Mario Guerreiro, pioneirismo e protagonismo civil

Wilson Périco (*) [email protected]

CIEAM, quarenta anos, a obra visionária do Dr. Mario Guerreiro, segue fiel ao impulso original de seu fundador. E o que podemos dizer sobre a importância de sua visão de futuro pensando as condições atuais do Amazonas, suas finanças, seus equipamentos e serviços públicos e a violência que nos sobressalta? Alguém está descuidando sua parte, descuidaram da educação e da aplicação dessa montanha absurda de impostos na direção da cidadania. E, se calarmos, seremos conivente com o desrespeito aos compromissos do idealizador desta Entidade, tanto o de “…buscar sempre soluções adequadas, que venham ao encontro dos empresários e, principalmente, da comunidade amazonense.” E esta, diríamos, é sua preocupação central, para não descuidar da estrutura, funcionamento e direitos da empresa, sabendo que, em estando fluindo positivamente o processo produtivo, a economia evolui e a comunidade terá emprego, escola, segurança pública, qualificação acadêmica para seus filhos e perspectiva de futuro próximo para a região, ou seja, serão atendidas as grandes demandas do tecido social. Dr. Mario não se calou nem titubeou em dizer ao poder público – presente na solenidade de instalação do CIEAM – que a Indústria confia em si mesma, na força produtiva de soluções e riqueza que nos define. O nome disso é pioneirismo e protagonismo civil.

A senha é o Interior

Sua visão de futuro incorpora sempre o pleno emprego. E, coerente com sua história de vida e de luta, a saída está no interior, no manejo inteligente dos recursos naturais, na exploração sustentável de nossas vocações mais sintonizadas com as demandas da Humanidade. Estamos aqui pensando na geração de alimentos com a piscicultura e a fruticultura, produzidas no menor espaço com maior produtividade, graças aos recursos da tecnologia e nanobiotecnologia. Em conversas recentes ele vem defendendo que deveríamos fazer o projeto Radam da Biodiversidade. E o que é isso? Muitos de nós talvez não saibamos que, em 1975, o empresário visionário Eliezer Batista, o homem que idealizou a Embraer, entre outras genialidades, desenhou o Projeto RADAM para a Amazônia, um levantamento aerofotogramétrico da floresta com equipamentos de sofisticados Raios X, acoplados a aviões de porte longo percurso para vasculhar o que havia de mineral precioso e estratégico na Amazônia, um levantamento contido numa biblioteca de Geologia e Mineralogia com mais de 70 volumes. Pois bem, Dr. Mario defende que se faça algo semelhante com as bioriquezas da Amazônia, um levantamento precioso e detalhado para levantar a ocorrência de espécies de alto valor agregado e a melhor forma de seu aproveitamento perene. O que significaria isso para o Brasil, senão a transformação do Amazonas na capital mundial da Bioeconomia da Sustentabilidade.

Fibra, fé e foco

Foi essa sua intuição original quando se voltou para as fibras de juta e malva – de olho na Interiorização da economia – antes da chegada da Zona Franca de Manaus. Fibras naturais seriam o sucedâneo dos tempos perdidos com a falta de gestão do poder constituído para a perenidade do Ciclo da Borracha. Nesta semana os supermercados espanhóis aposentaram os sacos plásticos com a adoção das sacolas de algodão, de uso diário, para evitar a contaminação do mar e demais aquíferos com o polietileno. Pois bem, durante muitos anos insistiu com nossa bancada parlamentar, infelizmente diminuta e fragmentado no contexto amazônico, substituir a sacaria de exportação de café e outros produtos agrícolas de exportação com fibras plásticas por sacaria de juta. Isso empinaria definitivamente a atividade. Elas são sustentáveis, resistentes e higiênicas. As fibras regionais consorciadas com algodão, linho e seda, dariam insumos à diversificação à indústria de uniformes profissionais de Manaus, a BDS, Bicho da Seda, uma produção de classe mundial, que é nosso orgulho nativo. Para observar os avanços do maior produtor mundial de juta, a Índia, Dr. Mario apoiou pesquisas comparativas e de inovação tecnológica de alunos das universidades locais. Além da juta e da malva, temos o curauá, as fibras dos tecidos e adereços indígenas, a maioria delas foram objetos de monitoramento e investigação na saga da família Guerreiro.

Tudo pela União de Todos

Por tudo isso, pelo discurso contundente e profético de 10 de agosto de 2019, data de fundação do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, por suas lições e legados, é que todas as homenagens são justas e oportunas para o Dr. Mario Guerreiro, por sua caminhada de dedicação ao Amazonas, a toda região Amazônica, para inserir nossa economia numa política nacional de desenvolvimento, integrados e identificados com a brasilidade. Além das homenagens, da gratidão eterna, temos o dever de ouvir e materializar seus apelos pela União de todos em favor de nossa gente, do fortalecimento de nossa economia e da Interiorização da prosperidade. Muito Obrigado, dileto e eterno presidente de nossa Entidade, Mario Expedito Neves Guerreiro.

*Wilson Périco, economista e empresário, é o atual presidente do CIEAM

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