Pressionados pelos aumentos da energia e dos preços dos bens intermediários, os custos da indústria brasileira subiram 8,8% em 2018 frente a 2017. Foi a maior alta registrada desde o início da série em 2006, informa o Indicador de Custos Industriais, divulgado nesta sexta-feira (15), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Enquanto os custos subiram 8,8%, os preços dos produtos industrializados aumentaram 8,4%, conforme o Índice de Preços de Manufaturados Domésticos (IPA-Indústria de Transformação), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Isso mostra que a indústria reduziu sua margem de lucro pois enfrentou dificuldades para repassar o aumento de custos aos consumidores.
O Indicador de Custos Industriais é formado pelos índices de custo tributário, de custo com capital de giro e com custo de produção. O único componente do indicador que caiu no ano passado foi o custo com capital de giro, que recuou 15,5% em relação a 2017. O índice de custo tributário subiu 3,6% e o de produção aumentou 10,9% em 2018 na comparação com 2017.
O índice de custo de produção é composto pelos índices de custos com pessoal, energia e bens intermediários (insumos e matérias-primas utilizados na fabricação de um produto). O campeão dos aumentos no ano passado foi o custo com energia, que subiu 18,2% em relação a 2017. “Foi o segundo maior aumento da série iniciada em 2006, atrás apenas do aumento de 41,3% verificado em 2015”, diz o estudo da CNI. A energia elétrica subiu 12,8% e o óleo combustível aumentou 41,3% no período.
Os custos de produção também foram impulsionados pela alta de 13,4% nos custos com bens intermediários. O custo com intermediários domésticos subiu 11,9%, o maior da série histórica, que começou em 2006. Na avaliação da CNI, além da elevação dos custos com energia, a greve dos caminhoneiros, a tabela de preço mínimo dos fretes rodoviários e a alta de 22,3% nos insumos e matérias-primas importados também contribuíram para o aumento dos bens intermediários. O aumento dos custos com bens intermediários importados é resultado da desvalorização do real frente ao dólar ao longo de 2018.
CÂMBIO E COMPETITIVIDADE – Entretanto, a desvalorização do real ajudou a melhorar a competitividade dos produtos brasileiros. Isso porque, enquanto os custos da indústria nacional cresceram 8,8%, o preço dos manufaturados importados aumentou 22,5% em reais na comparação com a média de 2017. A indústria brasileira também ganhou competividade no mercado externo, pois os preços dos produtos manufaturados nos Estados Unidos subiram 20,8% no mesmo período em que os custos no Brasil subiram 8,8%. “A redução dos custos industriais é essencial para melhorar a competitividade da indústria brasileira no longo prazo, sem depender de desvalorização cambial”, diz a economista da CNI Maria Carolina Marques.
A CNI destaca que a desvalorização do real tem dois efeitos sobre a competividade brasileira. No curto prazo, há um impacto positivo porque a valorização do dólar encarece os produtos estrangeiros. No médio prazo, o impacto é negativo pois o dólar mais caro eleva os custos da indústria com insumos e matérias-primas importadas, o que acaba elevando os custos do produto nacional.
*Informações Agência Brasil de Notícias