Funcionário vende na Casa Marín, uma loja de ovos na Cidade do México – Foto: María Martínez/EL PAÍS
Governo isenta 66 produtos da cobrança do imposto por um ano, entre os quais milho, batata, arroz, ovos, entre outros
A administração de López Obrador isentará o pagamento de tarifas sobre a importação de diversos alimentos básicos por um ano para tentar conter a escalada de preços. O decreto publicado nesta segunda-feira no Diário Oficial da Federação estabelece que 66 produtos básicos que integram a casta básica estarão isentos do pagamento de tarifas, entre os quais milho, feijão, batata, arroz, atum, carne de porco, carne de frango, carne bovina, cebola, pimenta jalapeño, farinha de milho, farinha de trigo, ovo, entre outros. A inflação no México atingiu 7,68% em abril, seu nível mais alto nas últimas duas décadas.
O decreto também explica que a medida busca neutralizar os efeitos que a trajetória inflacionária tem sobre os preços de diversas mercadorias. “É necessário e urgente isentar temporariamente o pagamento de impostos de importação para produtos classificados em 66 frações tarifárias que fazem parte da cesta básica e insumos”, indica o decreto que passa a vigorar a partir desta terça-feira, terá validade de um ano e pode ser prorrogado por igual período.
O decreto também isenta temporariamente o pagamento de tarifas na importação de produtos classificados em seis frações tarifárias que fazem parte do consumo das famílias mexicanas: animais vivos das espécies bovina, suína, ovina ou caprina, galos e galinhas. “As medidas previstas neste decreto não exoneram os importadores da obrigação de cumprir todas as regulamentações e restrições não tarifárias às mercadorias”, especifica o Governo.
Juan Carlos Anaya, diretor geral do Grupo Consultores de Mercados Agrícolas (GCMA), destaca que essa média não terá efeitos imediatos para frear a inflação no país, já que os preços das mercadorias em nível global continuam subindo. “No caso do trigo, já estamos abertos para os Estados Unidos e Canadá por causa do Acordo de Livre Comércio, a questão é que os preços continuam altos, não por anunciar a abertura de cotas sem tarifas, porque isso será feito imediatamente. que os preços caiam, não está em nossas mãos”, especifica.
O analista do mercado agrícola prevê que os primeiros efeitos da desoneração tarifária no México começarão a ser observados em quatro ou seis meses. Anaya acrescenta que, além dessas medidas do governo federal, é necessária uma campanha de apoio a todos os grãos do país e, assim, depender menos das importações do exterior. “O que devemos promover é o aumento da oferta, porque é a única forma de os preços caírem, já que o México, sendo o segundo maior importador global, ao importar tanto milho, estamos elevando os preços”, diz.
A desoneração tarifária decretada nesta segunda-feira faz parte da estratégia do Executivo para tentar combater a inflação. No início deste mês, o presidente apresentou o Pacote Contra Inflação e Fome (Pacic), uma bateria de 16 medidas conveniadas com a iniciativa privada, entre as quais estão contempladas também maior produção de grãos, isenção de tarifas sobre fertilizantes e prometem que os preços dos 24 produtos que compõem a cesta básica serão mantidos. No entanto, analistas concordam que a estratégia do governo federal está atrelada à vontade das empresas, pressionará mais as finanças públicas, já ajustadas pelo subsídio à gasolina, e terá impacto moderado na escalada de preços.
Na semana passada, o Banco do México elevou a taxa de juros pela oitava vez consecutiva para atingir 7% , após avaliar as maiores pressões inflacionárias derivadas do impacto do conflito entre Rússia e Ucrânia, que se somou aos choques trazidos pela pandemia do coronavírus.
Fonte: EL PAÍS