A brasileira Eletra está investindo R$ 150 milhões para lançar seis novos modelos de ônibus elétricos, o maior portfólio desse tipo de veículo no país.
A empresa inaugurou uma fábrica em São Bernardo do Campo, no ABC paulista (SP), nesta sexta-feira (3), que terá capacidade de produzir 1,8 mil unidades por ano, com a possibilidade de ampliar a produção em 50% apenas dobrando o turno.
Em uma cerimônia que contou com a presença do presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do vice-presidente e ministro da Indústria Geraldo Alckmin (PSB), o lançamento foi palco para colocar um pé do Brasil na discussão sobre o papel que queremos desempenhar na industrialização de baixo carbono.
Nos últimos 20 anos, nós perdemos muito a autonomia. Tínhamos uma indústria dominada por produtos brasileiros e perdemos para os chineses. Chegou o momento de resgatarmos isso. Temos produto, temos competência e vontade de voltarmos a ser exportadores para a América Latina e para o mundo”, discursou Milena Braga Romano, presidente da Eletra.
Junto com esse movimento, está a criação de empregos. A cadeia produtiva de ônibus elétricos poderá gerar 10 mil empregos nos próximos três anos, segundo “estimativas realistas”, garante Milena, podendo aumentar para 30 mil.
A executiva afirma ainda que a ambição da Eletra é se posicionar como líder global em transporte público sustentável na América Latina.
“Um bom exemplo dessa nova indústria que está nascendo no Brasil (…) focada no transporte limpo e sustentável, na descarbonização da economia e melhoria da qualidade de vida nas cidades brasileiras”.
Elétricos no transporte escolar
Durante a inauguração da fábrica, o presidente Lula (PT) encomendou ao ministro da Educação, Camilo Santana (PT/CE), a renovação das frotas de ônibus escolares.
“Nossa frota de ônibus já está muito velha. (…) É preciso renovar para vender mais ônibus, gerar mais empregos e fazer a economia brasileira andar para frente”, disse Lula.
Segundo o presidente, é papel do estado fortalecer a indústria nacional. E mencionou a disputa com a União Europeia pelas compras governamentais no acordo com o Mercosul: Lula diz que não vai ceder compras governamentais em acordo comercial Mercosul-UE.
“Prefiro fazer negócios com os brasileiros para fortalecer a indústria nacional (…) Vamos estar juntos nessa briga, não apenas para ajudar a comprar os ônibus que os municípios precisam, mas [para fazer] essa mudança energética extraordinária que tanto precisamos”.
Também aproveitou para cobrar os US$ 100 bilhões prometidos pelos países ricos em 2009 para ajudar na transição ecológica de países emergentes e vulneráveis.
Onde estamos?
A frota brasileira de ônibus a bateria ainda é pequena. Apenas 376 veículos em todo o país, dos quais 302 são trólebus. Os convencionais a bateria somam 59 e os articulados (mais de 18 metros de comprimento) 13. Os dados são do e-bus Radar.
A título de comparação, no Chile e na Colômbia, países com políticas de incentivo à eletrificação do transporte público, as frotas somam mais de 1,2 mil e 1,5 mil ônibus a bateria, respectivamente.
Produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Plano Decenal de Energia (PDE 2032) estima que as políticas de substituição de frotas do transporte público até o ano passado levarão a um aumento de 10% nos licenciamentos de veículos elétricos novos em 2032.
A análise considera anúncios recentes de cidades como São Paulo, São José dos Campos e Salvador de compra de ônibus elétricos a bateria. Mas equilibra o otimismo com barreiras à expansão acelerada no curto prazo, como preço de aquisição e infraestrutura de carregamento.
Fonte: epbr