Alerta: casos agudos de Covid-19 voltam a crescer na Amazônia

Novo Boletim InfoGripe divulgado pela Fiocruz mostra sete, dos nove estados da região, entre os que registraram aumento na Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19. Desses, cinco capitais estão entre as com maior número de registros
Foto: Getty Images

Por Ana Danin, com informações da Fiocruz

A análise divulgada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), referentes à semana de 21 a 27 de janeiro, mais os casos das seis semanas anteriores que foram inseridos até o dia 29, do mesmo mês.

Ao contrário do cenário nacional, dez estados, principalmente das regiões Norte e Nordeste, apresentam um sinal de aumento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19, na tendência de longo prazo. Desses, sete estão na Amazônia Legal: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso (único da região Centro Oeste), Pará, Rondônia e Tocantins. Os outros três estados nesta lista são Pernambuco, Piauí e Sergipe.

A Fiocruz ressalta que no Acre, Amapá e Rondônia “o indício ainda é compatível com a oscilação, embora o cenário atual da região Norte recomende atenção”. Ainda assim, a Fundação os incluiu na lista, por conta da tendência de aumento de casos. E, no caso do Amapá, ao lado de Mato Grosso, Pará e Tocantins, o estudo já aponta um crescimento no número de casos, que também é destaque nos outros três estados da região Nordeste anteriormente citados. Vale lembrar que, também em janeiro, o Laboratório Central da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso sequenciou e identificou uma nova subvariante da covid-19, a JN 2.5, uma variação da Ômicron. Foi o primeiro registro dessa subvariante em todo o país.

A análise dos casos SRAG nas capitais, revelou crescimento em oito, sendo seis dos estados da Amazônia Legal: Cuiabá (MT), Macapá (AP), Manaus (AM), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC) e Belém (PA). As outras capitais onde o aumento dos casos foi registrado estão na região Nordeste do país: Aracaju (SE) e Recife (PE).

Casos estão crescendo principalmente entre a população adulta

No Mato Grosso e no Norte do país, o Boletim divulgado na quinta-feira, 1º, pela Fiocruz, indica que o aumento das SRAG se concentra nas faixas etárias da população adulta, com sinal de associação aos casos de Covid-19 durante o mês de janeiro. A Fiocruz pontua que “a mortalidade da SRAG continua se mantendo significativamente mais elevada nos idosos, com predomínio da Covid-19.”

O pesquisador do Programa de Computação Científica da Fiocruz (Procc/Fiocruz) e coordenador do Boletim, Marcelo Gomes, destaca que esta região Norte ainda não havia sido afetada pelo crescimento observado durante o final do segundo semestre de 2023 no país. “O aumento começou pelo Centro-Sul e afetou o Nordeste no final do ano passado, chegando ao Norte apenas agora na virada do ano”, observou Gomes.

Cenário Nacional – Segundo a Fiocruz, nas últimas oito semanas, a incidência e mortalidade de SRAG mantêm o padrão típico de maior impacto entre crianças pequenas e idosos. Também nos casos de SRAG por Covid-19, permanece o cenário de maior impacto nas crianças até dois anos e população a partir de 65 anos de idade.

“Enquanto a incidência de SRAG apresenta impacto mais elevado nas crianças até dois anos de idade, em termos de mortalidade temos o inverso, com a população a partir de 65 anos sendo a mais impactada. Outros vírus respiratórios com decorrentes da SRAG nas crianças pequenas são o Vírus Sincicial Respiratório [VSR] e o rinovírus. No agregado nacional, a influenza mantém volume significativamente baixo. Já o VSR apresenta indícios de possível aumento em alguns locais do país”, informa o coordenador do InfoGripe.

Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de 5,7% para influenza A; 0,4% para influenza B; 10,2% para VSR; e 66% para Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 5% para influenza A; 0% para influenza B; 1,9% para VSR; e 89,9% para Sars-CoV-2 (Covid-19).

Referente ao ano epidemiológico 2024, A Fiocruz explica que já foram notificados 4.240 casos de SRAG, sendo 1.479 (34,9%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 1.710 (40,3%) negativos e ao menos 752 (17,7%) aguardando resultado laboratorial. Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado. Foram registrados 276 óbitos, referentes aos casos de SRAG de 2024, sendo 159 (57,6%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 94 (34,1%) negativos e ao menos 13 (4,7%) aguardando resultado laboratorial

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