O BCB pode se tornar o primeiro grande banco central a parar de fornecer impulsos ‘hawkish’ (na direção de alta de juros) à moeda
O dólar começou agosto com bastante volatilidade, trocou de sinal várias vezes na sessão e acabou fechando em ligeira alta ante o real nesta segunda-feira, com um pano de fundo externo menos favorável a risco diante de temores de recessão e preocupações geopolíticas.
O dólar à vista registrou variação positiva de 0,09%, a 5,1772 reais na venda, após oscilar entre 5,206 reais (+0,64%) e 5,1277 reais (-0,87%).
O dia foi de bastante instabilidade nas praças financeiras globais, com forte queda do petróleo por temores de recessão, inflados por uma série de dados mais fracos da atividade manufatureira em economias centrais.
As bolsas de valores norte-americanas até chegaram a subir, mas pioraram o sinal na parte da tarde, o que coincidiu com a tomada de fôlego do dólar por aqui. [.NPT].
A demanda por ativos de segurança movimento que costuma elevar o dólar ante moedas como o real se deu ainda em meio a tensões acerca de uma viagem programada da presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan. A China alertou que seus militares nunca “ficariam de braços cruzados” se ela visitasse a ilha, autogovernada e reivindicada por Pequim.
No campo doméstico, o mercado começa agosto com as atenções voltadas para o Banco Central, que na quarta-feira deverá anunciar aumento dos juros em 0,50 ponto percentual, para 13,75% ao ano. Há avaliações de que o Bacen pode reforçar sinais de que o ciclo de aperto monetário está próximo do fim, embora analistas também lembrem a piora nas expectativas inflacionárias para 2023.
“O BCB pode se tornar o primeiro grande banco central a parar de fornecer impulsos ‘hawkish’ (na direção de alta de juros) à moeda”, disse em nota o banco Goldman Sachs, segundo o qual a alta de juros da próxima quarta será a última deste ciclo.
“De forma geral, isso deixa os juros locais de curto prazo atraentes em relação à moeda, especialmente se as visões cíclicas globais forem novamente pressionadas”.
O banco norte-americano estima que o dólar ficará em 5,50 reais dentro de três meses e em 5,30 reais ao fim de seis meses. Em 12 meses, a cotação cairia para 5,00 reais.
Fonte: Eonomia/UOL