Jornada fotográfica sob escolta

Eustáquio Libório

Por volta de 2007, um grupo de fotógrafos profissionais, junto com amadores da fotografia, e também da cidade de Manaus, criou um movimento chamado a Escrita da Luz.  A ideia era juntar essas pessoas para fotografar sítios históricos e turísticos de Manaus com o objetivo de, a partir desse material, montar exposições fotográficas e divulgar a capital do Amazonas.

Naquela época, esse grupo saía às ruas sem nenhuma preocupação com a segurança.  Profissionais integrantes do grupo levavam seus equipamentos, alguns, como quem estava começando a fotografar, uma câmera básica, mas havia quem possuísse equipamentos melhores e com preços mais elevados, mesmo assim saíam para fotografar com esses equipamentos.

Pouco mais de dez anos depois, no último domingo, dia 19 de agosto, outro grupo de fotógrafos resolveu fotografar o centro de Manaus como uma forma de comemorar a data dedicada ao Dia Mundial da Fotografia. A iniciativa de aproveitar o domingo ensolarado e quente teve início no Paço da Liberdade, onde o grupo se concentrou para fazer um percurso que terminou no Largo de São Sebastião, por volta das 11h.

A grande diferença entre as saídas de 2007 e a atual foi a preocupação com a segurança. Os organizadores da jornada fotográfica tomaram a iniciativa de buscar apoio e uma viatura da Polícia Militar acompanhou o grupo durante toda a manhã. O fato exemplifica o clima de medo e de insegurança que hoje impera na cidade e faz as pessoas pensarem mais de uma vez quando vão se expor nas ruas.

Em 2007, a taxa de mortes por homicídios, no Amazonas, era de 21,1 por 100 mil habitantes. Desde então, e até 2012, só cresceu. Em 2013 houve uma queda nessa taxa, que no ano anterior fora de 37,4 por 100 mil habitantes, e ficou em 31,3 por 100 mil habitantes. Essa baixa pode ser atribuída ao serviço de segurança comunitária inaugurado naquele ano, o Ronda no Bairro, que colocou a polícia mais próxima da comunidade.

Mas, como se sabe, tudo que é bom dura pouco, e as mudanças no governo que aconteceram em seguida devem ter contribuído para excluir a segurança das prioridades e o resultado é que, já em 2014, a taxa de homicídios subiu para 32 por 100 mil habitantes.  No ano seguinte, 2015, já voltara ao nível de 2012 e atingira 37,4 por 100 mil habitantes.

É possível que medidas tomadas em 2016 tenham feito essa taxa recuar um pouco naquele ano, para 36,3 homicídios por 100 mil habitantes. Este é o último número divulgado pelo Mapa da Violência, levantamento efetivado com apoio do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), embora o cidadão não consiga perceber se está mais seguro, hoje, do que há dois anos atrás.

A evolução, o crescimento do número de homicídios entre 2005 e 2015 foi de 101,7%, passando a 16,8% entre 2014 e 2015, enquanto no período de 2010 a 2015 ficou em 20,3%. Não é uma taxa que dê segurança a ninguém, pois continua a aumentar o número de homicídios do Amazonas, embora o Mapa indique que entre 2015 e 2016 a taxa teve redução (-2,9%).

A insegurança no Amazonas, no entanto, também se aplica a área da saúde, com doenças que se tinha como erradicadas e que voltaram a assolar o amazonense. A insegurança faz vítimas com a infraestrutura que não é melhorada e se não mata “na hora”, aumenta o preço dos produtos e leva os 314 mil desempregados do Amazonas ao desespero, outra insegurança catalogada por aqui.

 

 

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