O ano de 2018 é apontado por executivos, analistas e o governo como importante no avanço de projetos para o país não ficar à margem da quarta revolução industrial, também chamada de Indústria 4.0, que se dá pela digitalização e robotização do setor fabril. O maior desafio das empresas, incluindo as do Polo Industrial de Manaus (PIM), reside nos investimentos para acompanhar os novos tempos e a maior capacitação de pessoal. Isso porque a nova revolução exige fábricas automatizadas. De acordo com o diretor executivo de Relações Institucionais da Moto Honda, Paulo Takeuchi, o retorno financeiro será garantido com maior produtividade, agilidade nos processos e maior procura por Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I). Nesta entrevista concedida à revista PIM Amazônia o executivo disse que a fabricante de duas rodas caminha nesta direção. Leia a entrevista a seguir.
PIM Amazônia – Neste ano a Moto Honda da Amazônia completa 42 anos de existência. Como está a preparação da empresa rumo à Indústria 4.0?
PauloTakeuchi – Essa questão é polêmica porque se entrou num modismo 4.0. Na verdade essa questão é uma coisa natural para a Honda, porque há 20 anos trabalhamos com esse conceito, é só uma questão de como se conectar com o mundo externo. Se a empresa não tiver uma preparação interna, de nada adiantaráo conceito de Indústria 4.0. Como nossos processos são bem atualizados, com controles até para a precisão, então é tudo uma questão de reta final.
Que reta final seria essa?
A conectividade com o mundo externo, que são os nossos parceiros, os próprios fornecedores, a cadeia logística e até os clientes. Então, essa fase é a mais complicada e não envolve só a Honda. Obviamente todas as indústrias estão caminhando gradativamente para isso e quem já se preparou anteriormente, como é o nosso caso, vai ser mais fácil implantar o programa total.
Segundo a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), ligada ao Ministério da Indústria e Comércio (MDIC), hoje menos de 2% das empresas estão inseridas nesse conceito. Mas a expectativa é que, em dez anos, 15% das indústrias atuem no conceito da Indústria 4.0, que se dá principalmente pela digitalização e robotização, estejam preparadas.Como o senhor avalia essa questão?
Como falei anteriormente, gradativamente as empresas vão se adequar ao processo. Na Indústria 4.0, a informática e a tecnologia vão substituir alguns postos de trabalho. Porém, por trás da tecnologia se necessita de pessoas humanas que vão estar programando, controlando etc. Na verdade, o perfil da mão de obra é que tem que mudar, ou seja, se qualificar cada vez mais para poder estar dominando as novas ferramentas que estão vindo.
Então, é possível a Honda voltar a gerar 11mil postos de trabalho no PIM?
A fabricação de motocicletas tem uma particularidade muito grande. É obvio que ao longo dos anos procuramos automatizar, principalmente as áreas mais críticas para o ser humano. Quando a Honda gerava 11mil postos de trabalho já eram automatizadas áreas como solda e pinturas consideradas insalubres em relação às demais, tanto é que esses ambientes eram bem melhor para trabalhar. Na verdade,os robôs e algumas automações vieram para amenizar e melhorar essas questões insalubres.Por outro lado, nós temos várias áreas em que a mão de obra é indispensável. Se pegarmos a linha de montagem do produto final nunca vamos ter automação industrial para substituir essa mão de obra, portanto,mesmo com a automação, parte vai continuar, tudo é uma questão do processo. Em todas as áreas se tem necessidade da pessoa humana para fazer funcionar. Enfim, talvez ao invés de termos 11 mil trabalhadores, tenhamos um pouco menos, mas é preciso ter uma equipe interna qualificada para poder alimentar a tecnologia.
Recentemente a Honda foi homenageada no parlamento estadual como parte das comemorações de aniversário. Como empresa de origem japonesa recebe essa homenagem?
Com muita alegria, afinal são 42 anos na Zona Franca de Manaus (ZFM) dedicados a produção da mais alta qualidade, gerando emprego e renda. A gente fica contente com esse reconhecimento. Mas o desafio continua, não é por causa desse reconhecimento que nós ficamos tranquilos. Na verdade, há muito a que ser feito, ainda, porque o que move a gente são os desafios para outras etapas. Queremos mais vezes conquistar esse reconhecimento para estar aprimorando ainda mais a nossa tecnologia.
A Abraciclo tem divulgado números de crescimento de 5% para 2018. Esse percentual é de bom tamanho para o setor em 2018?
Se considerarmos que em 2017 nós tivemos uma queda em relação a 2016 e a gente fala de uma perspectiva de crescimento de 5%, já é algo significativo. Menos alguma coisa – acho que foi menos 7% com mais 5%, dá 12% de crescimento. Então acho que se atingirmos esse crescimento já é um bom início de recuperação, mas ainda está longe do que era no passado.
Com relação aos empregos perdidos, tem possibilidade de recuperação?
Acho que sim, mas a longo prazo. Todas as indústrias tiveram que se acomodar num patamar. Mesmo assim, a gente teve ociosidade de produção e, consequentemente,de mão de obra também. Nesse instante, esse aumento no volume de produção vai ajudar um pouco a reduzir ociosidade, mas se o volume de crescimento for maior, quem sabe lá na frente a gente possa pensar em recrutamento de mão de obra.
Em termos de produtos, a Honda tem propostos novos lançamento para 2018/2019?
Sempre teremos novidades, porque o cliente sempre estará à procura de produtos, de novidades e a Honda sem dúvida vai estar preparada para isso. Só que não posso revelar nada ainda.
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Por Margarida Galvão
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