Até 2025, o estado do Amazonas precisará qualificar 114 mil pessoas em ocupações industriais, sendo 19,3 mil em formação inicial – para repor inativos e preencher novas vagas – e mais de 94 mil em formação continuada, para trabalhadores que devem se atualizar. De acordo com Antonio Silva, presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (FIEAM), os dados fazem parte do Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, estudo realizado pelo Observatório Nacional da Indústria.
As ocupações industriais são aquelas que requerem conhecimentos tipicamente relacionados à produção industrial, mas estão presentes também em outros setores da economia. O presidente também cita que o mercado de trabalho passa por uma transformação, ocasionada principalmente pelo uso de novas tecnologias e mudanças na cadeia produtiva. “Cada vez mais, o Brasil precisará investir em aperfeiçoamento e requalificação para que os profissionais estejam atualizados”.
Em todo o país, a demanda é de 9,6 milhões de trabalhadores qualificados. O Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025 visa identificar demandas futuras por mão de obra e orientar a formação profissional de base industrial no país. A demanda por formação no estado por nível de qualificação será de:
Nível de qualificação | Demanda |
Qualificação (menos de 200 horas) | 42.924 |
Qualificação (mais de 200 horas) | 34.492 |
Técnico | 27.850 |
Superior | 8.785 |
TOTAL | 114.051 |
Em volume, ainda prevalecem as ocupações de nível de qualificação, que respondem por 74% do emprego industrial no Brasil hoje. Contudo, chama atenção o crescimento das ocupações de nível técnico e superior, que deve seguir como uma tendência. Isso ocorre por conta das mudanças organizacionais e tecnológicas, que fazem com que as empresas busquem profissionais de maior nível de formação, que saibam executar tarefas e resolver problemas mais complexos.
As áreas com maior demanda por formação são: Transversais, Eletroeletrônica, Metalmecânica, Logística e Transporte, e Construção. As ocupações transversais são aquelas que permitem ao profissional atuar em diferentes áreas, como técnico em Segurança do Trabalho, técnico de Apoio em Pesquisa e Desenvolvimento e profissionais da Metrologia, por exemplo.
Estudo avalia estimativas e cenário político, econômico, tecnológico e de emprego
O SENAI é a principal instituição formadora em ocupações industriais no país. Para subsidiar a oferta de cursos, em sintonia com as demandas por mão de obra do setor produtivo, o Observatório Nacional da Indústria desenvolveu a metodologia do Mapa do Trabalho Industrial, referência no Brasil. Segundo Rogério Pereira, diretor regional do Senai, “o estudo é uma projeção do emprego setorial que considera o contexto econômico, político e tecnológico”, o diretor explica que um dos diferenciais é a projeção da demanda por formação a partir do emprego estimado para os próximos anos.
Para esse cálculo, são levadas em conta as estimativas das taxas de difusão das novas tecnologias nas empresas e das mudanças organizacionais nas cadeias produtivas, que orientam o cálculo da demanda por aperfeiçoamento, e uma análise da trajetória ocupacional dos trabalhadores no mercado de trabalho formal, que subsidiam o cálculo da formação inicial. Um trabalho de inteligência de dados e prospectiva que deve subsidiar ações e políticas de emprego e educação profissional.
