Rússia: Putin vence eleição e permanecerá no poder até 2030

Eleição foi sem surpresas e cercada de críticas. Presidente já está no poder há 24 anos. Só Josef Stalin ficou mais tempo no comando, ainda como União Soviética
Vladimir Putin, presidente da Rússia. Foto: AFP via BBC

Da Redação

O resultado das eleições realizadas durante três dias, na Rússia, foi o que o país e o mundo já esperavam. No domingo, 17, ao fim do processo eleitoral, duramente criticado externamente pela ausência de observadores internacionais e suspeitas de fraude, Vladimir Putin venceu a eleição e se manterá no poder até 2030.

A Comissão Eleitoral Central da Rússia informou que Putin teve cerca de 87% dos votos, com cerca de 60% dos distritos eleitorais apurados até por volta das 18h15 de domingo. Este cenário já havia sido indicado por resultados de pesquisas de boca de urna divulgados logo após o encerramento da votação. Mais de 8 milhões de pessoas votaram online, segundo o órgão.

O atual presidente não tinha outros concorrentes com real chance de vitória. Isso porque os outros três candidatos, todos deputados, são considerados aliados de Putin. A maior parte dos políticos de oposição foi presa, e alguns deles morreram em circunstâncias obscuras, como Alexei Navalny e Boris Nemtsov. Outros, como Garry Kasparov, foram classificados como terroristas e deixaram o país.

Na prática, Putin não permite que opositores reais disputem eleições contra ele – foi o que aconteceu neste ano. Veículos de imprensa também foram banidos — inclusive o “Novaya Gazeta”, cujo fundador venceu um Nobel da Paz por causa do jornal.

Com a vitória este ano, Putin, que está no poder desde 2000, se consolida como o líder russo que ficou mais tempo no cargo desde Joseph Stalin quando o país ainda era União Soviética. Aos 71 anos, este será seu quinto mandato como presidente.

Maior país do mundo em área territorial e com uma população de 141 milhões de habitantes, a Rússia adotou a votação em três dias para dar conta de regiões com 11 fusos horários diferentes. São cerca de 114 milhões de eleitores, incluindo ucranianos convocados a votar nos territórios ocupados por tropas russas.

Críticas externas – Logo após a divulgação dos primeiros resultados oficiais que apontavam a vitória de Vladimir Putin, a Casa Branca, sede do governo dos EUA, já soltou um comunicado informando que o pleito “obviamente não foi livre nem justo”. Ao criticar o processo eleitoral, os Estados Unidos ressaltaram que “Vladimir Putin prendeu seus oponentes e impediu que outros concorressem contra ele”.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também se manifestou sobre o resultado. Para o mandatário, não há legitimidade no processo — o qual ele chamou de “imitação de eleições”.

“É claro para todos no mundo que essa figura — como já aconteceu muitas vezes ao longo da história — está simplesmente doente pelo poder e está fazendo de tudo para governar para sempre”, afirmou. “Essa pessoa deveria ser julgada em Haia. É isso que temos de garantir.”

A afirmação de Zelensky ocorreu em meio às ofensivas da Rússia contra a Ucrânia, em uma guerra que dura mais de dois anos e não tem perspectiva de acabar.

Ao mencionar julgamento em Haia, o presidente ucraniano se refere ao Tribunal Penal Internacional de Haia, que já chegou a pedir pela prisão de Putin por crimes de guerra.

Antes mesmo de saírem os primeiros resultados da eleição russa, o governo da Alemanha já havia chamado o processo de “pseudo-eleição” e afirmado que o pleito “não é livre e nem justo”.

“O governo de Putin é autoritário. Ele depende da censura, da repressão e da violência. As ‘eleições’ nos territórios ocupados da Ucrânia são nulas, sem efeito e outra violação do direito internacional”, escreveu o Ministério Exterior do país no X (antigo Twitter).

O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, por sua vez, afirmou que “ao realizar eleições ilegalmente em território ucraniano, a Rússia demonstra que não está interessada em encontrar um caminho para a paz”.

“O Reino Unido continuará a fornecer ajuda humanitária, econômica e militar aos ucranianos que defendem a sua democracia”, concluiu a pasta, em publicação no X.

*Com informações do g1

Entrevistas

Rolar para cima