Por John Irish e Noemie Olive / Reuters
Centenas de milhares de pessoas foram às ruas para protestar em toda a França, neste sábado (11), buscando manter a pressão sobre o governo contra os planos de reforma previdenciária, incluindo um aumento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos.
Depois de três dias de greves nacionais desde o início do ano, os sindicatos esperam igualar o comparecimento em massa de 19 de janeiro, quando mais de 1 milhão de pessoas marcharam contra os planos.
“Se eles não são capazes de ouvir o que está acontecendo nas ruas e não são capazes de perceber o que está acontecendo com as pessoas, bem, eles não devem se surpreender que isso exploda em algum momento”, disse a enfermeira Delphine Maisonneuve, de 43 anos, à Reuters, no início de um protesto em Paris.
Os franceses passam o maior número de anos aposentados entre os países da OCDE — um benefício que, segundo pesquisas de opinião, uma maioria substancial das pessoas reluta em abrir mão.
O presidente da França, Emmanuel Macron, diz que a reforma é “vital” para garantir a viabilidade do sistema previdenciário.
As primeiras estimativas mostraram que a presença de pessoas em Paris aumentou em cerca de 20% desde o último protesto na terça-feira, informou o jornal Le Figaro.
Os sindicatos esperavam uma grande participação nos primeiros protestos de fim de semana desde o início do movimento e atrair pessoas de todas as idades e origens para mostrar ao governo que a raiva contra a reforma é profunda.
Em uma declaração conjunta antes das marchas de sábado, todos os principais sindicatos pediram que o governo retirasse o projeto de lei.
Eles alertaram que tentariam paralisar a França a partir de 7 de março se suas exigências não fossem atendidas. Uma greve já está marcada para 16 de fevereiro.
Aumentar a idade de aposentadoria em dois anos e estender o período de pagamento renderia 17,7 bilhões de euros adicionais em contribuições anuais para pensões, permitindo que o sistema chegasse ao ponto de equilíbrio até 2027, segundo estimativas do Ministério do Trabalho.
Os sindicatos dizem que há outras maneiras de fazer isso, como tributar os super-ricos ou pedir aos empregadores ou pensionistas abastados que contribuam mais.
“Embora na minha idade eu não seja muito afetado (pela reforma da previdência), é importante estar atento à nossa sociedade, que haja solidariedade, que seja uma sociedade em que as pessoas estejam muito próximas umas das outras, e estar vigilante sobre cuidar não apenas de nossos idosos, mas também de nossas crianças”, disse Kamel Amriou, de 65 anos, um artista gráfico aposentado.