França enfrenta greve dos sindicatos que lutam contra reforma previdenciária de Macron

Atrasar a idade de aposentadoria em dois anos renderia € 17,7 bilhões adicionais em contribuições anuais para pensões

Trens pararam na França, escolas foram fechadas e negócios paralisados ​nesta quinta-feira (19), quando trabalhadores abandonaram os empregos na tentativa de inviabilizar uma reforma previdenciária planejada que aumenta idade de aposentadoria em dois anos – para 64 anos.

O dia nacional de greves e protestos é um grande teste para o presidente Emmanuel Macron, que diz que sua principal reforma é vital para garantir que o sistema previdenciário não quebre.

Pesquisas de opinião mostram que os eleitores franceses rejeitam de forma esmagadora seu plano de fazê-los trabalhar por mais tempo.

“Não há nada de bom nesta reforma”, disse Rozenn Cros, na cidade de Cannes, no sul da França, enquanto ela e outros professores se preparavam para a greve, com cartazes escritos “Não a 64”.

O desafio para os sindicatos, que são muito menos poderosos na França do que costumavam ser, é se eles podem transformar a oposição à reforma – e a raiva com a crise do custo de vida – em um protesto social em massa e, eventualmente, fazer com que o governo volte atrás.

“Hoje vai ser um grande dia de mobilização”, disse o líder do sindicato linha-dura CGT, Philippe Martinez, à Public Senat TV

Para Macron, o que está em jogo são suas credenciais reformistas, tanto em casa quanto com seus pares da União Europeia, além de manter os gastos públicos sob controle.

Atrasar a idade de aposentadoria em dois anos e estender o período de pagamento renderia € 17,7 bilhões adicionais (quase R$ 100 bi) em contribuições anuais para pensões, permitindo que o sistema chegasse ao ponto de equilíbrio até 2027, segundo estimativas do Ministério do Trabalho.

Os sindicatos argumentam que existem outras maneiras de garantir a viabilidade do sistema previdenciário, como taxar os super-ricos ou aumentar as contribuições dos empregadores ou dos aposentados abastados.

“Bloquear o país”?

Os sindicatos descreveram o dia como um ponto de partida, com mais greves e protestos a seguir.

“O que ninguém pode saber, e nem mesmo os sindicatos sabem, é se os franceses são rabugentos o suficiente para… bloquear o país”, disse Bruno Palier, professor da Sciences Po.

A reforma ainda precisa passar pelo parlamento, onde Macron perdeu a maioria absoluta, mas espera que seja aprovada com o apoio dos conservadores.

O transporte público foi severamente interrompido nesta quinta.

Apenas entre uma em três e uma em cinco linhas de TGV de alta velocidade estavam operando, com quase nenhum trem local ou regional circulando, disse a operadora ferroviária SNCF.

Cerca de sete em cada dez professores disseram que vão entrar em greve, informou o sindicato principal.

O fornecimento de energia foi reduzido em oito reatores nucleares e em algumas usinas hidrelétricas devido à greve, disse o grupo de serviços públicos EDF.

O executivo-chefe da TotalEnergies, Patrick Pouyanne, disse que um dia de greves e protestos não interromperá as operações da refinaria, mas isso pode mudar se as greves durarem.

Enquanto isso, Macron e vários de seus ministros estarão em Barcelona para uma reunião com o governo espanhol.

Fonte: Reuters

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