De acordo com a B3, 48% dos investidores que entram no mercado de ações estão na faixa de 25 a 39 anos
Num cenário de juros elevados, onde a tendência é do investidor correr para a renda fixa, a renda variável se mostrou resiliência e manteve o ritmo de crescimento. Entre julho de 2021 e junho de 2022, a entrada de 1,25 milhão de novos investidores fez a quantidade de CPFs saltar 40%, de 3,15 milhões para 4,40 milhões de pessoas.
Esses dados são do último estudo da B3, a bolsa de valores do Brasil, sobre a evolução dos investidores em renda fixa e variável. O levantamento, relativo ao segundo trimestre de 2022, traz diversas análises e destaques sobre a pessoa física.
A pesquisa ainda aponta que o investidor está buscando diversificação da carteira. No Brasil, com a taxa básica de juros (Selic) de 13,75% ao ano, a expansão dos investimentos em renda fixa continua sendo mais favorecida.
Porém, com uma visão no longo prazo, o investidor mantém posições em renda variável. O número de investidores em ações cresceu 15% no último ano, passando de 2,8 milhões para 3,2 milhões de CPFs.
De acordo com Felipe Paiva, diretor de Relacionamento com Clientes e Pessoa Física da B3, esses dados mostram que o crescimento do número de investidores em bolsa ainda manteve a tendência de alta e sugerem que os investidores não se desfizeram de suas posições em renda variável.
“Mesmo em meio a uma fase de maior volatilidade e aumento expressivo das taxas de juros, o mercado de ações continua aquecido. Mais informados, eles têm preferido manter um portfólio diversificado, combinando ativos de renda fixa e renda variável, de olho no longo prazo”, observa.
Os dados da B3 mostram que a maior parte dos investidores entra no mercado de equities na faixa abaixo dos 40 anos. Somente no segundo trimestre de 2022, 11% dos investidores da bolsa têm até 24 anos e outros 50% têm entre 25 e 39 anos.
Quando analisamos as regiões, Norte e Nordeste são as campeãs em novos investidores. Sudeste concentra o maior número de investidores, com 2,5 milhões de CPFs.
Por outro lado, é a região que apresentou o menor crescimento relativo quando comparamos 2018 com 2022: alta de +435%. O destaque para o crescimento das regiões está no Norte, registrando um salto de 1.103% de novos investidores, e Nordeste, com uma alta de 806% de novos registros de CPFs.
Fundos Imobiliários
Ainda sobre a renda variável, os fundos imobiliários viram a quantidade de cotistas crescer 23%, de 1,4 milhão para 1,7 milhão de CPFs, enquanto o valor em custódia aumentou 12%, para R$ 101 bilhões, nos últimos 12 meses. As pessoas físicas detêm 74% do volume investido no produto.
BDRs
Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts, recibos de ações de empresas estrangeiras que podem ser adquiridos no Brasil) continuam apresentando crescimento, na esteira do interesse do investidor por diversificação geográfica.
O número de CPFs saltou 422%, com 1,3 milhão de novos entrantes, totalizando quase 1,6 milhão de investidores no produto. O valor em custódia subiu 21% em 12 meses, para R$ 6,7 bilhões, enquanto o saldo mediano caiu de R$ 1.899 para R$ 71.
ETFs
Os ETFs (Exchange Traded Funds), fundos de investimento cujas carteiras espelham a composição de um índice de referência, registraram acréscimo de 22% no número de investidores, que chegou a 536 mil CPFs. Por outro lado, o valor custodiado caiu 15%, para R$ 8 bilhões.
Com pouco mais de nove meses de vida, o Fiagro (Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais) está desenhando uma trajetória de crescimento. Os 8 mil CPFs de outubro de 2021 viraram 65 mil em junho de 2022, um salto de 712,5%.
O saldo mediano do produto, que era de R$ 20 mil no trimestre anterior, caiu pela metade, para R$ 10 mil. Mas ainda é o dobro do registrado nos FIIs, produto com o qual guarda muitas semelhanças, como a vocação para as pessoas físicas, que respondem por 94% do volume investido.
Já os ETFs de criptoativos lançados em abril de 2021 tiveram um aumento de 217% no número de CPFs. As pessoas físicas respondiam por 64% do volume investido em março de 2022 e agora já detêm 68%. O saldo mediano diminuiu de R$ 1.300 no trimestre passado para R$ 600.
Renda Fixa
Ainda de acordo com o levantamento da B3, os juros em alta ampliaram a rentabilidade do Tesouro Direto, que vem acompanhando a tendência de crescimento da renda fixa. Nos últimos 12 meses, houve alta de 29% na quantidade de investidores do produto, que passou de 1,6 milhão para 2 milhões de CPFs.
O valor em custódia cresceu 30%, de R$ 68,5 bilhões para R$ 88,8 bilhões, enquanto o saldo mediano encolheu 3%, para R$ 2.400.
Entre dezembro de 2021 e junho de 2022, os CDBs tiveram um incremento de 21% na quantidade de CPFs (que subiu de 7,2 milhões para 8,7 milhões de pessoas) e de 15% no volume investido, que chegou a R$ 562,8 bilhões.
No mesmo período, as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) foram o produto de renda fixa que teve a maior expansão: ganharam 50% em número de CPFs e 51% em volume investido. Depois, vieram os CRIs (Certificados Recebíveis Imobiliários), com incremento de 30% nos dois quesitos.
As LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) registraram alta de 21% em quantidade de CPFs e 27% em volume investido. Nos mesmos itens, as debêntures subiram 20% e 25%, respectivamente; os COEs (Certificados de Operações Estruturadas) ganharam 19% de investidores a mais e 22% no volume investido; e os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) acrescentaram 19% de CPFs à sua base de investidores e cresceram 15% em volume.
Igualmente beneficiadas pelo cenário de elevação da taxa básica de juros, as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro, também conhecidas como Tesouro Selic), indexadas à Selic, tiveram um salto no 2º trimestre de 2022.
O título, que tinha R$ 1,3 bilhão de saldo em 2013, passou a contabilizar quase R$ 28 bilhões em junho de 2022, uma alta de 2.053% em quase 9 anos. O produto responde por 32% de todas as alocações em Tesouro Direto, a maior participação já registrada pelo papel.
Fonte: CNN