CIEAM 40 anos: a batalha perene de Mário Guerreiro

O MUNDO EM CONVULSÃO – corria agitado o ano de 1979. No Irã, depois de 38 anos de autocracia impiedosa do Xá Reza Pahlavi, o aiatolá Khomeíni, exilado por 15 anos, volta a Teerã, a capital, em clima de convulsão social e instala a República Fundamentalista Islâmica, focada no Al Corão, sob rigor teológico/moralista e anti-Ocidental, para enfrentar a “encarnação do Satã” , em suas palavras, o imperialismo norte-americano. O fato mudou a configuração estratégica global, acirrando conflitos na região e no contexto das relações ente Estados Unidos e União Soviética. No Brasil, com uma diplomacia de conciliação inteligente, os militares se preparavam para deixar o poder com um legado extraordinário para o Amazonas. Nesse momento, foi assinada a Anistia Ampla, Geral e Irrestrita, começava assim a volta para o Regime Democrático, a Abertura Gradual dos anos 70, um movimento iniciado por Ernesto Geisel e seu sucessor, João Batista Figueiredo. No Amazonas, a volta de Gilberto Mestrinho, empresário e político, se inicia um diálogo fecundo entre poder público e setor produtivo que permitiu, rapidamente, a expansão do Polo Industrial de Manaus. Neste ano foi instalado o CIEAM, Centro da Indústria do Estado do Amazonas.

“…PRINCIPALMENTE DA COMUNIDADE AMAZONENSE” – Neste momento, por todo o país, um clima de mobilização social e política se fez sentir. E com o Amazonas não foi diferente. “Existe uma compulsão na natureza humana que conduz o homem para a formação de grupos sociais definidos…” Era 10 de agosto de 1979 e assim começava o pronunciamento de seu idealizador, Mario Expedito Neves Guerreiro, para iniciar a Fundação do CIEAM, Centro da Indústria do Estado do Amazonas. “…Subordinados a esse determinismo, estamos nós, no dia de hoje, aqui reunidos para instalar o Centro da Indústria do Estado do Amazonas – CIEAM.” E com muita clareza de propósitos define os objetivos: “ O CIEAM surge da necessidade imperiosa de complementar as atividades fecundas da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, FIEAM. Com efeito, o Centro, na condição de sociedade civil, sem jurisdição do Poder Público, o que lhe confere maior flexibilidade nos seus objetivos e no desempenho de suas funções. Dessa maneira, o CIEAM é organizado para somar e ombrear-se aos órgãos representativos do setor industrial do Amazonas, buscando sempre soluções adequadas, que venham ao encontro dos empresários e, principalmente, da comunidade amazonense. Essa visão de mundo e de compromisso com a terra tem sido a marca do CIEAM, de seu presidente e conselheiros, o que inclui uma insistência permanente de ver os recursos pagos pela Indústria serem aplicados de acordo com a exigência legal de promoção do desenvolvimento regional, qualificação acadêmica e técnica, fortalecimento do turismo e Interiorização da economia.

A PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO – Com a instalação do CIEAM foi criada assim uma tribuna de luta na defesa do desenvolvimento econômico do Estado e da Região. O empresário Mário Expedito Neves Guerreiro, ex-pracinha das Forças Expedicionárias do Brasil, é um de nossos pioneiros mais combativos dessa jornada, um empreendedor apaixonado, promotor da economia das fibras malva e juta e, na qualidade de ex-presidente do Banco do Estado do Amazonas, fomentou particularmente a economia do interior e outras tantas façanhas em favor da prosperidade geral deste imenso Amazonas, nessa Amazônia esquecida, sem infraestrutura de transportes e energia que torne suas atividades competitivas. Com clareza e com extremo conhecimento de causa ele descreve os paradoxos de nossa economia . “Hoje a economia do Amazonas caracteriza-se por uma nítida dualidade no setor industrial. De fato, registra-se neste segmento econômico a existência de grupos econômicos tradicionais, transformando as matérias-primas regionais. Por contingências locacionais, já bastante evidenciadas, mas que sempre deverão ser salientadas, como as distâncias e seus subsequentes custos; a peculiaridade de ter de alocar a matéria-prima para um ano de atividade industrial; e a inelasticidade dos preços de seus artigos intermediários e finais, determinaram um frágil dinamismo segmentário. De outro lado, temos um grupo de Indústrias da Zona Franca de Manaus, que apesar dos gravames representados pelo custo da distância e da falta de externalidades econômicas, tornou-se um conjunto dinâmico no sentido lato do termo”.

ADENSAMENTO, DIVERSIFICAÇÃO E INTERIORIZAÇÃO DA ECONOMIA – Na visão estratégica de Mário Guerreiro estava a necessidade do fortalecimento e integração dos dois segmentos. Embora trabalhasse na tecelagem BrasilJuta com a matéria-prima trazida do interior, buscou interferir na cadeia produtiva criando melhores condições de trabalho para a colheita da fibra. Sem falar nas condições trabalhistas aos colaboradores da manufatura em Manaus, onde os operários tinham creche, serviço médico e dentário, Serviço Social e outras comodidades narradas pelos remanescentes dessa jornada histórica. Assim ele descreve essa visão estratégica que depois evoluiu para a insistente bandeira das NOVAS MATRIZES ECONÔMICAS do presidente do CIEAM, e pupilo de Mário Guerreiro, Wilson Périco. (…) Contudo, a nossa concepção dentro do Centro leva-nos a procurar conciliar os objetivos desses dois grupos industriais, consolidando as suas metas em alvos capazes de viabilizar a sua existência econômica na Amazônia Ocidental.” Voltaremos.

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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]

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