Pesquisa mostra que os políticos brasileiros em geral são aprovados por apenas um quarto dos eleitores
É enorme a distância entre o Legislativo e a população brasileira. Essa conclusão é de pesquisa da Quaest, feita a pedido da escola de formação política RenovaBR.
O trabalho não trata especificamente desse abismo entre eleitores e eleitos, mas demonstra essa distância em números. Dos 1.554 eleitores ouvidos presencialmente, 66% admitiram não lembrar em quem votaram para deputado federal em 2018, 15% disseram lembrar-se, e 19% votaram branco, nulo ou não compareceram. Sobre o Senado, os números são bastante parecidos.
A pesquisa mostra que os políticos brasileiros em geral são aprovados por apenas um quarto dos eleitores e reprovados por 73% dos entrevistados. números assustadores como termômetro da democracia no país.
Além disso, mais da metade dos eleitores admitiu não saber o que um deputado federal faz.
Ao comentar a íntegra da pesquisa, Eduardo Mufarej, fundador do RenovaBR, diz que a pesquisa mostra que o brasileiro está “pessimista, mas quer mudar o Congresso via eleições, o que nos traz esperança”.
Ante esse quadro desolador fica a interrogação sobre quais razões levariam o eleitor a tal desinteresse. A questão é complexa, joga com diversos fatores, mas alguns saltam aos olhos.
O voto proporcional é inadequado para promover uma integração entre eleitor e eleito. Forma uma massa amorfa, de difícil fiscalização por parte do votante.
Por isso, esse sistema foi abandonado pela grande maioria dos países democráticos; sobrevive em três ou quadro nações, dentre elas o Brasil.
Ao contrário, o voto distrital ou distrital misto aproxima eleitor e eleito. A identificação entre a cidadania e os parlamentares é permanente.
Deputados precisam responder aos anseios de suas bases, sob risco de derrota em pleitos futuros.
Mudar esse sistema não é fácil porque teria de receber a aprovação de parlamentares eleitos pelo atual voto proporcional, que creem que este seja determinante para sua sobrevivência política.
Outro fator que distancia o eleitorado de seus representantes é o famigerado o voto obrigatório. O voto deve ser um direito, e não uma obrigação do eleitor.
Assim — como acontece na maioria dos países — o voto facultativo, além de obrigar o candidato a um exercício permanente de diálogo, cria a necessidade de motivar o eleitor comparecer às urnas.
Nosso sistema atual, na verdade, superestima a ignorância da população e torna o voto uma tarefa mecânica e desinteressante.
É evidente que ainda há muito mais a estudar. Mas, voto distrital ou distrital misto e voto não obrigatório seriam fatores de melhores escolhas e de participação e evolução política do país.
Fonte: CNN – Coluna Boris Casoy
Foto: Pablo Valadares/Estadão Conteúdos