COP 28: descarbonização e biocombustíveis na pauta industrial

Estudo da CNI lançado durante a Conferência em Dubai mostra que o país precisa investir R$ 40 bilhões até 2050 para descarbonizar o setor
Representantes do setor industrial brasileiro discutiram temas como os desafios e as oportunidades em bioeconomia. Foto: FIEPA

Da Redação, com informações da CNI/Fiepa

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou na 28ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP28), na segunda-feira, 4, o estudo “Oportunidades e riscos da descarbonização da indústria brasileira – roteiro para uma estratégia nacional”. Segundo o levantamento, até 2050 serão necessários cerca de R$ 40 bilhões para descarbonizar a indústria.

Segundo a CNI, a maior parte dos setores estudados tem potencial de mitigação de emissão de gases de efeito estufa (GEE) nos médio e longo prazos, com destaque para cimento, siderurgia e alumínio. A entidade destaca ainda que o mercado de carbono é a ferramenta mais eficiente para que esses objetivos sejam cumpridos e o setor industrial alcance a neutralidade climática.

“Uma política de precificação de carbono adequada ao país, que use as receitas para reduzir distorções da economia brasileira e incentive a criação de empregos, parece estar entre as melhores alternativas para o Brasil cumprir o Acordo de Paris sem prejuízo ao crescimento econômico e social”, afirma o diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), a descarbonização no setor industrial deve fazer parte de uma agenda de transformação que agregue desenvolvimento econômico e o respeito ao meio ambiente e às pessoas. “Para garantir a sustentabilidade dos negócios, a manutenção dos nossos recursos naturais e o bem-estar social, é fundamental que a indústria consiga migrar para processos produtivos mais tecnológicos e avançados que contribuam para uma maior eficiência energética e seja capaz de impulsionar o desenvolvimento socioeconômico do país”, afirmou Alex Carvalho.

O papel da produção de novos biocombustíveis e o potencial do etanol para a transição da matriz energética global foram outros temas discutidos no estande da CNI instalado na COP28. Duas indústrias apresentaram as soluções que vêm desenvolvendo e os resultados obtidos.

Financiamento sustentável – Outro destaque foi o painel sobre financiamentos sustentáveis, que debateu a importância da medida para impulsionar cadeias produtivas que valorizem ações de descarbonização, uso sustentável de florestas nativas e modelos de negócios inovadores em bioeconomia.

De acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), há no Brasil recursos suficientes para investimentos sustentáveis, mas é preciso que o sistema financeiro facilite o acesso a essas fontes e que o governo crie políticas para incentivar quem está disposto a investir.

Levantamento do Observatório Nacional da Indústria, hub de dados da CNI, identificou que, atualmente, há disponível mais de R$ 40 bilhões em fontes de financiamento para projetos na Amazônia Legal. O dado foi levantado a pedido do Instituto Amazônia+21 – organização da sociedade civil de iniciativa da CNI e da Ação Pró-Amazônia – e apresentado hoje na COP28.

“Queremos facilitar a relação entre as potencialidades econômicas sustentáveis presentes na Amazônia Legal brasileira e os tomadores de decisões”, afirmou o presidente da Federação das Indústrias de Rondônia (Fiero) e do Instituto Amazônia+21, Marcelo Thomé.

A CNI sugere o estímulo ao financiamento climático como uma das recomendações para as negociações brasileiras na COP28 e propõe a discussão de uma nova meta climática com detalhes específicos, como cronograma, tipos de financiamento, instrumentos e fontes de acesso. A entidade também enfatiza a importância da equidade na agenda de mitigação e recomenda o desenvolvimento da Estratégia Nacional de Adaptação para orientar o processo e definir estratégias eficazes, incluindo o financiamento climático.

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