Mudanças: é prudente esperar

Há um clima extremamente satisfatório com as promessas do novo governo, embora algumas dificuldades típicas dos marinheiros de primeira viagem já se façam sentir. Por isso mesmo, faz sentido a pergunta lapidar do empresário e professor universitário Augusto Rocha publicada nesta terça-feira: “Onde estão os estímulos para o fim da crise?”. Claro que não se pode reconhecer que não há fim da crise com o agravamento do desemprego. E é exatamente essa reflexão que Augusto faz para empresários, atores públicos, analistas da paisagem econômica e da inserção política no dia a dia da nação. Neste caso, danação não é apenas cacófato muito menos coincidência… é a paisagem reinante. Receitas não nos faltam. Disposição política também, mas tudo ainda segue nebuloso no mar de promessas em que precisamos navegar… por isso, e para não misturar otimismo com inocência, é prudente esperar.

Planalto debate ZFM e sua importância para o Brasil

No próximo dia 11, no Auditório do Edifício Sede do TCU, um seminário de extrema importância para a economia do Amazonas e da Amazônia Ocidental vai debater a “Importância da ZFM para o crescimento do país”, promovido pelo próprio TCU, Correio Brasiliense, Academia Brasileira de Direito Tributário e Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial. Os participantes vão debater, entre outros avanços, os estudos da FGV sobre a Efetividade do Programa ZFM. São 52 anos de acertos, mas também de desconhecimento e perseguição. Alguns detratores foram capazes de se penitenciar pelos próprios enganos, enquanto outros se calaram após entender e conferir a lógica dos avanços deste que é o maior acerto de política fiscal da história da República.

Intuições e proposições

Com insistência e em várias publicações de entrevistas e artigos, o presidente do CIEAM, Wilson Périco, cansou de repetir que, com este cabedal de acertos ( geração de empregos na região e no país, proteção florestal, serviços ambientais e a devolução de até R$ 3 reais para cada real supostamente renunciado na região, para citar alguns ), nós não somos parte do problema fiscal do país e sim um potencial extraordinário de contribuições e saídas para o país tirar o pé da inépcia gerencial que nos descreve como nação. Wilson gritou por métricas, denunciou a maquiagem dos dados obtidos em moeda Brasil e repassados como verdade e ufanismo pela Suframa, enquanto as métricas em dólar revelavam outro cenário. Afinal, nossa economia estava sendo estrangulada porque foi transformada em corredor de exportação de recursos para o governo federal. Os estudos da FGV, entretanto, vieram confirmar suas intuições e proposições. A intuição de que a segurança jurídica é frequentemente usurpada e a proposição de que a riqueza aqui produzida tem que ser aqui aplicada.

Oportunidades e embargos das saídas para o crescimento

Para finalizar as reflexões de hoje, voltamos a Augusto Rocha, suas inquietantes reflexões sobre o que fazer. “As oportunidades de crescimento no país são expressivas, se houver concentração na geração de riqueza e facilitação dos métodos de produção. Entretanto, segue-se o raciocínio de maior regulagem e conjunto de barreiras. Passar na frente de shopping centers hoje em dia, impressiona pela quantidade de pessoas com os celulares nas mãos esperando um carro de aplicativo (Uber, 99 etc.). O que se verifica é que inovações atraem mais oportunidades. Entretanto, ao aparecer a inovação, surge logo um olhar sobre como regular. Como sairemos desta armadilha de ineficiência? Quais os convites para fazer que existem hoje? Quais as áreas prioritárias para o desenvolvimento? Seguimos sem clareza. Muito é dito sobre estímulo, mas o que realmente está sendo feito para estimular a economia? Larry Summers (Universidade de Harvard) publicou em 2016 um artigo sobre a Era da Estagnação Secular, concluindo que mitigar a estagnação econômica é algo de profunda importância em meio a achados econômicos. Em outro texto seu, publicado com J. Bradford Delong (Universidade de Berkeley) sobre Políticas Fiscais em uma Economia Deprimida, há a indicação que as taxas de juros ficam próximas de zero, para fazer estímulos, o que tem sido a prática nos países desenvolvidos. Entretanto, não podemos adotar esta política porque deve haver um “prêmio” pelo maior risco associado ao país”.

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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]

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