BDS, empresa amazonense de uniformes profissionais, vai atender a Marinha do Brasil

Entrevista com o empresário e presidente da Bicho da Seda, Luiz Augusto Barreto Rocha

Integralmente amazonense, a empresa Bicho da Seda Confecções, se afirmou com o florescimento das indústrias do Polo Industrial de Manaus e hoje é líder nacional no fornecimento de uniformes com qualidade de classe mundial. Nesta semana, a notícia do início das tratativas para oferecer os uniformes da Marinha do Brasil foi encarada como um reconhecimento da capacidade e qualificação da Indústria do Amazonas. Atualmente os uniformes, por sua exigência estratégica, são importados. A BDS, com apoio da Santista e do Senai Indústria Têxtil, está qualificada para enfrentar essa refrega. Confira a entrevista.

1. FOLLOW UP – Qual a importância empresarial corporativa para a empresa Bicho da Seda desta parceria tão importante como o fornecimento de uniformes para a Marinha do Brasil?

LUIZ AUGUSTO BARRETO ROCHA – A importância empresarial/corporativa deste projeto é o nível tecnológico que ele implica. O grande diferencial para uma empresa do Amazonas, com mãos amazonenses, realizando um produto de classe mundial reconhecido pela principal Tropa de Elite da Marinha do Brasil que são os Fuzileiros Navais. Eles têm uma estrutura de desenvolvimento extremamente rigorosa. É uma estrutura das Forças Armadas do Brasil reconhecida pelos seus níveis de exigência tecnológicos, coerentes com a função de Tropa de Elite que eles são. Eu diria que é um grande orgulho para nós que aqui produzimos. Um privilégio poder realizar esse trabalho em cooperação com grandes e importantes provedores tecnológico do país, especialmente, a Santista Têxtil, que nos apoiou de maneira muito intensa neste projeto e o SENAI Cetic, Centro de Excelência da Indústria Têxtil , que apoiou toda a parte de documentação do projeto de um de uma forma com muita competência e que permitiu apoio nadocumentação do empreendimento, um mutirão de apoio responsável pela vitória e promoção do estado do Amazonas.

2. FOLLOW UP – Quais os fatores de inovação tecnológica que ajudaram nessa conquista?

LUIZ AUGUSTO BARRETO ROCHA – Estou convencido de que a grande relevância foi conseguirmos realizar um trabalho de detalhamento tecnológico do que seria o estado da arte em proteção de forças militares. E quando a gente está falando de estado da arte está falando desde proteção anti-vetores como proteção UV, como proteção com relação à mira de infrared, visão noturna, conforto, proteção térmica, antibacteriana, entre outras, São características de produto e de conceito que deixam esse item alinhado globalmente com que existe de melhor em roupas militares para Tropa de Elite. E então eu diria que é esse foi o principal requisito que nós conseguimos obter e desenvolver em razão de todos os participantes desse projeto, o que é de extrema relevância para o país.

2. FOLLOW UP – Dê mais detalhes sobre os diferenciais deste produto, o fardamento da Marinha do Brasil?

LUIZ AUGUSTO BARRETO ROCHA – A informação recente é que este produto foi aprovado pelo Ministério da Defesa. Tecnicamente é um produto estratégico de defesa, um PED. Para se fabricam um PED a empresa terá que ser aprovada pelo Ministério da Defesa. Isso é uma portaria do Ministro e o protocolo tem que ser aprovado pelo CEMID, que a é a Comissão Mista da Indústria de Defesa que compõem todas as Forças Armadas. O grande diferencial é que este é um projeto que não é da Marinha é um projeto do Brasil é o projeto das Forças Armadas do Brasil. Posso assegurar que é um produto que, certamente, poderá unificar sua inovação tecnológica para todas as Tropas de Elite do Brasil e o mais importante disso é um produto realizado com mãos dos trabalhadores e trabalhadoras do Amazonas.

3. FOLLOW UP – Uma das metas fortemente sugerido pela secretaria do Produtividade, Emprego e Competitividade é qualificar as indústrias locais para exportação. Quais são as medidas de planejamento para atendimento deste propósito?

LUIZ AUGUSTO BARRETO ROCHA – Quanto à exportação, quando se realiza um produto estratégico de defesa como este de classe mundial, nós já entramos numa base de fornecimento do Ministério da Defesa que faz com que as nossas ofertas de produtos sejam realizadas pela OTAN, pela Comunidade Europeia. Esses uniformes podem estar disponíveis não só na nossa região, mas eu diria a nível global. E esse é o próximo passo que nós teremos que realizar, claro que com todas as imposições do custo Brasil, mas, certamente, viabilizado pelos incentivos do Polo industrial de Manaus. Isso é o mais importante, pois possibilitou uma posição competitiva para que nós pudéssemos realizar essa dimensão de fornecimento.

4. FOLLOW UP – Em que medida a empresa bicho da seda pode representar o padrão de qualidade e inovação que se fortalece na diversificação da ZFM?

LUIZ AUGUSTO BARRETO ROCHA – Outro dia estávamos discutindo a eventualidade do Plano DUBAI e não atentamos para o item da Defesa, entre os tópicos sugeridos para a diversificação da economia. Então nós não compreendemos naquele momento. Defesa com conexão direta com a inovação tecnológica, o que teria sido a intenção do secretário da SEPEC, de Produtividade. Emprego e Competitividade, Carlos da Costa. A Defesa, a propósito, é um dos pontos mais importantes itens de desenvolvimento tecnológico. A Indústria da Defesa do mundo é fronteira de conhecimento. Isso significa que o Polo Industrial de Manaus terá em sua composição a primeira empresa estratégia de defesa do país e que nós possamos estar capacitados a iniciar no seguimento têxtil de confecção – o segundo empregador da Indústria de transformação – e realizar esses desenvolvimentos para fortalecer o fator de diversificação com inovação tecnológica para a Defesa com maiúsculas. Um item de uma especialidade industrial fazendo parte do que se convencionou chamar de plano Dubai. Ora, se nos lembrarmos que as Forças Armadas mobilizam 400 mil pessoas para uniformizar, faz lembrar, comparativamente, que nos primórdios de nosso projeto estimávamos atender 100 mil trabalhadores usuários do Polo Industrial de Manaus. São oportunidades que tentam fornecer com vantagens o fardamento que tem sido adquirido no Exterior com verba pública. Isso é inconcebível, um absurdo do ponto de vista estratégico, sobretudo à vista do desemprego assustador.

5. FOLLOW UP – Fibras regionais estão à espera de emprego na indústria regional e nacional. Que passos já foram dados nessa direção?

LUIZ AUGUSTO BARRETO ROCHA – Com relação às fibras regionais a gente está falando de uma cadeia econômica anterior à cadeia produtiva da BDS. A gente produz a partir da tecnologia têxtil que nos é fornecida. Seria maravilhoso já contar com esse fornecimento de produtos com o toque amazônico. A grande verdade é que essas fibras estão à espera de uma Indústria regional e nacional para empinar. A esse respeito eu posso dizer que faço parte da ABIT, Associação Nacional da Indústria Têxtil e de Confecções, a mais importantes entidade associativa e empresarial deste país no setor têxtil e industrial, e que pode articular estes interesse no sentido de patrocinar uma cadeia de fornecimento com tecidos que contenham a riqueza de nossas fibras. Eis um desafio de uma jornada cravejada de boas surpresas. Muito obrigado.

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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]

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