Da Redação, com informações do Governo Federal
Ouvir a ciência, proteger os povos originários e a floresta são os pontos que a ministra Marina Silva, do Ministério Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), defendeu no domingo (6/8), para evitar que a Amazônia entre em um “ponto de não retorno”. A fala se deu no último dia dos Diálogos Amazônicos.
Marina frisou que há uma convergência de posicionamentos entre os países amazônicos e que todos precisam buscar soluções para os problemas resultantes do uso de agrotóxicos e da exploração predatória dos recursos naturais.
Após participar da quarta plenária-síntese, orientada ao debate sobre mudança do clima, agroecologia e sociobioeconomias, no último dia dos Diálogos Amazônicos, a ministra afirmou que as contribuições da sociedade estão sendo sistematizadas e serão entregues aos presidentes de Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela — países que formam o Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). Entretanto, segundo Marina, já há o entendimento dessas prioridades para conter a destruição do bioma Amazônia.
De acordo com a ministra, foi acertada a decisão do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, de trazer a sociedade para discutir os problemas e incorporar as sugestões do encontro, realizado em Belém (PA) entre 4 e 6 de agosto, ao documento final dos países. “Foi uma decisão muito acertada do presidente Lula de fazer essa cúpula em dois trilhos, o trilho governamental e o trilho da sociedade civil. Ao fazerem suas propostas, a sociedade estará também fazendo uma declaração conjunta de quais são as prioridades para proteger e desenvolver a Amazônia”, argumentou.
Ponto de Não Retorno
Ao lado das colegas da Colômbia e do Peru (as também ministras Susana Muhamad e Albina Ruiz Ríos), Marina Silva afirmou que, para evitar o ponto de não retorno da Amazônia, é preciso trabalhar conjuntamente para alcançar os melhores resultados na proteção da floresta, da biodiversidade e dos povos, com uma parceria que leve a região amazônica a um ciclo de prosperidade.
“Esse é um entendimento comum”, reforçou ao pontuar que, quando a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) foi criada, há 45 anos, preponderava a “visão desenvolvimentista”. A titular brasileira do Meio Ambiente disse que hoje a perspectiva é outra, “já que ficou claro que o crescimento não é linear e o progresso não é constante.”
Marina explicou que na Cúpula da Amazônia, que ocorrerá nos dias 8 e 9 de agosto, e reunirá os presidentes dos países que estão integrados pela floresta, cada nação colocará suas questões específicas, buscando posicionamentos comuns.
A ministra peruana Albina Ruiz disse que a Amazônia passa por três crises: climática, de biodiversidade e de contaminação.
“Temos muitos passivos ambientais a enfrentar. É preciso passar à ação”, convocou. A colombiana Susana Muhamad, disse que a ciência e os conhecimentos tradicionais devem sustentar as ações de preservação da floresta para evitar o ponto de não retorno. Ela defendeu o fortalecimento da OTCA como ambiente para trocas políticas e técnicas entre os governos, com envolvimento da sociedade, tal como ocorreu nos Diálogos Amazônicos.