O dólar poderia estar mais baixo não fossem os ruídos políticos, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, em audiência pública na Câmara dos Deputados. Ele declarou que a guerra política tem reflexos no mercado financeiro.
“O dólar poderia estar mais baixo em relação ao real se não tivesse essa guerra nossa”, afirmou o ministro, sem entrar em detalhes. No final da tarde de quarta-feira (7), o dólar comercial fechou a R$ 5,24, no maior valor desde o fim de maio.
Apesar de pedir maior consenso político, Guedes disse que o dólar alto ajuda alguns setores da economia brasileira, como o turismo interno. Na avaliação dele, o nível atual do câmbio favorece as viagens dentro do país.
“Hoje, com o dólar a R$ 5, o que está acontecendo? Famílias humildes do Brasil inteiro estão se beneficiando porque essa família rica, entre aspas, em vez de estar indo para a Disneylândia levando funcionários e uma porção de gente, está viajando pelo Brasil”, disse. Em sua intervenção, o ministro não relacionou o turismo interno com as restrições a viagens internacionais impostas pela pandemia da covid-19.
Reforma administrativa
O ministro participou de duas audiências públicas na Câmara dos Deputados. Pela manhã, foi à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle prestar esclarecimentos sobre a política econômica. E desde o meio da tarde, Guedes falou à comissão especial que discute a reforma administrativa.
Durante a audiência sobre a reforma administrativa, o ministro enfrentou cobranças de deputados da oposição sobre os cálculos do governo com a economia promovida pela reforma. Os parlamentares argumentam que o prazo final para a apresentação de destaques ao texto acaba hoje (8) e que a falta do detalhamento dos números impede a sugestão de emendas e de alterações.
O ministro respondeu que os números do impacto fiscal da reforma administrativa são públicos e conhecidos desde que a proposta foi enviada ao Congresso, em setembro do ano passado. Guedes, no entanto, comprometeu-se a enviar os dados novamente à comissão especial.
Os deputados cobram a apresentação das cifras, em forma de anexo, aos estudos da reforma. Segundo os parlamentares, o próprio Ministério da Economia divergiu sobre o assunto, divulgando estimativas de economia de R$ 300 bilhões e de R$ 450 bilhões nos próximos dez anos.
Guedes defendeu a diferença, informando que os diversos números consideram diferentes cenários de aprovação da proposta de emenda à Constituição.
Parlamentares que participam da audiência querem que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, prorrogue o prazo de apresentação de emendas e destaques após o envio dos dados detalhados pela equipe econômica.
*Informações Agência Brasil de Notícias
Foto: Cleia Viana / Câmara dos Deputados