicação, de autoria da repórter Daniella Chiaretti. O título, certamente, se refere sutilmente ao fato de que 60% da energia que abastece a Grande São Paulo vem das hidrelétricas da Amazônia. A matéria, porém, busca descrever os pilares de uma nova economia, ou melhor, a Bioeconomia de que falou Carlos Nobre, membro da Academia Americana de Ciências, há dois anos, no evento promovido pelo Instituto Escolhas e Insper. A reportagem sugere investimentos em inovação tecnológica para alavancar a indústria da dermocosmética, com os óleos vegetais capazes de manter o mais milenar dos sonhos, a eterna juventude. Investir na fruticultura do açaí, do guaraná e do cupuaçu, desenvolvendo tecnologias de mercado, é criar a superação das armadilhas de quem depreda a floresta em troca de um ganho discreto da madeira ilegal, que pode ser substituído por uma economia robusta, de nutracêutica, alimentos funcionais, em 10 anos, faturando o dobro do agronegócio. É disso que fala o Superintendente da Suframa quando menciona a economia da Indústria 4.0, onde a floresta oferece um clone para ser impresso fidedignamente numa floresta virtual, produtiva e promissora. Um salto tecnológico se faz necessário, o que os ingleses chamam de leapfrog, o salto do sapo, “o sapo cururuca da beira do rio”, para resgatar a canção de ninar que pode, em vez de adormecer, acordar as novas gerações na construção de uma nova e próspera sociedade.
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