A transportadora dinamarquesa Maersk anunciou esta semana a encomenda de seis navios porta-contêineres de médio porte – todos com motores bicombustíveis capazes de operar com metanol verde.
Ao todo, a companhia agora tem 25 embarcações habilitadas para metanol encomendadas. Pioneira nessa demanda, a Maersk fez o primeiro pedido em 2021, e se comprometeu a só adquirir novos navios que possam navegar com combustíveis descarbonizados.
Segundo a companhia, o movimento ganhou novos adeptos desde então, e dois anos depois a carteira global de pedidos está em mais de 100 navios habilitados para metanol.
As seis novas embarcações que passarão a integrar a frota entre 2026 e 2027 serão construídas pelo Yangzijiang Shipbuilding Group, e terão 9.000 TEUs de capacidade.
- O TEU é um container padrão com 6,1 metros de comprimento.
“Isso permitirá que essas embarcações preencham muitas funções em nossa rede atual e futura, oferecendo assim a flexibilidade que nossos clientes exigem. Uma vez implantados, eles substituirão a capacidade já existente em nossa frota”, conta Rabab Boulos, diretor de Infraestrutura da Maersk.
Nos próximos meses, o primeiro navio habilitado para metanol – aquele encomendado em 2021 – será entregue à Maersk.
A viagem inaugural do alimentador de 2.100 TEUs está prevista para setembro de 2023, partindo da Coréia do Sul em direção a Copenhague, na Dinamarca. Será o primeiro do mundo a navegar com o combustível derivado de hidrogênio verde.
A dinamarquesa estima que as 25 novas embarcações reduzirão suas emissões anuais de gases de efeito estufa (GEE) em cerca de 450 mil toneladas de CO2e por ano com base no ciclo de vida do combustível ao operar com metanol verde.
Vale dizer, todas elas terão motores bicombustíveis, o que permite operar tanto com metanol verde, quanto com óleo combustível fóssil.
Ter a possibilidade de abastecer com diferentes alternativas é importante enquanto as soluções de baixo carbono ainda não estão disponíveis em escala comercial.
Não à toa, as traders também estão se movimentando para estabelecer corredores de abastecimento verdes e fomentar a produção de diferentes tipos de combustíveis.
Na semana passada, a Yara Clean Ammonia e a Bunker Holding assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) para acelerar os planos de abastecimento com amônia como combustível marítimo.
A colaboração se concentrará na exploração de oportunidades para fornecer amônia de baixo carbono ao longo das principais rotas comerciais e portos em várias regiões geográficas.
“A partir de 2026, espera-se que as empresas de navegação expandam o uso desse combustível sustentável para reduzir as emissões de CO2 em até 100% em todo o ciclo de vida”, diz a Yara em nota.
Retrofit verde. Também esta semana, o grupo de tecnologia Wärtsilä foi contratado pela operadora de balsas sueca Stena Line para converter algumas de suas embarcações para operar com metanol.
As conversões incluirão o sistema de abastecimento de combustível e modificações no motor, e permitirão às balsas entrar em conformidade com regulamentos como o Indicador de Intensidade de Carbono (CII), FuelEU Maritime e a meta de redução de GEE da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês).
Responsável por 90% de todo o comércio global, o transporte marítimo responde por cerca de 3% das emissões de GEE. O compromisso da IMO é cortar esse volume pela metade até 2050.
As conversões estão programadas para ocorrer em 2025. Para a Stena Line, o metanol verde é o combustível viável para a transição do transporte marítimo.
“À medida que continuamos a implementar nossa estratégia de descarbonizar todas as nossas operações, vemos o metanol como um combustível alternativo viável que nos ajudará a alcançar essa ambição. Há oito anos, convertemos a Stena Germanica para operar com metanol, e nossa experiência com essa inovação tem sido muito positiva”, afirma Ian Hampton da Stena Line.
Cresce apoio para taxar emissões da navegação. A Cúpula de Paris para um Novo Pacto de Financiamento Global encerrada na semana passada recebeu novos endossos políticos para uma taxa global sobre as emissões de transporte marítimo.
Em outubro de 2021, representantes desse mercado enviaram à IMO a proposta de criação de um imposto global que seria o primeiro para qualquer setor industrial.
Agora, a proposta tem o apoio de dois dos três maiores armadores (Grécia e Japão), dois dos três maiores construtores de navios (Coreia e Japão) e dois dos três maiores Estados de bandeira (Libéria e Ilhas Marshall).
O Brasil historicamente tem se posicionado contra a taxa. Novas negociações na IMO estão ocorrendo esta semana, e em julho está marcada reunião para adotar o acordo final sobre a estratégia revisada do setor.
Fonte: Agência epbr