Com a indicação do vice-presidente Geraldo Alckmin para o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), levantou-se a campanha de neoindustrialização do Brasil. O processo se baseia na criação de políticas públicas com foco em sustentabilidade, inclusão social e tecnológica. A ideia do vice-presidente é alavancar o setor no País, trabalhando na descentralização da indústria e investindo em regiões que precisam de atenção nesse setor, como a Amazônia.
No Brasil, o processo de industrialização, por si só, se deu de maneira tardia, uma vez que começou de fato um século após o surgimento das indústrias na Europa. Enquanto o Brasil ainda era uma economia colonial para o mundo, o cenário internacional passava por grandes transformações em seu processo de produção e comércio.
Como consequência desse cenário de atraso, a Amazônia, mais afastada do centro comercial e de desenvolvimento brasileiro, foi uma das zonas que teve menos progresso em termos de crescimento tecnológico. O panorama começou a sofrer alterações, principalmente, a partir de 1967, com a criação da Zona Franca.
O parque industrial recebe empresas de todo o globo, sobretudo do ramo eletrônico, e se configura como uma área beneficiada com incentivos fiscais e tarifas alfandegárias, fiscalizada pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa),
De acordo com o estudo ”Zona Franca de Manaus – Impacto, Efetividade e Oportunidades”, realizado pela Fundação Getúlio Vargas, através da Escola de Economia de São Paulo (FGV EESP), a ZF agrega mais valor por cada R$1,0 produzido do que a indústria de transformação brasileira. Isso se deve provavelmente à incorporação de novas tecnologias como smartphones e telas de LED, por exemplo.
Para a economista e docente do departamento de Economia da Ufam, Michele Aracaty, é importante destacar as iniciativas adotadas pela Suframa nos últimos anos, bem como o programa de exportação e as feiras onde os produtos são apresentados ao mundo.
Michele afirma que ao longo dos anos as exportações vêm ganhando força, mas o modelo ainda abastece mais o mercado interno e os países vizinhos e que uma das justificativas para isso é a posição geográfica é uma variável que contribui para o abastecimento do mercado nacional e América Latina.
“Outra variável é o tipo de produto aqui fabricado, produtos da linha branca e duas rodas que são demandados por um público específico, ou seja, os demais estados brasileiros e países vizinhos”, explica Aracy.
De acordo com o levantamento da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares – Abraciclo, as fabricantes de motocicletas instaladas no Polo Industrial produziram 500 mil unidades no primeiro quadrimestre de 2023.
O resultado dos primeiros quatro meses do ano é o melhor em produção e emplacamento dos últimos nove anos. Essa é a primeira vez, desde 2014, que a indústria supera a marca de meio milhão de unidades produzidas em quatro meses.
Segundo levantamento do Comex Stat, com dados disponibilizados pela Abraciclo, a Colômbia foi o principal destino, com 5.130 motocicletas e 27,9% do volume exportado. A Argentina recebeu 5.036 unidades e ficou em segundo lugar (27,4% das exportações). Na terceira posição do ranking, ficaram os Estados Unidos (2.462 motocicletas e 13,4% do total exportado.
“O Brasil exporta para mais de 40 países. Nosso principal mercado são os países da América do Sul, porém, cada fabricante tem desenvolvido estratégias específicas para alcançar em relação ao mercado de outros países. Nossos produtos hoje são exportados para os Estados Unidos, Canadá e Austrália, por exemplo”, explica Antônio Bento, presidente da Associação.
Bento afirma que a conquista de consumidores desses países é muito importante, pois mostra que os produtos fabricados na região possuem alto valor agregado e atendem aos altos níveis de exigência dos consumidores.
O mercado industrial abriu novas oportunidades para a exportação. Embora a Zona Franca seja um exemplo de sucesso de em termos de produção e comércio, outros Estados da Amazônia também se firmam nos diferentes ramos da indústria, principalmente na relação de trocas com países da América Latina e Mercosul.
Você pode conferir mais dados sobre o tema na edição Nº 158 da Revista PIM Amazônia.