Planalto quer discutir mudanças em projeto no Senado e se reaproximar do povo, que faz oposição à proposta.
Após a delegação da condução da economia ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e da política ao vice-presidente Michel Temer, o Palácio do Planalto adotou como agenda própria do seu governo a mudança do projeto da terceirização. Com isso vê uma forma de se reaproximar das bases eleitorais, sindicais e partidárias.
Na avaliação de lideranças do governo no Congresso e do PT, apóias alterações no projeto durante a tramitação no Senado pode favorecer a presidente Dilma Rousseff e reconquistar o eleitor que não anda nada feliz com os rumos do atual governo e crítico ao ajuste fiscal proposto pelo Executivo. Parte do pacote, previsto para ser votado nesta semana, atingem benefícios trabalhistas e previdenciários. “Para o governo, sem dúvida, é um tema muito importante. A discussão de certa forma resgata a relação com os movimentos sociais e é uma bandeira que passa pelo PT e pelo governo. Acredito que acaba catalisando, unificando todos, Lula, o governo e o PT, dando um discurso melhor e colocando de volta a turma na rua”, afirmou o líder do governo no Senado, Delcidio Amaral (PT-MS). Uma nova manifestação contra o projeto patrocinada pelo PT e encampada pela CUT poderá em Brasília e em vários Estados no final deste mês. O governo e o PT ao se posicionarem, buscam se diferenciar da agenda considerada conservadora até aqui pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos principais defensores de que não existam restrições ao projeto de terceirização.
Líderes do PT esperam que o tema da terceirização também permaneça em discussão na mídia, possibilitando ao partido se aliar a setores contrários à terceirização. “Vamos fazer todo o esforço para ter uma discussão exaustiva porque tem uma repercussão muito grande sobre os trabalhadores. Sem dúvida, é um tema que nos favorece. Vamos construir na sociedade uma posição contrária ao projeto”, apontou o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). “Quando mais se debater com repercussões na imprensa, temos a probabilidade de ter uma pressão maior quando o projeto voltar para a Câmara, onde teve uma votação apertada.”
Pela tramitação no Senado, a matéria deverá passar pelas comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Assuntos Econômicos (CAE), Direitos Humanos (CDH) e Assuntos Sociais (CAS). A atuação do governo será forte nesses colegiados, CAE e CDH, por exemplo, são presididas, respectivamente, pelos petistas Delcídio Amaral e Paulo Paim. As outras duas por peemedebistas próximos ao Planalto, como José Maranhão na CCJ e o ex-ministro Edison Lobão na CAS. Interlocutores da presidente Dilma pensam que não se pode deixar que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se responsabilize sozinho pela reação ao projeto Cunha e se coloque como defensor de um setor que historicamente esteve ao lado do PT.
Fonte: http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,bandeira-contra-terceirizacao-vira-aposta-para-resgatar-popularidade-imp-,1680486