Da Redação, com informações do Inmet e Agência Brasil
Em um cenário preocupante de seca em vários pontos da Amazônia, a previsão do tempo para o mês de novembro, divulgada esta semana pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), não é das mais animadoras. Tudo indica que a chuva será abaixo da média na maior parte da região Norte, onde se encontra também a maior parte do bioma.
Segundo o Inmet, os estados de Roraima, Amapá, centro norte do Amazonas e do Pará e Tocantins terão volumes de chuva inferiores a 80 milímetros (mm). A única área onde o volume será maior é no sul da Região Norte, onde a chuva pode ultrapassar os 180 mm.
Até o dia 6 de novembro, estão previstas chuvas em forma de pancadas durante a semana, porém em baixos volumes (maiores que 40 mm) no oeste do Amazonas e, pontualmente, em áreas do Acre, Roraima, Pará e Tocantins, devido ao calor e alta umidade. Nas demais áreas da região, haverá predomínio de tempo seco e sem chuva. Já entre 7 e 15 de novembro, os acumulados serão acumulados maiores que 60 mm no centro e oeste do Amazonas, Roraima, Acre, Pará e Tocantins. Nas demais áreas, a previsão é de baixos acumulados de chuva.
Nordeste – Até o dia 6 de novembro, em grande parte da Região Nordeste, a previsão é de tempo seco e sem chuva, além de baixos valores de umidade relativa, principalmente na parte central e leste da região. Em áreas do Matopiba (área que abrange os estados do Maranhão, Tocantins – no Norte – , Piauí e Bahia), não se descarta chuva localizada e passageira entre os dias 1º e 3. A partir do dia 04/11, a expectativa é de aumento dos acumulados de chuva devido à possível formação de um canal de umidade.
Entre 7 e 15 de novembro, a previsão é de acumulados de chuva localmente expressivos em áreas do centro-sul da Bahia. Em áreas do Matopiba podem ocorrer pancadas de chuva passageiras. Por outro lado, a previsão é de tempo seco e sem chuva no nordeste da região.
Outras regiões – A previsão do Inmet é que em grande parte das regiões Centro-Oeste e Sudeste, haja chuva acima da média e a volta da chuva em áreas do sudeste de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Espírito Santo, com volumes que podem superar 200 mm.
Para a Região Sul, que há meses vem enfrentando chuvas fortes e enchentes, especialmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a previsão é de chuva acima da média em todo o território, principalmente no oeste desses dois estados, onde os volumes podem ficar acima de 160 mm.
Temperaturas serão acima da média em grande parte do Brasil
O mês de novembro será marcado pelo calor em todo o Brasil, com temperaturas que devem ficar acima da média em grande parte do país, principalmente em áreas do Mato Grosso, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí e oeste da Bahia. Nestas localidades, os termômetros podem superar os 28 graus Celsius (ºC).
No Sul e Sudeste do país, as chuvas podem amenizar o calor e os termômetros poderão marcar temperaturas inferiores a 24°C.
El Niño 2023 – Até o dia 16 de novembro, o fenômeno climático El Niño poderá provocar grandes volumes de chuvas que contribuirão para elevar os níveis de água no solo, com valores superiores a 90%, ocasionando encharcamento do solo no Sul do País.
Além desta região, o El Niño provocará chuvas acima da média ainda sobre o noroeste e oeste da região Norte, além de áreas centrais do Brasil, como o centro-sul de Mato Grosso do Sul e alguns pontos dos estados da região Sudeste. Em algumas dessas áreas, a umidade no solo poderá alcançar valores acima de 80%.
Nas demais regiões do país, o El Niño acentuará as condições de secas maiores do que o normal, com destaque para o bioma amazônico, principalmente no centro-leste da região, onde a influência do fenômeno é maior.
A previsão dos impactos deste evento natural são do Inmet e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em parceria com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastre (Cenad).
A meteorologista do Inmet, Naiane Araújo, disse à Agência Brasil que o El Niño deve ter seus efeitos percebidos ainda por alguns meses, em uma intensidade moderada, devido ao aquecimento das águas no Oceano Atlântico, próximas à linha do Equador.
“Neste primeiro momento, a previsão é que passemos toda a primavera com os efeitos do El Niño e que ele continue ao longo do nosso verão. E sentimos o reflexo no nosso país, com chuvas lá no Sul e uma diminuição das chuvas mais ao Norte. E aqui, na área central do Brasil, com o fenômeno configurado, há uma certa irregularidade da chuva, mas não tem um impacto tão bem definido.”
Sobre as fortes chuvas que atingiram, sobretudo, os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina em setembro e outubro, a meteorologista do Inmet explica que são consequências das mudanças climáticas do planeta. Para ela, o El Niño veio potencializar a situação.
“Temos vivenciado, cada vez mais eventos extremos: as chuvas estão ficando cada vez mais agressivas, mais volumosas e as secas mais severas, os frios mais intensos. Então, há episódios de eventos extremos já cada vez mais recorrentes e, em um ano de influência do El Niño no Sul, essa situação veio a se potencializar. Ele foi um ingrediente a mais.”
Impactos na agricultura – De acordo com as previsões do Inmet sobre possíveis impactos das condições meteorológicas de novembro na safra agrícola 2023/24, os baixos volumes de chuva nas áreas do Matopiba manterão baixos os níveis de água no solo, exceto em áreas do sul do Tocantins e extremo oeste da Bahia, onde haverá uma ligeira recuperação da umidade no solo. Com isso, o desenvolvimento inicial dos cultivos de primeira safra que já estão em andamento, em novembro, poderá ser impactado.
O Inmet aponta ainda que, em grande parte do Brasil central, o retorno das chuvas será importante para recuperar o armazenamento de água no solo, especialmente em áreas do norte de Mato Grosso e de Goiás, bem como para o início da safra de grãos. No Mato Grosso do Sul, São Paulo e sul de Minas Gerais e de Goiás, a umidade no solo será suficiente para suprir as necessidades das fases iniciais da safra 2023/24.
Em algumas áreas da região Sul, o excesso de chuva e o consequente encharcamento do solo, poderão impactar na colheita dos cultivos iniciados no inverno e mais: impedirá a continuidade do plantio de sementes referentes aos cultivos de primeira safra, alertou o Inmet.