Desvalorização do real, alta do preço do óleo combustível e greve dos caminhoneiros provocam aumento nos custos da indústria

O indicador de custos industriais apresentou crescimento de 3,7% no segundo trimestre de 2018 na comparação com o primeiro trimestre, na série livre de efeitos sazonais. Foi o maior aumento registrado desde o quarto trimestre de 2015, quando a expansão chegou a 3,8%. Os dados estão no estudo Indicador de Custos Industriais, divulgado nesta quarta-feira (19), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

 

De acordo com o estudo trimestral, três fatores contribuíram para a alta nos custos da indústria: a desvalorização do real, a alta do preço do óleo combustível e a paralisação no transporte de carga rodoviária em maio de 2018.

 

A moeda brasileira, que se desvalorizou 11,2% no segundo trimestre de 2018, na comparação com o primeiro trimestre deste ano, gerou alguns efeitos. O primeiro deles foi o efeito direto sobre os custos dos bens intermediários importados pela indústria brasileira para a produção, que teve uma alta de 15,2%. “É como se os produtos intermediários importados, que são os componentes que a indústria brasileira traz de outros países, ficassem 11,2% mais caros, sem tempo hábil para as indústrias negociarem preços ou encontrarem outros  fornecedores”, ilustra a economista da CNI Maria Carolina Correia Marques.

 

O segundo efeito da desvalorização do real foi sobre o preço do óleo combustível, que apresentou crescimento de 24,4% no segundo trimestre de 2018 em relação ao primeiro trimestre, alta influenciada também pelo aumento de 11% no preço internacional do petróleo no período. Esses fatores elevaram 8,5% os custos com energia da indústria brasileira no segundo trimestre.

 

Por fim, o terceiro efeito foi a greve dos caminhoneiros sobre o preço dos insumos domésticos. A paralisação gerou uma escassez, que, por sua vez, elevou o preço dos intermediários domésticos em 4,9% também no segundo trimestre de 2018. “Adicionalmente, como consequência da greve dos caminhoneiros, foi estabelecido um tabelamento de frete que aumentou o preço com transporte rodoviário de carga. Esse aumento no valor do transporte é repassado ao preço dos produtos e pressiona os preços dos intermediários  domésticos”, explica Maria Carolina. O custo com capital de giro apresentou queda de 3,8% e se destaca com a nona retratação seguida. É o maior período de queda ininterrupta dos juros desde o  início da série em 2006.

 

Apesar da alta nos custos industriais, o estudo da CNI mostra que a indústria preservou a sua lucratividade no trimestre, pois o aumento de preços dos produtos manufaturados foi de 3,8%, indicando capacidade de a indústria repassar o aumento de custos do trimestre aos consumidores.

 

*Informações Agência CNI de Notícias

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