O estudo agrupa as ocupações industriais em 25 áreas. Abaixo, as que mais precisarão formar até 2025:
Áreas com maior demanda por formação (inicial + continuada) | |
Área | Demanda |
Transversais | 21.838 |
Eletroeletrônica | 18.905 |
Metalmecânica | 17.420 |
Logística e Transporte | 15.617 |
Construção | 10.085 |
Automotiva | 5.635 |
Alimentos e Bebidas | 5.177 |
Química e Materiais | 3.619 |
Tecnologia da Informação | 3.517 |
Energia, Água e Esgoto | 2.052 |
Abaixo, as ocupações com maior demanda por formação, agrupadas por nível de qualificação: superior, técnico, qualificação mais de 200 horas e qualificação menos de 200 horas:
SUPERIOR | ||
Voltados para quem tem o ensino médio completo ou equivalente, visam a formação de um bacharel ou licenciado. São de longa duração, com carga horária mínima de 2.400 horas, sendo que algumas chegam a 7.200 horas. | ||
Ocupação | Demanda em formação inicial | Demanda em aperfeiçoamento |
Analistas de tecnologia da informação | 194 | 1.567 |
Engenheiros de produção, qualidade, segurança e afins | 67 | 643 |
Gerentes de produção e operações em empresa da indústria extrativa, de transformação e de serviços de utilidade pública | 70 | 490 |
Pesquisadores de engenharia e tecnologia | 78 | 406 |
Pesquisadores das ciências naturais e exatas | 38 | 403 |
TÉCNICO | ||
Cursos técnicos têm carga horária entre 800h e 1.200h (cerca de 1 ano e 6 meses) e são destinados a alunos matriculados ou egressos do ensino médio. | ||
Ocupação | Demanda em formação inicial | Demanda em aperfeiçoamento |
Técnicos de controle da produção | 579 | 4.375 |
Montadores de veículos automotores (linha de montagem) | 272 | 2.975 |
Técnicos de planejamento e controle da produção | 239 | 1.549 |
Técnicos em eletrônica | 292 | 1.391 |
Técnicos em eletricidade e eletrotécnica | 186 | 1.281 |
QUALIFICAÇÃO + DE 200 HORAS | ||
Os cursos de qualificação são indicados a jovens e profissionais que buscam desenvolver novas competências e capacidades profissionais para a inserção em uma ocupação. Esses cursos não demandam um nível de escolaridade específico. Ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão. | ||
Ocupação | Demanda em formação inicial | Demanda em aperfeiçoamento |
Montadores de equipamentos eletroeletrônicos | 1.779 | 13.867 |
Operadores de processos das indústrias de transformação de produtos químicos, petroquímicos e afins | 139 | 1.354 |
Trabalhadores de instalações elétricas | 455 | 1.035 |
Mecânicos de manutenção de máquinas industriais | 280 | 1.083 |
Operadores de instalações e máquinas de produtos plásticos, de borracha e moldadores de parafinas | 150 | 1.208 |
QUALIFICAÇÃO – DE 200 HORAS | ||
Os cursos de qualificação são indicados a jovens e profissionais que buscam desenvolver novas competências e capacidades profissionais para a inserção em uma ocupação. Esses cursos não demandam um nível de escolaridade específico. Ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão. | ||
Ocupação | Demanda em formação inicial | Demanda em aperfeiçoamento |
Alimentadores de linhas de produção | 2.580 | 10.967 |
Motoristas de veículos de cargas em geral | 494 | 2.995 |
Ajudantes de obras civis | 1.106 | 1.659 |
Operadores de máquinas a vapor e utilidades | 249 | 2.027 |
Apontadores e conferentes | 404 | 1.799 |
Aprendizagem ao longo da vida para driblar desemprego e aumentar produtividade
O diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi, reconhece que a recuperação do mercado formal de trabalho será lenta em razão da retomada gradual das atividades econômicas no pós-pandemia. Para melhorar o nível e a qualidade do emprego e contribuir para o progresso tecnológico e aumento da produtividade nas empresas, será indispensável priorizar o aperfeiçoamento de quem está empregado e de quem busca novas oportunidades. “Estamos diante de um cenário de baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), reformas estruturais paradas, como a tributária, eleições e altos índices de desemprego e informalidade. Nesse contexto, o Mapa surge para que possamos entender as transformações do mercado de trabalho e incentivar as pessoas a buscarem qualificação onde haverá emprego. E essa qualificação será recorrente ao longo da trajetória profissional. Quem parar de estudar, vai ficar para trás”, avalia.
Fonte: Fieam
Foto: Divulgação