Por Diego Mendesdo / CNN Brasil
Desde 1980, o Brasil vem perdendo representatividade no Produto Interno Bruto (PIB) mundial, segundo mostra o levantamento da Austing Rating, com base nos dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em 1980, o PIB brasileiro representava 4,3% do mundial. Esse número foi caindo, passando por 3,6% em 1990, 3,1% em 2000, 2,4% em 2020 e, em 2022, 2,3%.
“A participação do Brasil no PIB mundial estava aumentando até 2012, aumentou ao ponto de o Brasil se transformar na sétima maior economia do mundo. E depois declinou. Tanto que hoje nós estamos perto da 10ª. E ao final desse ano, provavelmente a gente vai ultrapassar a Rússia, que hoje é a 11ª”, diz Carlos Braga, ex-diretor do Banco Mundial e professor da Fundação Dom Cabral.
A série histórica do órgão, iniciada em 1980, mede a participação do país no PIB global por meio da Paridade do poder de compra (PPC). Ou seja, uma métrica que serve para comparar as moedas de vários países por meio de um índice para o poder de compra.
De acordo com o ranking, que priorizou os países latino-americanos, o Brasil sempre esteve no topo, porém vem registrando sucessivas quedas na participação ao logo dos anos.
Segundo Gabriel de Barros, economista-chefe da Ryo Asset, o desempenho do Brasil está desenvolvendo abaixo da média de outras nações e isso faz com que o país perca a representatividade, década após década.
“O Brasil está numa armadilha de baixo crescimento. Toda a América Latina fez o primeiro movimento de saída da pobreza a caminho para a renda média, porém não conseguem sair da renda baixa”.
Para o economista, os países desta localidade ficam andando em círculos, não conseguem migrar para uma renda alta. “Isso é um problema essencialmente de driver de crescimento econômico, o que está muito ligado às instituições políticas e com a qualidade da política econômica que está sendo implementada ao longo dos anos”, aponta.
Braga lembra que, nos anos 80, o Brasil passou por uma crise da dívida externa. Naquele momento, o país teve dificuldades com a questão de capacidade de financiamento, sendo obrigado a que entrar em programas com o FMI. “Estes programas tentam impor ao país uma política de austeridade fiscal, e isso diminui a taxa de crescimento e aumenta o desemprego no curto prazo, porém é uma forma de recuperar a sua capacidade de pagamento”.
Braga faz uma análise entre 1997 a 2021 e mostra que a economia brasileira cresceu, em média, 2,2% do PIB. Porém, se considerar a situação do mundo na totalidade e pensar em termos de renda per capita, de 1970 até 2019, o país cresceu 1,7% ao ano.
Hoje o Brasil não tem esse problema, pois conseguiu controlar. Mas, o economista afirma que existe um problema de dívida doméstica que vem crescendo. “A dívida pública brasileira está aumentando significativamente e este custo impacta no aumento da taxa de juros”.
Perspectivas para o futuro
Barros diz que os brasileiros vão continuar vendo PIB desacelerando, uma vez que o país está com o juro alto, ao contrário do juro negativo do mundo. “O BC subiu os juros e vai segurar esse patamar por um bom tempo até que a economia desacelere. E isso já está acontecendo”.
Porém, uma saída apontada pelo economista é via reforma tributária. “O Brasil é uma economia muito fechada, por isso precisa abrir a economia de forma eficiente. Mas, não dá para fazer abertura econômica com esse sistema tributário”, acredita Barros.
Na visão de Braga, ou o país aumenta os impostos que já tem uma carga tributária elevada, ou vai pagar e ter que fazer cortes orçamentários e definir suas prioridades. “Se o governo quer uma bolsa família de R$ 600, o ideal seria fazer cortes para permitir que a tributação permita financiar esses gastos. Caso contrário, a desaceleração vai continuar daqui para frente”
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