Ferrogrão e a exploração de óleo e gás no Pará são discutidas

Representantes dos setores produtivo e acadêmico paraenses reuniram-se esta semana, na sede da Federação das Indústrias do Pará (FIEPA), para discutir a importância da construção imediata da Ferrogrão e a exploração do óleo e gás na costa oceânica Norte. O encontro, promovido pela FIEPA e Pelo Centro das Indústrias do Pará (CIP), teve o objetivo de apresentar as vantagens econômicas que as duas temáticas podem trazer ao Pará. O evento foi transmitido on-line, com grande participação da comunidade acadêmica. 

A Ferrogrão, projeto de ferrovia que interligará Sinop (MT) a Miritituba, em Itaituba (PA), está paralisado desde março do ano passado por decisão liminar do Supremo Tribunal Federal, a pedido do PSOL, que considera que a obra traria risco de desmatamento na região. “As ferrovias são consideradas como túneis ecológicos, pois passam por uma região sem causar dano. Os estudos mostram que o projeto da Ferrogrão é absolutamente viável e se a ferrovia não for construída, o Pará estará à margem do desenvolvimento do Brasil e perderá o bonde da história”, considera José Maria Mendonça, presidente do CIP e vice-presidente da FIEPA.

Segundo dados da Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT), o investimento previsto para a ferrovia é de R$ 8,42 bilhões, podendo chegar em até R$ 21,5 bilhões de aplicações ao longo da operação. Serão 933 km de trilhos, entre a região produtora de grãos do Centro-Oeste ao Pará, desembocando no Porto de Miritituba. “A questão da logística é um problema global do mercado agrícola e que afeta diretamente a nossa competitividade. Nós precisamos urgentemente da Ferrogrão para reduzir, pelos meus cálculos, em até 55% o frete interno”, comenta o presidente da Associação Comercial do Pará (ACP), Clóvis Carneiro. 

Para Gleize Gealh, Diretora Geral Norte da Hidrovias do Brasil, o projeto da Ferrogrão já possui todas as condições técnicas, socioambientais, jurídicas e econômico-financeiras necessárias para a realização do leilão. “A Ferrogrão precisa sair do papel e logo. A soja e o grão vão ter o seu destino, seja a partir daqui ou de outras regiões, mas nós precisamos nos engajar pensando no desenvolvimento do Pará. Enquanto o investidor não perceber que o Pará está buscando essa relevância, os investimentos vão para outras regiões. O projeto que o Governo Federal tem em mãos é suficiente para viabilizar a Ferrogrão agora. O Pará não pode perder essa grande oportunidade de desenvolvimento”, diz a diretora. 

Exploração de óleo e gás

A reunião também contou com uma palestra sobre a exploração de óleo e gás na costa oceânica Norte, apresentada pelo Doutor em Energia e professor da UFPA, Estanislau Luczynski. Na exposição, o especialista mostrou as potencialidades do Pará na exploração desses recursos, já que, segundo o estudo, o Pará está rodeado por bacias sedimentares com indícios ou potencial para petróleo e gás natural. 

Para o especialista, é muito importante a aproximação do setor produtivo com a academia, pois a união do conhecimento e expertise entre os atores é fundamental para criar soluções e desenvolvimento, gerando benefícios em cadeia. “Todas as vezes que você fala em produzir petróleo e gás natural, você automaticamente está revertendo o investimento que foi feito em pesquisa, para a sociedade. Não é só o setor produtivo que ganha. Os Royalties são revertidos para as universidades, prefeituras, sociedade e assim por diante,” conclui Luczynski.

Seguindo o mesmo raciocínio, José Maria Mendonça enfatiza o ganho econômico para o Pará com a exploração dessas áreas com potencial para petróleo e gás. “Basta um simples olhar para a costa petrolífera do Rio de Janeiro, onde os munícipios melhoraram expressivamente seus Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). Por isso, devemos também superar essas barreiras ambientais e pensar em como a exploração desses recursos trará melhoria de vida para as pessoas dessas regiões e para o Pará como um todo. Não podemos mais negligenciar esse poderio natural que temos para desenvolver”, conclui Mendonça. 

Fonte: Fiepa

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