Estudo prevê que, se o Reino Unido deixar a UE sem acordo, Alemanha será o país mais afetado em termos de postos de trabalho, especialmente no setor automobilístico. Em todo o mundo, 600 mil empregos estariam ameaçados.
Uma possível saída do Reino Unido da União Europeia (UE) sem acordo pode custar à Alemanha 100 mil postos de trabalho. A previsão é de um estudo realizado pelo instituto econômico alemão IWH e pela Universidade de Halle-Wittenberg, que analisa possíveis efeitos do chamado hard Brexit.
Segundo a pesquisa, as consequências seriam sentidas, sobretudo, em lugares onde a indústria automobilística tem grande peso. Assim, as cidades de Wolfsburg, na Baixa Saxônia, que abriga a sede da Volkswagen, e de Dingolfing, na Baviera, que responde pela maior produção de veículos da BMW na Europa, seriam bastante afetadas. Estima-se que o setor automobilístico possa perder 15 mil postos de trabalho.
\”Em nenhum outro país o efeito sobre o emprego total seria tão grande quanto na Alemanha\”, disse Oliver Holtemöller, um dos autores da pesquisa, ao jornal alemão Welt am Sonntag.
O polo de tecnologia em Böblingen, no estado alemão de Baden-Württemberg, onde estão empresas como a IBM e a Siemens, também seria afetado. O mesmo destino pode ter Märkischer Kreis, na Renânia do Norte-Vestfália, que abriga diversas empresas alemãs de médio porte que são líderes globais nos produtos que fabricam.
Os analistas preveem ainda que, nesse cenário de um Brexit sem acordo, as exportações da Alemanha – principal economia e maior exportadora da Europa – para o Reino Unido cairiam 25%. Em 2017, o país esteve entre os cincos principais destinos das exportações alemãs, com produtos que somaram 85 bilhões de euros.
O estudo levou em conta apenas os empregos que seriam afetados por essa queda na exportação. Cortes ocasionados por outros fatores, como a redução de investimentos britânicos na Alemanha, não entraram na conta. Em âmbito global, um Brexit sem acordo afetaria mais de 600 mil postos de trabalho, sendo 50 mil na França e 59 mil na China.
A Holanda, por sua vez, vem atraindo milhões de euros em investimentos relacionados ao Brexit, conforme anunciou o governo em Amsterdã no último sábado (09/02). Mais de 40 empresas deixaram o Reino Unido para operar no país em 2018, o que corresponde a 1.923 novos postos de trabalho e cerca de 291 milhões de euros em investimentos.
O receio de que o Reino Unido deixe a UE sem um pacto sobre futuras relações cresceu depois que o parlamento britânico rejeitou um primeiro acordo negociado entre a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, e Bruxelas. A premiê tenta agora renegociar os termos do divórcio antes do dia 29 de março, data em que está prevista a saída do país do bloco europeu.
Da Redação