“Melhorar o que já existe, colocando valor agregado dentro da Amazônia”

A visita do vice-presidente, Hamilton Mourão, traduz a importância que esta reunião representa para o governo Bolsonaro e para os militares de alta patente das Forças Armadas que os assessoram. Em seu discurso ele sublinhou que a Amazônia está na lista de prioridades do Planalto, destacando a fragilidade de infraestrutura – leia-se baixa competitividade – que economia regional padece: energia elétrica, logística de transportes e as sequelas desses gargalos na condição social da população. Sem mencionar gestão anterior, Mourão fez um rápido balanço do cenário fiscal e anunciou mudanças: \”Temos que organizar e reorganizar o sistema que é caótico, complexo, baixar as alíquotas, de modo que todo mundo pague o que tem que ser pago. E a partir daí os nossos empresários e a população de modo geral entendam o que está pagando e tenha condições de usufruir daquilo que o Governo vai retornar com base nesta arrecadação\”. ZFM como prioridade não condiz, aparentemente, com queda das alíquotas nacionais. Sendo a ZFM uma iniciativa militar há de se esperar, porém, a retomada dos propósitos originais e os avanços de nossa economia.

Agregar valor é salto da inovação

Valor agregado soa como música há 52 anos aos olhos e ouvidos dos atores do setor produtivo da ZFM. Essa foi uma das promessas engavetadas na medida em que a gestão pública, em lugar de diversificar a economia na direção inteligente e sustentável dos recursos naturais, foi-se apropriando da riqueza e confiscando seus ativos. Ou seja, melhorar o que existe significa, exatamente, adensamento, diversificação e regionalização da economia, como se pode intuir da fala do vice-presidente Hamilton Mourão. Infelizmente, projetos como o do INCRA não tiveram o mesmo resultado da criação da Embrapa, por razões transversas e gestão ineficiente. Enquanto a EMBRAPA se espalhou por mais de duas dezenas de países espalhando benefícios e riqueza, o INCRA – no pós declínio da gestão militar – se deixou corromper pelos atrativos da moeda fundiária.

Máquina pesada e ineficiente

Já descobrimos por razões abundantes que são ocas às pressas de melhorar e racionalizar o gasto público, melhorar a qualidade da gestão pública. E todo esse esforço não tem valido a pena. Hoje, para sair do lugar, o que precisamos mesmo é de um governo melhor, menos arrecadação de tributos e menos gastos. Não apenas menos gastos, devem ser as duas coisas, mas principalmente arrecadar menos para gastar menos. Esta opinião insistente de Jaime Benchimol é compartilhada com muita gente de diversas colorações políticas. E se devemos gastar bem é para cobrarmos menos impostos. Por que o Brasil não é mais competitivo a nível mundial? Pelos quatro cantos do planeta o que nós olhamos são os países reduzindo as dívidas dos impostos das empresas de algo como 35%. As empresas ficaram mais leves, ficam com mais recursos para investir e competir, isso gera na consequências de mais empregos. Pois bem, no cenário brasileiro, poucas vezes se percebeu no âmbito empresarial tanto otimismo. Vamos torcer para que a classe política mantenha-se nos papéis de situação e oposição mas não continue a atrapalhar o Brasil. Nós vamos encontrar uma grande oposição, as esquerdas vão se articular, os sindicatos vão se articular, vão tentar o máximo que puder, impedir o sucesso dessa nova iniciativa, dessa nova missão. O Banco Mundial tem apontado com muita competência os estragos dessa máquina e o desperdício de recursos que o amadorismo provoca.

Reconciliação com o capitalismo

Essa doutrinação mais populista de transformar o benefício em voto, e manter o status de poder com o assistencialismo crônico, tem levado os países a assaltar os próprios cofres para se perpetuar no poder predador. A guinada do país atende a movimentação política de diversos segmentos. Esses segmentos recomendam a reconciliação com o capitalismo e isso poderá acontecer nesse momento em que o próprio Estado se reconhece agigantado, lerdo e corrompido. Na fala do próprio General Hamilton Mourão, Vice-Presidente da República, cujo pai nasceu em Humaitá, está explícito esse compromisso com a região, ele trabalhou aqui, serviu aqui, e reiteradas vezes, ao lado do próprio Paulo Guedes, já falou que eles vão dar andamento no asfaltamento da BR 319 e da BR 163. Então para nos a BR 319 é um novo pilar, um novo vetor de crescimento econômico para região que deve ser aproveitado. Agora ou nunca. Nunca tivemos uma estrada de qualidade, conectando o Amazonas ao resto do Brasil, isso vai criar novas oportunidades em todas as áreas da economia, não apenas para baratear fretes de alguns produtos, tanto para chegar em Manaus ou que possamos mandar para o resto do Brasil, mas também para criar novas oportunidades na área agrícola, pecuária, de extração de produtos, extração mineral, de uso de produtos da floresta. O bom senso é favorável a que nos utilizemos uma parcela maior do que está sendo usada hoje do nosso estado para aproveitamento econômico. Se hoje estamos usando 2% ou 3% da superfície do estado, preservando 97% de forma intocável, esse número é exagerado, alto demais e nos impõe um custo muito grande. Com a abertura da estrada é compatível com essa sugestão que cabe na lei os 20% que temos direito. Ora, não chegamos nem perto disso, mais de 2 ou 3% seria o suficiente para criar vetores importantes para nossa economia. Então só esse aspecto por si só já nos anima bastante com novas perspectivas.

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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]

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